A Cinco Tons: Será porque a Sul o PCP teve poder e a Norte não?

25-05-2011
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(foto: PCP)
Estive há pouco no comício de Francisco Lopes, no Palácio de Cristal, no Porto. Sala cheia e muito entusiasmo. As cinco mil pessoas presentes vieram de vários pontos do norte do país (atestavam-no os muitos autocarros parados cá fora), mas há muito que não via um ambiente tão animado, tão combativo e tão participativo. Vivo no Alentejo, numa zona que tradicionalmente se refere como um espaço em que o PCP tem uma forte influência;  profissionalmente tenho assistido a inúmeras manifestações, comícios e outras iniciativas promovidas pelo PCP; conheço bem as estruturas do PCP em toda a zona sul,  mas é raro - muito raro - ver-se este entusiasmo.  Também aqui grande parte da militância comunista é de uma idade relativamente avançada, isso viu-se hoje no comício,  mas esse facto não esfria o ambiente - antes aquece-o. Será que este entusiasmo existe porque o PCP aqui nunca foi poder? No Alentejo há zonas e municípios que o PCP governou ou governa há décadas. E o poder, para quem luta por um mundo diferente, é sempre mau conselheiro. E, muitas vezes, no poder, no Alentejo, o PCP foi autista, intolerante, perseguiu, silenciou, comportou-se como qualquer poder sempre se comporta: duma forma totalitária. Deixou mágoas, quezílias, desilusão. Muitas vezes compadrio em vez de solidariedade. Daí, talvez, esta alegria que há a norte, nestes comunistas que trocam os bês pelos vês, mas que nunca foram "conspurcados" pelo exercício de um poder, que apesar de local, consegue ser, em muitos casos, tão discriminatório e asfixiante como qualquer outro poder.


(foto: PCP)
Estive há pouco no comício de Francisco Lopes, no Palácio de Cristal, no Porto. Sala cheia e muito entusiasmo. As cinco mil pessoas presentes vieram de vários pontos do norte do país (atestavam-no os muitos autocarros parados cá fora), mas há muito que não via um ambiente tão animado, tão combativo e tão participativo. Vivo no Alentejo, numa zona que tradicionalmente se refere como um espaço em que o PCP tem uma forte influência;  profissionalmente tenho assistido a inúmeras manifestações, comícios e outras iniciativas promovidas pelo PCP; conheço bem as estruturas do PCP em toda a zona sul,  mas é raro - muito raro - ver-se este entusiasmo.  Também aqui grande parte da militância comunista é de uma idade relativamente avançada, isso viu-se hoje no comício,  mas esse facto não esfria o ambiente - antes aquece-o. Será que este entusiasmo existe porque o PCP aqui nunca foi poder? No Alentejo há zonas e municípios que o PCP governou ou governa há décadas. E o poder, para quem luta por um mundo diferente, é sempre mau conselheiro. E, muitas vezes, no poder, no Alentejo, o PCP foi autista, intolerante, perseguiu, silenciou, comportou-se como qualquer poder sempre se comporta: duma forma totalitária. Deixou mágoas, quezílias, desilusão. Muitas vezes compadrio em vez de solidariedade. Daí, talvez, esta alegria que há a norte, nestes comunistas que trocam os bês pelos vês, mas que nunca foram "conspurcados" pelo exercício de um poder, que apesar de local, consegue ser, em muitos casos, tão discriminatório e asfixiante como qualquer outro poder.

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