«Posição do FMI não é a posição do Governo»

22-05-2011
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Louçã confronta Sócrates com carta de Teixeira dos Santos sobre «grande» redução da Taxa Social Única. Líder do PS recusa

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Última actualização às 22:59

José Sócrates e Francisco Louçã passaram 50 minutos envolvidos num debate, por vezes muito técnico, marcado pelas questões do líder do BE sobre a Taxa Social Única (TSU) e pela citação de uma carta de Teixeira dos Santos ao FMI, em que há um compromisso de uma «grande» redução desta taxa, já no próximo ano. Sócrates defendeu-se e chegou mesmo a dizer que a sua posição é diferente da da troika internacional.

«O FMI tem uma posição. Não é a posição do Governo. A posição do Governo sempre foi, e continua a ser, que qualquer redução da Taxa Social Única deveria ser feita quando houvesse margem orçamental», disse José Sócrates, recusando qualquer descida desta taxa de forma semelhante ao defendido pelo PSD e que apenas há o compromisso do estudo para a redução, que será objecto de «negociação posterior».

«Aquilo que o Governo negociou com troika está no memorando de entendimento e nada mais do que isso», apontou, salientando que apesar do desejo de uma redução desta taxa, a sua concretização de acordo com o que pretende o PSD significaria um «aumento de impostos». «Aumentar o IVA para reduzir o TSU. É esse mix com que não posso concordar».

Francisco Louçã foi sempre exigindo que José Sócrates apresentasse detalhes sobre este tema. Mas o socialista escudou-se nas indefinições desta medida, por ainda necessitar de «estudo». O líder do BE acusou, então, Governo de fazer «tudo em cima do joelho», por «apresentar ao FMI uma proposta e não a estudou». «Vai propor uma medida e não nos quer dizer qual», atirou, avisando para a possibilidade da subida da inflação penalizar ainda mais os mais pobres.

Para Louçã, se se chegar com uma taxa de inflação de quatro por cento ao final do ano e no próximo ela se repetir, somando a um cenário de congelamento de pensões, «quer dizer que pensionistas perderam o subsídio de Natal».

Reestruturação da dívida

Durante o debate, tanto José Sócrates como Francisco Louçã dividiram-se ainda sobre a forma de fazer face à crise financeira. O líder bloquista apontou para a Grécia e para a Irlanda como exemplos dos efeitos de uma «tragédia económica» e chegou mesmo a citar a revista «Economist» para defender a necessidade de uma reestruturação da dívida pública.

Louçã explicou que este plano passaria por «dizer aos credores que cobram 10 por cento por emissões do último ano» que se terá de pagar «juros mais baixos com prazos mais dilatados». «Os que falam de reestruturação não sabem do que estão a falar», respondeu Sócrates, apontando que a mensagem que se enviaria aos credores seria a de um «calote», que colocaria Portugal e as suas empresas numa «lista negra». «Isso seria pagar com miséria, desemprego e falências».

Durante o debate, transmitido pela SIC, ambos os líderes partidários reclamaram-se como defensores de esquerda. José Sócrates quase sempre em relação às políticas do PSD - mas mesmo assim a acusar o BE de ter sido «a muleta da direita para abrir a crise política com a moção de censura» -; Francisco Louçã alargando o plano. «Há uma aliança já feita entre PS, PSD e CDS», disse. «O BE quer vencer essa política».

Questionado sobre se aceitaria um eventual acordo com o PS para governar, Louçã fugiu a uma resposta clara. Não fechou a porta. Mas não se percebeu se há uma porta aberta. «Não há esse convite», afirmou, anotando que as suas propostas são dirigidas «aos homens e mulheres de esquerda», entre eles os «desiludidos».

Louçã confronta Sócrates com carta de Teixeira dos Santos sobre «grande» redução da Taxa Social Única. Líder do PS recusa

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José Sócrates e Francisco Louçã passaram 50 minutos envolvidos num debate, por vezes muito técnico, marcado pelas questões do líder do BE sobre a Taxa Social Única (TSU) e pela citação de uma carta de Teixeira dos Santos ao FMI, em que há um compromisso de uma «grande» redução desta taxa, já no próximo ano. Sócrates defendeu-se e chegou mesmo a dizer que a sua posição é diferente da da troika internacional.

«O FMI tem uma posição. Não é a posição do Governo. A posição do Governo sempre foi, e continua a ser, que qualquer redução da Taxa Social Única deveria ser feita quando houvesse margem orçamental», disse José Sócrates, recusando qualquer descida desta taxa de forma semelhante ao defendido pelo PSD e que apenas há o compromisso do estudo para a redução, que será objecto de «negociação posterior».

«Aquilo que o Governo negociou com troika está no memorando de entendimento e nada mais do que isso», apontou, salientando que apesar do desejo de uma redução desta taxa, a sua concretização de acordo com o que pretende o PSD significaria um «aumento de impostos». «Aumentar o IVA para reduzir o TSU. É esse mix com que não posso concordar».

Francisco Louçã foi sempre exigindo que José Sócrates apresentasse detalhes sobre este tema. Mas o socialista escudou-se nas indefinições desta medida, por ainda necessitar de «estudo». O líder do BE acusou, então, Governo de fazer «tudo em cima do joelho», por «apresentar ao FMI uma proposta e não a estudou». «Vai propor uma medida e não nos quer dizer qual», atirou, avisando para a possibilidade da subida da inflação penalizar ainda mais os mais pobres.

Para Louçã, se se chegar com uma taxa de inflação de quatro por cento ao final do ano e no próximo ela se repetir, somando a um cenário de congelamento de pensões, «quer dizer que pensionistas perderam o subsídio de Natal».

Reestruturação da dívida

Durante o debate, tanto José Sócrates como Francisco Louçã dividiram-se ainda sobre a forma de fazer face à crise financeira. O líder bloquista apontou para a Grécia e para a Irlanda como exemplos dos efeitos de uma «tragédia económica» e chegou mesmo a citar a revista «Economist» para defender a necessidade de uma reestruturação da dívida pública.

Louçã explicou que este plano passaria por «dizer aos credores que cobram 10 por cento por emissões do último ano» que se terá de pagar «juros mais baixos com prazos mais dilatados». «Os que falam de reestruturação não sabem do que estão a falar», respondeu Sócrates, apontando que a mensagem que se enviaria aos credores seria a de um «calote», que colocaria Portugal e as suas empresas numa «lista negra». «Isso seria pagar com miséria, desemprego e falências».

Durante o debate, transmitido pela SIC, ambos os líderes partidários reclamaram-se como defensores de esquerda. José Sócrates quase sempre em relação às políticas do PSD - mas mesmo assim a acusar o BE de ter sido «a muleta da direita para abrir a crise política com a moção de censura» -; Francisco Louçã alargando o plano. «Há uma aliança já feita entre PS, PSD e CDS», disse. «O BE quer vencer essa política».

Questionado sobre se aceitaria um eventual acordo com o PS para governar, Louçã fugiu a uma resposta clara. Não fechou a porta. Mas não se percebeu se há uma porta aberta. «Não há esse convite», afirmou, anotando que as suas propostas são dirigidas «aos homens e mulheres de esquerda», entre eles os «desiludidos».

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