Exames "não são fáceis", turmas "não são grandes" e escola "não abandona os alunos"

15-09-2010
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Um progresso real na educação depende mais de uma mudança na família ou na escola?

A família pode reforçar o trabalho educativo dos professores, transmitindo-lhes confiança e apoiando-os. Se não houver isso, há muitas perdas. A família tem como função educar, a escola tem que ensinar, instruir e também educar.

Como sesai do actual ciclo vicioso em que pais dizem que as escolas desistem dos alunos e os professores se queixam de que os pais não educam?

Na maioria dos casos isso não acontece. Há um bom trabalho da escola com a família. Hoje vemos que há enorme receptividade das escolas em chamar a família. A escola tem representantes das associações de pais, estas têm um papel importante e nós estamos em permanente contacto. Há casos em que as pessoas sentem que algo não está a funcionar bem, mas é pontual.

Os exames são demasiado fáceis?

Não. De ano para ano têm vindo a ser melhorados, é um trabalho complicado, houve grande evolução na construção técnica de provas. Estamos ligados a organizações como a OCDE, que propõe o PISA, e submetemos a nossa população escolar a provas.

Que mostram que estamos mal.

Temos que nos esforçar para ir mais longe.

Olhando para a percentagem do PIB que os países da OCDE investem em educação, Portugal está em sintonia, mas nos resultados da aprendizagem está muito abaixo. É preciso gerir melhor os recursos?

Não me parece que seja uma questão de dinheiro, nem de falta de qualidade dos professores ou das escolas.

Qual é a estratégia para combater o insucesso?

Não podemos achar natural que uma criança tenha insucesso. Todos merecem apoio e acompanhamento para que possam aprender bem e ter bons resultados. Com um bom nível de aprendizagem, trabalho e esforço, certamente que vamos conseguir. E, naturalmente, acompanhado de carinho para com aqueles que à primeira não conseguem.

Como é que se faz esse bom aproveitamento quando nas aulas de substituição há alunos que vêem filmes ou jogam às cartas?

Essas histórias são anedotas. Pode existir, mas não é aceitável. Nunca ouvi dizer. Quando se tem 20 e tal alunos, o importante é que todos estejam a aprender e concentrados.

Como é que isso se faz quando há turmas tão heterogéneas? Os resultados podiam ser melhores se houvesse turmas de nível?

A organização das turmas é da responsabilidade das direcções das escolas. Há experiências a decorrer nesse sentido.

Não seria de criar uma regra nacional?

As direcções das escolas têm muito conhecimento dos alunos e organizam as turmas da forma mais favorável possível. Ao criar uma regra universal incorre-se no risco de piorar nalguns casos.

E turmas mais pequenas?

O nosso país é, nos da OCDE, dos que têm menos alunos por turma e um professor para cada sete alunos.

Reduzir o número de alunos por turma não é uma prioridade?

Não é e não vamos fazê-lo, porque o que temos neste momento é bastante equilibrado.

Não deixa de ser notório o contraste do retrato que faz com o de uma avaliação do Conselho Nacional de Educação, em que se diz que "somos quase o único país europeu que não encontrou soluções para apoiar os alunos" com dificuldades.

Nós damos apoio aos alunos, aos que têm dificuldades, aos que têm necessidades educativas especiais; damos em vários domínios. Somos um país que dá apoio aos alunos. Não me revejo nessa citação. É uma questão de conhecimento da realidade e não de optimismo. Os professores estão muito atentos e investem muito nos alunos com dificuldades.

Por que é que o anúncio do fecho de 700 escolas foi feito a pouco tempo do início das aulas?

Não foi. Nas cartas educativas dos concelhos já vinha claro que a tendência era de as escolas pequenas sem condições serem substituídas. Este é um processo que tem que se fazer o mais depressa possível porque a infância não volta.A questão dos 30 quilómetros que as crianças têm de percorrer é um mal menor?

Não são 30 quilómetros, são 15 para cá e 15 para lá. Na maior parte dos casos, a distância é razoável. Foi visto caso a caso. O critério não é a quilometragem, há outros como a disponibilidade de ter uma escola melhor. Todo o trabalho que foi feito começou em Abril, em relação de proximidade com as direcções regionais que estiveram a trabalhar com agrupamentos e autarquias.

Porquê então as manifestações das populações, juntas de freguesia e autarquias?

Compreendo que os pais queiram o melhor para os seus filhos, mas as pessoas não conhecem aquilo que se lhes está a propor.

Há uma poupança com a criação dos mega-agrupamentos?

Não são mega, nenhum é maior do que os que já existiam. A intenção não é poupar dinheiro. O que pretendemos é melhor articulação e não fusão de escolas.

Mas há menos directores.

Mas cada escola tem a autonomia no quadro do agrupamento e a relação de proximidade com as crianças mantém-se.

Qual é o benefício desta mudança?

Haver melhor acompanhamento dos percursos educativos e melhor gestão financeira e administrativa.

Que cortes estão previstos no próximo Orçamento do Estado?

Há uma aposta na qualidade da educação. É preciso ponderar.

É realista cortar, por exemplo, cinco por cento nos custos do aparelho e aplicar esse dinheiro directamente nas escolas?

Temos 130 mil professores e dois mil técnicos e funcionários no ministério. Há um trabalho de organização que pode parecer invisível [mas que existe].

Que marca quer deixar?

Primeiro, avançar na meta de que todos os estudantes se mantenham na escola até aos 12 anos; em segundo, gostaria de deixar a marca de uma melhoria dos resultados de aprendizagem que reflictam a aprendizagem efectiva.

Um progresso real na educação depende mais de uma mudança na família ou na escola?

A família pode reforçar o trabalho educativo dos professores, transmitindo-lhes confiança e apoiando-os. Se não houver isso, há muitas perdas. A família tem como função educar, a escola tem que ensinar, instruir e também educar.

Como sesai do actual ciclo vicioso em que pais dizem que as escolas desistem dos alunos e os professores se queixam de que os pais não educam?

Na maioria dos casos isso não acontece. Há um bom trabalho da escola com a família. Hoje vemos que há enorme receptividade das escolas em chamar a família. A escola tem representantes das associações de pais, estas têm um papel importante e nós estamos em permanente contacto. Há casos em que as pessoas sentem que algo não está a funcionar bem, mas é pontual.

Os exames são demasiado fáceis?

Não. De ano para ano têm vindo a ser melhorados, é um trabalho complicado, houve grande evolução na construção técnica de provas. Estamos ligados a organizações como a OCDE, que propõe o PISA, e submetemos a nossa população escolar a provas.

Que mostram que estamos mal.

Temos que nos esforçar para ir mais longe.

Olhando para a percentagem do PIB que os países da OCDE investem em educação, Portugal está em sintonia, mas nos resultados da aprendizagem está muito abaixo. É preciso gerir melhor os recursos?

Não me parece que seja uma questão de dinheiro, nem de falta de qualidade dos professores ou das escolas.

Qual é a estratégia para combater o insucesso?

Não podemos achar natural que uma criança tenha insucesso. Todos merecem apoio e acompanhamento para que possam aprender bem e ter bons resultados. Com um bom nível de aprendizagem, trabalho e esforço, certamente que vamos conseguir. E, naturalmente, acompanhado de carinho para com aqueles que à primeira não conseguem.

Como é que se faz esse bom aproveitamento quando nas aulas de substituição há alunos que vêem filmes ou jogam às cartas?

Essas histórias são anedotas. Pode existir, mas não é aceitável. Nunca ouvi dizer. Quando se tem 20 e tal alunos, o importante é que todos estejam a aprender e concentrados.

Como é que isso se faz quando há turmas tão heterogéneas? Os resultados podiam ser melhores se houvesse turmas de nível?

A organização das turmas é da responsabilidade das direcções das escolas. Há experiências a decorrer nesse sentido.

Não seria de criar uma regra nacional?

As direcções das escolas têm muito conhecimento dos alunos e organizam as turmas da forma mais favorável possível. Ao criar uma regra universal incorre-se no risco de piorar nalguns casos.

E turmas mais pequenas?

O nosso país é, nos da OCDE, dos que têm menos alunos por turma e um professor para cada sete alunos.

Reduzir o número de alunos por turma não é uma prioridade?

Não é e não vamos fazê-lo, porque o que temos neste momento é bastante equilibrado.

Não deixa de ser notório o contraste do retrato que faz com o de uma avaliação do Conselho Nacional de Educação, em que se diz que "somos quase o único país europeu que não encontrou soluções para apoiar os alunos" com dificuldades.

Nós damos apoio aos alunos, aos que têm dificuldades, aos que têm necessidades educativas especiais; damos em vários domínios. Somos um país que dá apoio aos alunos. Não me revejo nessa citação. É uma questão de conhecimento da realidade e não de optimismo. Os professores estão muito atentos e investem muito nos alunos com dificuldades.

Por que é que o anúncio do fecho de 700 escolas foi feito a pouco tempo do início das aulas?

Não foi. Nas cartas educativas dos concelhos já vinha claro que a tendência era de as escolas pequenas sem condições serem substituídas. Este é um processo que tem que se fazer o mais depressa possível porque a infância não volta.A questão dos 30 quilómetros que as crianças têm de percorrer é um mal menor?

Não são 30 quilómetros, são 15 para cá e 15 para lá. Na maior parte dos casos, a distância é razoável. Foi visto caso a caso. O critério não é a quilometragem, há outros como a disponibilidade de ter uma escola melhor. Todo o trabalho que foi feito começou em Abril, em relação de proximidade com as direcções regionais que estiveram a trabalhar com agrupamentos e autarquias.

Porquê então as manifestações das populações, juntas de freguesia e autarquias?

Compreendo que os pais queiram o melhor para os seus filhos, mas as pessoas não conhecem aquilo que se lhes está a propor.

Há uma poupança com a criação dos mega-agrupamentos?

Não são mega, nenhum é maior do que os que já existiam. A intenção não é poupar dinheiro. O que pretendemos é melhor articulação e não fusão de escolas.

Mas há menos directores.

Mas cada escola tem a autonomia no quadro do agrupamento e a relação de proximidade com as crianças mantém-se.

Qual é o benefício desta mudança?

Haver melhor acompanhamento dos percursos educativos e melhor gestão financeira e administrativa.

Que cortes estão previstos no próximo Orçamento do Estado?

Há uma aposta na qualidade da educação. É preciso ponderar.

É realista cortar, por exemplo, cinco por cento nos custos do aparelho e aplicar esse dinheiro directamente nas escolas?

Temos 130 mil professores e dois mil técnicos e funcionários no ministério. Há um trabalho de organização que pode parecer invisível [mas que existe].

Que marca quer deixar?

Primeiro, avançar na meta de que todos os estudantes se mantenham na escola até aos 12 anos; em segundo, gostaria de deixar a marca de uma melhoria dos resultados de aprendizagem que reflictam a aprendizagem efectiva.

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