A Nossa Candeia: "Presunção e Água Benta...

18-12-2009
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... cada um toma a que quer!" - vox populi dixit... lema de aplicação diversa, de natureza plástica, ocorreu-me hoje a propósito da entrevista de Francisco Louçã ao Jornal I (a ler aqui)... uma leitura rápida do que Louçã veio a público dizer, conduz-nos inevitavelmente à constatação de que, efectivamente, qualquer que seja o quadrante político em que pensam ou dizem mover-se, os protagonistas partidários são vítimas do que, também vox populi dixit a propósito do poder: "lhes sobe à cabeça"... na verdade, como podemos interpretar meia dúzia de observações que aqui proponho à reflexão, sem prejuízo de uma posterior análise? Por exemplo, que legitimidade confere um (apenas um, sublinho) resultado eleitoral, resultante de umas eleições específicas, marcadas por uma extraordinária abstenção e pelo facto de não comprometerem os eleitores com um voto de confiança para a governação nacional, ao ponto de se afirmar, sem aparente margem para dúvidas, que o BE é a terceira força político-partidária nacional? A humildade, a prudência e a consciência democráticas aconselhariam a que, antes desta contundência, se aguardassem os resultados das Legislativas e, mais ainda, os das Autárquicas... ou não?... O que pode justificar a previsão categórica de que: "(... ) O PSD não pode ganhar as eleições. Não tem condições nenhumas para ganhar as eleições.(...)" senão um exercício de puro oportunismo político que hipoteca os meios aos fins, para retirar votos ao PS sob pena de contribuir decisivamente para a criação das tais condições necessárias à reedição de vitória neoliberal de má-memória dos tempos do cavaquismo e do "barrosismo-santanista"? Seria de esperar que a Esquerda consciente e responsável preferisse minimizar a vitória da direita que grassa, como uma ameaça, por toda a Europa, da Holanda à Itália, à Austria e à República Checa com o crescimento da extrema-direita... ou não? O que implica a afirmação formulada, em tom definitivo, da indisponibilidade para a governação com os socialistas, que se não esgote na recusa do comprometimento com as soluções governativas, a não ser que o combate ao Partido Socialista é uma prioridade do BE, apesar disso poder significar o agravamento do carácter liberal das previsíveis medidas políticas que uma eventual vitória do PSD significaria? Denota afinal que o crescimento da sua representação parlamentar é mais importante do que a defesa do interesse público... ou não? O que significa, no contexto de uma organização económico-social destituída de aparelho produtivo, a defesa da nacionalização de sectores estratégicos, contraposta à assertiva descrença e condenação da regulação do mercado? O esvaziamento das dinâmicas do mercado económico, a condenação da reforma da sua regulação e a defesa do centralismo do Estado na economia... ou não? Como interpretar a defesa da saída da Nato e o fim da integração das forças multilaterais em contextos de guerra, num tempo em que a interdependência e a globalização de problemas e soluções apela à união de todos, no quadro de consensos construídos e afirmados pelas Nações Unidas... Como perspectivar toda a doutrina panfletária qua apela a uma "esquerda grande"(?!), sem a menor referência à realidade portuguesa no que se refere às inexistentes condições de produção e ao nulo aparelho produtivo nacional?... pois... fazer política é muito mais do que produzir demagogia... até porque, fazer política e participar na governabilidade, são atitudes que não interessam à auto-promoção narcisista que tem desculpa, apenas e só em curtissimos espaços de tempo, enquanto se não consegue olhar em volta, de forma justa e inteligente... e avaliar o risco, procedendo em conformidade... porque é bom não esquecer: a crença não tem solução para os problemas objectivos das condições de vida das pessoas e a invenção de super-heróis é uma brincadeira que se não pode, de todo, levar a sério!...


... cada um toma a que quer!" - vox populi dixit... lema de aplicação diversa, de natureza plástica, ocorreu-me hoje a propósito da entrevista de Francisco Louçã ao Jornal I (a ler aqui)... uma leitura rápida do que Louçã veio a público dizer, conduz-nos inevitavelmente à constatação de que, efectivamente, qualquer que seja o quadrante político em que pensam ou dizem mover-se, os protagonistas partidários são vítimas do que, também vox populi dixit a propósito do poder: "lhes sobe à cabeça"... na verdade, como podemos interpretar meia dúzia de observações que aqui proponho à reflexão, sem prejuízo de uma posterior análise? Por exemplo, que legitimidade confere um (apenas um, sublinho) resultado eleitoral, resultante de umas eleições específicas, marcadas por uma extraordinária abstenção e pelo facto de não comprometerem os eleitores com um voto de confiança para a governação nacional, ao ponto de se afirmar, sem aparente margem para dúvidas, que o BE é a terceira força político-partidária nacional? A humildade, a prudência e a consciência democráticas aconselhariam a que, antes desta contundência, se aguardassem os resultados das Legislativas e, mais ainda, os das Autárquicas... ou não?... O que pode justificar a previsão categórica de que: "(... ) O PSD não pode ganhar as eleições. Não tem condições nenhumas para ganhar as eleições.(...)" senão um exercício de puro oportunismo político que hipoteca os meios aos fins, para retirar votos ao PS sob pena de contribuir decisivamente para a criação das tais condições necessárias à reedição de vitória neoliberal de má-memória dos tempos do cavaquismo e do "barrosismo-santanista"? Seria de esperar que a Esquerda consciente e responsável preferisse minimizar a vitória da direita que grassa, como uma ameaça, por toda a Europa, da Holanda à Itália, à Austria e à República Checa com o crescimento da extrema-direita... ou não? O que implica a afirmação formulada, em tom definitivo, da indisponibilidade para a governação com os socialistas, que se não esgote na recusa do comprometimento com as soluções governativas, a não ser que o combate ao Partido Socialista é uma prioridade do BE, apesar disso poder significar o agravamento do carácter liberal das previsíveis medidas políticas que uma eventual vitória do PSD significaria? Denota afinal que o crescimento da sua representação parlamentar é mais importante do que a defesa do interesse público... ou não? O que significa, no contexto de uma organização económico-social destituída de aparelho produtivo, a defesa da nacionalização de sectores estratégicos, contraposta à assertiva descrença e condenação da regulação do mercado? O esvaziamento das dinâmicas do mercado económico, a condenação da reforma da sua regulação e a defesa do centralismo do Estado na economia... ou não? Como interpretar a defesa da saída da Nato e o fim da integração das forças multilaterais em contextos de guerra, num tempo em que a interdependência e a globalização de problemas e soluções apela à união de todos, no quadro de consensos construídos e afirmados pelas Nações Unidas... Como perspectivar toda a doutrina panfletária qua apela a uma "esquerda grande"(?!), sem a menor referência à realidade portuguesa no que se refere às inexistentes condições de produção e ao nulo aparelho produtivo nacional?... pois... fazer política é muito mais do que produzir demagogia... até porque, fazer política e participar na governabilidade, são atitudes que não interessam à auto-promoção narcisista que tem desculpa, apenas e só em curtissimos espaços de tempo, enquanto se não consegue olhar em volta, de forma justa e inteligente... e avaliar o risco, procedendo em conformidade... porque é bom não esquecer: a crença não tem solução para os problemas objectivos das condições de vida das pessoas e a invenção de super-heróis é uma brincadeira que se não pode, de todo, levar a sério!...

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