Chávez, milhões revistos em baixa, a "amizade eterna" e o socialismo de rosto cristão35 milhões de euros

01-06-2010
marcar artigo

Ferry-boat: dos Açores para a Venezuela Presidente venezuelano declamou Casais Monteiro e evocou o 25 de Abril. "Tem aqui um governo amigo", respondeu Sócrates

"Mi amigo, compañero primer-ministro." Hugo Chávez e José Sócrates reencontraram-se em mais um cocktail político com promessas de "amizade eterna" e negócios de milhões. Prometidos estão mais de 1700 milhões de euros. Emotivo, eloquente, o líder venezuelano brindou Sócrates com um discurso de mais de uma hora no final de uma visita de 17 horas do primeiro-ministro para "salvar" negócios iniciados em 2008, quando estivera em Caracas da última vez. E lançou outros.

Foi uma longa cerimónia no Palácio de Miraflores, após um encontro a dois de quase duas horas. Primeiro, houve a assinatura de 19 acordos ou memorandos para investimentos. A sala era pequena e os jornalistas ficaram todos na sala de imprensa do palácio. Imagem e som, em directo, vinham de televisões. Só Sócrates e Chávez falaram.

O Presidente da Venezuela falou duas vezes, antes e depois de Sócrates, agradeceu a "inspiração" da Revolução dos Cravos e até declamou um poema de Adolfo Casais Monteiro, Surpresa. Ambos falaram muito da amizade. Um, Chávez, com um discurso mais emotivo. Sócrates, mais sóbrio, prometeu: "Tem aqui um governo amigo do Governo da Venezuela."

Chávez falou numa "aliança estratégica" entre os dois países, que vai além dos acordos comerciais. "É uma amizade eterna", arriscou dizer.

El comandante não falou apenas dos acordos e da comunidade portuguesa - "los portuguesitos". Lembrou como o 25 de Abril foi uma inspiração para ele, hoje próximo dos 60 anos. E de como está a ser construído um novo socialismo não só na Venezuela, mas noutros países da América Latina, como Cuba ou Bolívia. Um socialismo "de inspiração cristã", numa altura de "crise global", depois da "noite longa neoliberal". "O socialismo tem muito do pensamento original de Cristo", afirmou, perante uma mesa cheia de ministros e membros de delegações dos dois países.

Acordos de 2008

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Sócrates teve de atrasar quatro horas o encontro com Chávez, para deixar concluir as negociações. E a verdade é que, dois anos após os primeiros acordos, os projectos retomam os já assinados há dois anos. Exemplo: o projecto das casas pré-fabricadas do grupo Lena eram 50 mil em 2008, passaram agora para 12.520. Este foi um dos projectos "desbloqueados" pela visita de Sócrates. Outro a marcar passo era o dos Magalhães, "Canaima" na versão venezuelana, e que Cháves quer introduzir nos primeiros três níveis de ensino. É por isso que a JP Sá Couto vai vender, até Setembro, mais 525 mil "computadoras maravillosas", como os designou Chávez.

Novos mesmo são os projectos da EFACEC de fornecimento de transformadores (150 milhões de dólares) e a construção de centrais eléctricas de geração móvel (400 milhões de dólares). Ou ainda os contratos com a Electricidade Industrial Portuguesa para a construção e reabilitação de linhas de alta tensão (32 milhões de dólares).

Apesar de atrasado, Sócrates ainda esteve numa recepção com a comunidade portuguesa. Também para eles tinha novidades: a seu pedido, Chávez ia desbloquear a transferência de apoio financeiro, recolhido pela comunidade para a reconstrução da Madeira.O ferry-boat Atlântida, que os Açores recusaram aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, pode vir a servir para Chávez fazer uma "guerra" de preços nas ligações à Isla Margarita. A hipótese de negócio surgiu "nos últimos dias", disse ao PÚBLICO o secretário de Estado do Comércio, Fernando Serrasqueiro. Os venezuelanos ainda não viram o ferry, mas tem preço: 35 milhões de euros.

Ferry-boat: dos Açores para a Venezuela Presidente venezuelano declamou Casais Monteiro e evocou o 25 de Abril. "Tem aqui um governo amigo", respondeu Sócrates

"Mi amigo, compañero primer-ministro." Hugo Chávez e José Sócrates reencontraram-se em mais um cocktail político com promessas de "amizade eterna" e negócios de milhões. Prometidos estão mais de 1700 milhões de euros. Emotivo, eloquente, o líder venezuelano brindou Sócrates com um discurso de mais de uma hora no final de uma visita de 17 horas do primeiro-ministro para "salvar" negócios iniciados em 2008, quando estivera em Caracas da última vez. E lançou outros.

Foi uma longa cerimónia no Palácio de Miraflores, após um encontro a dois de quase duas horas. Primeiro, houve a assinatura de 19 acordos ou memorandos para investimentos. A sala era pequena e os jornalistas ficaram todos na sala de imprensa do palácio. Imagem e som, em directo, vinham de televisões. Só Sócrates e Chávez falaram.

O Presidente da Venezuela falou duas vezes, antes e depois de Sócrates, agradeceu a "inspiração" da Revolução dos Cravos e até declamou um poema de Adolfo Casais Monteiro, Surpresa. Ambos falaram muito da amizade. Um, Chávez, com um discurso mais emotivo. Sócrates, mais sóbrio, prometeu: "Tem aqui um governo amigo do Governo da Venezuela."

Chávez falou numa "aliança estratégica" entre os dois países, que vai além dos acordos comerciais. "É uma amizade eterna", arriscou dizer.

El comandante não falou apenas dos acordos e da comunidade portuguesa - "los portuguesitos". Lembrou como o 25 de Abril foi uma inspiração para ele, hoje próximo dos 60 anos. E de como está a ser construído um novo socialismo não só na Venezuela, mas noutros países da América Latina, como Cuba ou Bolívia. Um socialismo "de inspiração cristã", numa altura de "crise global", depois da "noite longa neoliberal". "O socialismo tem muito do pensamento original de Cristo", afirmou, perante uma mesa cheia de ministros e membros de delegações dos dois países.

Acordos de 2008

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Sócrates teve de atrasar quatro horas o encontro com Chávez, para deixar concluir as negociações. E a verdade é que, dois anos após os primeiros acordos, os projectos retomam os já assinados há dois anos. Exemplo: o projecto das casas pré-fabricadas do grupo Lena eram 50 mil em 2008, passaram agora para 12.520. Este foi um dos projectos "desbloqueados" pela visita de Sócrates. Outro a marcar passo era o dos Magalhães, "Canaima" na versão venezuelana, e que Cháves quer introduzir nos primeiros três níveis de ensino. É por isso que a JP Sá Couto vai vender, até Setembro, mais 525 mil "computadoras maravillosas", como os designou Chávez.

Novos mesmo são os projectos da EFACEC de fornecimento de transformadores (150 milhões de dólares) e a construção de centrais eléctricas de geração móvel (400 milhões de dólares). Ou ainda os contratos com a Electricidade Industrial Portuguesa para a construção e reabilitação de linhas de alta tensão (32 milhões de dólares).

Apesar de atrasado, Sócrates ainda esteve numa recepção com a comunidade portuguesa. Também para eles tinha novidades: a seu pedido, Chávez ia desbloquear a transferência de apoio financeiro, recolhido pela comunidade para a reconstrução da Madeira.O ferry-boat Atlântida, que os Açores recusaram aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, pode vir a servir para Chávez fazer uma "guerra" de preços nas ligações à Isla Margarita. A hipótese de negócio surgiu "nos últimos dias", disse ao PÚBLICO o secretário de Estado do Comércio, Fernando Serrasqueiro. Os venezuelanos ainda não viram o ferry, mas tem preço: 35 milhões de euros.

marcar artigo