VALE A PENA LUTAR !: O candidato e o mandatário trabalharam bem

20-05-2011
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Quando deflagrou o pesadelo da Casa Pia e o arguido Carlos Silvino foi detido, o País reagiu em uníssono, exigindo a punição exemplar, não apenas do arguido, mas de todos os envolvidos, por se tratar de “uma vergonha, um escândalo sem precedentes”. Nos diversos meios de comunicação social, os comentadores denunciavam a cumplicidade com a pedofilia, “através do silêncio” e da “vista grossa dos poderes diversos”, e garantiam que as respectivas consciências não consentiriam, “num caso onde as vítimas são crianças indefesas”, que os culpados deixassem de ser punidos. António Costa surgiu como guardião indómito do templo que antes tutelara: declarando confiar no “funcionamento normal das instituições”, defendeu que se deve “confiar” na acção da Justiça, “independentemente de quem está em causa” e verberou os que antes se queixavam da inacção da Justiça e agora se queixam “quando as instituições estão a actuar.” Contudo, depois da detenção de Pedroso, o PS tudo fez para conferir ao caso um cariz político. Os seus principais dirigentes rasgaram subitamente os princípios que durante décadas juraram defender, manifestaram-se incrédulos, impuseram a inocência do correligionário político e iniciaram um vendaval de intrigas, estratagemas e mistificações que os há-de tingir de vergonha para toda a vida. Relembremos: no dia 21 de Maio de 2003, Ferro Rodrigues e António Costa, líder do grupo parlamentar socialista, acompanharam Paulo Pedroso na conferência de imprensa convocada pelo PS e que decorreu nas instalações da Assembleia da República. "Tenho a certeza absoluta da sua inocência", afirmou Ferro e manifestou-se "indignado e totalmente solidário com Paulo Pedroso", informando que o PS iria reunir durante essa tarde o secretariado nacional. No dia seguinte, António Costa viria a falar de “cabala”, atribuindo-lhe a prisão preventiva de Pedroso, em cuja inocência se afirmou também absolutamente crente. Segundo defendeu, a “cabala” fora criada contra o Partido Socialista e a credibilidade do processo em investigação. No dia em que Paulo Pedroso foi conduzido ao DIAP, António Costa nem do então bastonário da Ordem dos Advogados e actual mandatário se esqueceu, e apressou-se a comunicar a Ferro que estava a chegar a “casa do Júdice” e, coisa espantosa, transmite ao líder partidário que “uma testemunha da judiciária” não é “fiável”, mostrando assim saber quem são as testemunhas do processo. Como adquiriu este conhecimento? Mais tarde, pelas 20h30, António Costa confidencia a Ferro Rodrigues que conversou com “o Júdice” sobre um documento, e os dois rejubilam com as “excelentes declarações” que o bastonário transmitiu à SIC, nesse mesmo dia. Considero que as declarações que, ao longo de todo o processo da Casa Pia, Júdice foi proferindo, tomando sempre o partido dos arguidos influentes, devem ser lidas à luz desta visita que Costa oportunamente lhe fez.


Quando deflagrou o pesadelo da Casa Pia e o arguido Carlos Silvino foi detido, o País reagiu em uníssono, exigindo a punição exemplar, não apenas do arguido, mas de todos os envolvidos, por se tratar de “uma vergonha, um escândalo sem precedentes”. Nos diversos meios de comunicação social, os comentadores denunciavam a cumplicidade com a pedofilia, “através do silêncio” e da “vista grossa dos poderes diversos”, e garantiam que as respectivas consciências não consentiriam, “num caso onde as vítimas são crianças indefesas”, que os culpados deixassem de ser punidos. António Costa surgiu como guardião indómito do templo que antes tutelara: declarando confiar no “funcionamento normal das instituições”, defendeu que se deve “confiar” na acção da Justiça, “independentemente de quem está em causa” e verberou os que antes se queixavam da inacção da Justiça e agora se queixam “quando as instituições estão a actuar.” Contudo, depois da detenção de Pedroso, o PS tudo fez para conferir ao caso um cariz político. Os seus principais dirigentes rasgaram subitamente os princípios que durante décadas juraram defender, manifestaram-se incrédulos, impuseram a inocência do correligionário político e iniciaram um vendaval de intrigas, estratagemas e mistificações que os há-de tingir de vergonha para toda a vida. Relembremos: no dia 21 de Maio de 2003, Ferro Rodrigues e António Costa, líder do grupo parlamentar socialista, acompanharam Paulo Pedroso na conferência de imprensa convocada pelo PS e que decorreu nas instalações da Assembleia da República. "Tenho a certeza absoluta da sua inocência", afirmou Ferro e manifestou-se "indignado e totalmente solidário com Paulo Pedroso", informando que o PS iria reunir durante essa tarde o secretariado nacional. No dia seguinte, António Costa viria a falar de “cabala”, atribuindo-lhe a prisão preventiva de Pedroso, em cuja inocência se afirmou também absolutamente crente. Segundo defendeu, a “cabala” fora criada contra o Partido Socialista e a credibilidade do processo em investigação. No dia em que Paulo Pedroso foi conduzido ao DIAP, António Costa nem do então bastonário da Ordem dos Advogados e actual mandatário se esqueceu, e apressou-se a comunicar a Ferro que estava a chegar a “casa do Júdice” e, coisa espantosa, transmite ao líder partidário que “uma testemunha da judiciária” não é “fiável”, mostrando assim saber quem são as testemunhas do processo. Como adquiriu este conhecimento? Mais tarde, pelas 20h30, António Costa confidencia a Ferro Rodrigues que conversou com “o Júdice” sobre um documento, e os dois rejubilam com as “excelentes declarações” que o bastonário transmitiu à SIC, nesse mesmo dia. Considero que as declarações que, ao longo de todo o processo da Casa Pia, Júdice foi proferindo, tomando sempre o partido dos arguidos influentes, devem ser lidas à luz desta visita que Costa oportunamente lhe fez.

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