CDS quer apresentar-se aos portugueses como o partido da alternativa

20-03-2011
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Paulo Portas promete refrescar a direcção política e mostrar que se diferencia do PSD em áreas como fiscalidade, justiça, educação e questões sociais

Com a ameaça de uma crise política a pairar sobre o país, que pode desembocar em eleições legislativas antecipadas, Paulo Portas, que já anunciou que o "consulado socialista" está a chegar ao fim, prepara-se para jogar tudo no XXIV Congresso que hoje começa, em Viseu, mostrando que o CDS é uma alternativa ao espaço não-socialista, mas que se diferencia do PSD em matérias como fiscalidade, justiça, educação ou questões sociais.

"Seremos o primeiro partido a apresentar uma alternativa não-socialista ao país e as POPE [Propostas de Orientação Política e Económica] que vamos discutir são a resposta para superarmos o actual estado de coisas", afirma Adolfo Mesquita Nunes, um dos nomes que o presidente do partido deverá convidar para integrar a nova direcção do CDS, a par de outras figuras como a deputada Cecília Meireles ou a vereadora da Câmara de Cascais Mariana Ribeiro Ferreira. Pedro Pestana Bastos, uma das caras do Movimento Alternativa e Responsabilidade (MAR), a corrente interna de oposição a Portas, foi convidado para a direcção política, num sinal de "unidade do partido". O fiscalista Paulo Núncio é outro dos nomes que serão "puxados" por Portas para integrar um dos órgãos do partido.

No actual contexto de crispação entre PS e PSD, Portas vai tratar de mostrar que o CDS é "um partido estável e coerente", sem entrar na "vozearia" dos dois partidos do bloco central, e dará também nota que os democratas-cristãos, bem como o seu presidente, têm experiência governativa, o que não acontece com Passos Coelho. Mas não será o CDS a "salvar" o primeiro-ministro deste vulcão. Fonte próxima de Paulo Portas revelou que o líder irá fazer a "desconstrução do discurso de José Sócrates e da sua vitimização".

O congresso será o palco para Portas promover o seu programa de Governo, evidenciando que o CDS é uma alternativa ao espaço socialista. "É nossa obrigação apresentar a primeira alternativa para a superação do socialismo que nos tem governado", sublinha Adolfo Mesquita Nunes, subscritor da proposta Se o socialismo fosse bom, esta geração estava à rasca? Ao PÚBLICO, o deputado da Assembleia Municipal de Lisboa declara que "a única atitude coerente de quem considera que este Governo está a governar mal é apresentar uma alternativa e explicar o que é que faria de diferente ou o que é que faria de melhor".

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O ex-dirigente nacional do CDS e actual vereador da Câmara do Porto Manuel Sampaio Pimentel acredita que o congresso, que conta com 19 POPE e cinco propostas de alteração aos estatutos, "é um momento crucial", para o partido. "O grande desafio que o CDS tem é o de conseguir constituir-se como uma alternativa à actual situação e não se posicionar para ser uma peça integrante de alternância". Em declarações ao PÚBLICO, Sampaio Pimentel responsabiliza PS e PSD pela actual situação. "A responsabilidade executiva é do PS, mas tem a muleta do PSD", aponta, pedindo prudência para que não se repitam erros passados em matéria de coligações. "O país espera do CDS responsabilidade e nós temos de ter muita prudência na escolha do rumo imediato que o país tem de seguir", adverte. "O CDS deve mostrar ao país que é uma alternativa de poder e não apenas uma peça de alternância política a ser usada episodicamente", sustenta com a convicção de que "o PSD não é não alternativa ao PS". "O CDS tem de ficar disponível para ser parte da solução de estabilidade, não prescindido daquilo que é o seu capital político e programático", afirma.

Também Pedro Melo, conselheiro nacional e fundador do MAR, aponta o dedo ao PS e ao PSD e diz que o partido "deve fazer parte da solução política para resolver a persistente crise em que o país vive no último ano e meio". No que toca ao PSD, considera que Passos Coelho "fez mal" em não aceitar o repto para a preparação de uma alternativa pré-eleitoral, sugerida pelo líder do PP, e profetiza:" O CDS fará o seu caminho, sem tergiversar". Pedro Melo insurge-se contra o bloco central: "O eleitorado paulatinamente vai-se apercebendo que a lógica do bloco central tem sido perniciosa para a Nação e, por essa razão, o CDS assume-se como garante de isenção, imparcialidade e neutralidade em relação aos interesses instalados".

Sem temer eleições antecipadas - "não acho que isso seja um cenário dramático" -, o deputado Filipe Lobo d"Ávila puxa pelas manifestações realizadas sábado passado - o protesto da Geração à Rasca - para evidenciar o "enorme descontentamento" que varre o país. Afirmando que o "CDS não deve nada a ninguém", o deputado cavalga afirmações do Presidente da República que disse que "há limites para os sacrifícios" e refere que "quando se pedem sacrifícios aos portugueses é preciso explicar-lhes para que servem". "Não podemos andar de PEC em PEC". Ao mesmo tempo, fala da "necessidade de um entendimento eleitoral com o PSD", conforme defendeu o líder do CDS. Mas Filipe Lobo d"Ávila entende que o actual momento "justifica um entendimento que deve ir para além dos partidos, gente independente que traga uma nova dinâmica à sociedade". E conclui que hoje o CDS já não é o partido de um homem só.

Paulo Portas promete refrescar a direcção política e mostrar que se diferencia do PSD em áreas como fiscalidade, justiça, educação e questões sociais

Com a ameaça de uma crise política a pairar sobre o país, que pode desembocar em eleições legislativas antecipadas, Paulo Portas, que já anunciou que o "consulado socialista" está a chegar ao fim, prepara-se para jogar tudo no XXIV Congresso que hoje começa, em Viseu, mostrando que o CDS é uma alternativa ao espaço não-socialista, mas que se diferencia do PSD em matérias como fiscalidade, justiça, educação ou questões sociais.

"Seremos o primeiro partido a apresentar uma alternativa não-socialista ao país e as POPE [Propostas de Orientação Política e Económica] que vamos discutir são a resposta para superarmos o actual estado de coisas", afirma Adolfo Mesquita Nunes, um dos nomes que o presidente do partido deverá convidar para integrar a nova direcção do CDS, a par de outras figuras como a deputada Cecília Meireles ou a vereadora da Câmara de Cascais Mariana Ribeiro Ferreira. Pedro Pestana Bastos, uma das caras do Movimento Alternativa e Responsabilidade (MAR), a corrente interna de oposição a Portas, foi convidado para a direcção política, num sinal de "unidade do partido". O fiscalista Paulo Núncio é outro dos nomes que serão "puxados" por Portas para integrar um dos órgãos do partido.

No actual contexto de crispação entre PS e PSD, Portas vai tratar de mostrar que o CDS é "um partido estável e coerente", sem entrar na "vozearia" dos dois partidos do bloco central, e dará também nota que os democratas-cristãos, bem como o seu presidente, têm experiência governativa, o que não acontece com Passos Coelho. Mas não será o CDS a "salvar" o primeiro-ministro deste vulcão. Fonte próxima de Paulo Portas revelou que o líder irá fazer a "desconstrução do discurso de José Sócrates e da sua vitimização".

O congresso será o palco para Portas promover o seu programa de Governo, evidenciando que o CDS é uma alternativa ao espaço socialista. "É nossa obrigação apresentar a primeira alternativa para a superação do socialismo que nos tem governado", sublinha Adolfo Mesquita Nunes, subscritor da proposta Se o socialismo fosse bom, esta geração estava à rasca? Ao PÚBLICO, o deputado da Assembleia Municipal de Lisboa declara que "a única atitude coerente de quem considera que este Governo está a governar mal é apresentar uma alternativa e explicar o que é que faria de diferente ou o que é que faria de melhor".

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O ex-dirigente nacional do CDS e actual vereador da Câmara do Porto Manuel Sampaio Pimentel acredita que o congresso, que conta com 19 POPE e cinco propostas de alteração aos estatutos, "é um momento crucial", para o partido. "O grande desafio que o CDS tem é o de conseguir constituir-se como uma alternativa à actual situação e não se posicionar para ser uma peça integrante de alternância". Em declarações ao PÚBLICO, Sampaio Pimentel responsabiliza PS e PSD pela actual situação. "A responsabilidade executiva é do PS, mas tem a muleta do PSD", aponta, pedindo prudência para que não se repitam erros passados em matéria de coligações. "O país espera do CDS responsabilidade e nós temos de ter muita prudência na escolha do rumo imediato que o país tem de seguir", adverte. "O CDS deve mostrar ao país que é uma alternativa de poder e não apenas uma peça de alternância política a ser usada episodicamente", sustenta com a convicção de que "o PSD não é não alternativa ao PS". "O CDS tem de ficar disponível para ser parte da solução de estabilidade, não prescindido daquilo que é o seu capital político e programático", afirma.

Também Pedro Melo, conselheiro nacional e fundador do MAR, aponta o dedo ao PS e ao PSD e diz que o partido "deve fazer parte da solução política para resolver a persistente crise em que o país vive no último ano e meio". No que toca ao PSD, considera que Passos Coelho "fez mal" em não aceitar o repto para a preparação de uma alternativa pré-eleitoral, sugerida pelo líder do PP, e profetiza:" O CDS fará o seu caminho, sem tergiversar". Pedro Melo insurge-se contra o bloco central: "O eleitorado paulatinamente vai-se apercebendo que a lógica do bloco central tem sido perniciosa para a Nação e, por essa razão, o CDS assume-se como garante de isenção, imparcialidade e neutralidade em relação aos interesses instalados".

Sem temer eleições antecipadas - "não acho que isso seja um cenário dramático" -, o deputado Filipe Lobo d"Ávila puxa pelas manifestações realizadas sábado passado - o protesto da Geração à Rasca - para evidenciar o "enorme descontentamento" que varre o país. Afirmando que o "CDS não deve nada a ninguém", o deputado cavalga afirmações do Presidente da República que disse que "há limites para os sacrifícios" e refere que "quando se pedem sacrifícios aos portugueses é preciso explicar-lhes para que servem". "Não podemos andar de PEC em PEC". Ao mesmo tempo, fala da "necessidade de um entendimento eleitoral com o PSD", conforme defendeu o líder do CDS. Mas Filipe Lobo d"Ávila entende que o actual momento "justifica um entendimento que deve ir para além dos partidos, gente independente que traga uma nova dinâmica à sociedade". E conclui que hoje o CDS já não é o partido de um homem só.

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