Ferreira de Castro: outras palavras

21-01-2011
marcar artigo


     Uma só luz ardia em terra: a do farol que iluminava os degraus de acesso à varanda do barracão maioral, esse farol que eu, durante anos, fora encarregado de acender, de apagar e de limpar dos insectos que sobre ele morriam ao longo das noites tropicais.     «Ainda disse adeus com um lenço, mas ninguém me respondeu» -- recorda-me o velho papel onde fixei a lápis, pouco tempo depois, a emoção dessa segunda aventura, maior e mais incerta ainda do que a primeira, duma existência sonhadora e deserdada.     A luz do farol ia diminuindo ao longa, pequena, estática, um ponto único e vermelho na noite da floresta -- um ponto final na minha vida ali.Ferreira de Castro, «Pequena história de "A Selva"», A Selva, 32.ª edição, Lisboa, Guimarães & C.ª, 1980.


     Uma só luz ardia em terra: a do farol que iluminava os degraus de acesso à varanda do barracão maioral, esse farol que eu, durante anos, fora encarregado de acender, de apagar e de limpar dos insectos que sobre ele morriam ao longo das noites tropicais.     «Ainda disse adeus com um lenço, mas ninguém me respondeu» -- recorda-me o velho papel onde fixei a lápis, pouco tempo depois, a emoção dessa segunda aventura, maior e mais incerta ainda do que a primeira, duma existência sonhadora e deserdada.     A luz do farol ia diminuindo ao longa, pequena, estática, um ponto único e vermelho na noite da floresta -- um ponto final na minha vida ali.Ferreira de Castro, «Pequena história de "A Selva"», A Selva, 32.ª edição, Lisboa, Guimarães & C.ª, 1980.

marcar artigo