NÚCLEO DURO

28-05-2010
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Núcleo, que futuro? A palavra aos sábios (A convite do Comité Olímpico Internacional, vários pensadores de renome acederam a pronunciar-se sobre a grave crise da escassez de novos posts do Núcleo Duro. Aqui, num exclusivo Núcleo Duro/ Wall Street Journal / SportTV, publicamos depoimentos exclusivos de alguns intelectuais da nossa praça propondo soluções para a tragédia.)
MARGARIDA REBELO PINTO
Como o tempo estava farrusco, resolvi ir dar uma volta pelos centros comerciais e ver o que é que está a dar neste verão. Encontrei a Mónica, glamourosa como sempre, a sair da Mocci e fiquei super contente. A Mónica, que compra revistas de moda aos quilos, lá me foi indicando, montra a montra, o que está in e o que está out, mas que as lojas em Portugal continuam a achar que vai vender.
- Não... esta estação não está muito interessante... Não há novos posts no Núcleo Duro.
Claro que ao fim de umas horas, já estava farta de olhar para as montras e comecei a reparar noutras coisas. E como se vestem melhor, os homens portugueses! É pena serem tão burros. Belos, como o Zizou, mas burros.
Infelizmente, os rapazes não repararam em como somos giras e inteligentes e entraram na FNAC. Ficaram a olhar embasbacados para a pilha de exemplares não vendidos de *Chucha-me a verga: Antologia Poética de DJ Carcaça*.
Após mais algumas horas, e com os pés em bolhas, despedi-me da Mónica e combinei com ela uma saída nessa noite. Fomos primeiro ao Chez Vostra, o clube de strip mais in da Linha.
No Spicy, ela estava muitíssimo bem com um top justo vermelho Morgan e uma saía preta justa, acho que Dolce & Gabbana. Eu levei umas calças de ganga da Calvin Klein e um top azul marraquexe, lindíssimo, que comprei no Brasil. Mas o Vostradeis não estava lá, por isso não valeu a pena.
Dancei até não poder mais. Adoro Anastacia e Shakira e acho um piadão ao Kuduro, que me foi apresentado pelo Ernesto. Os homens portugueses dançam muito melhor! É pena serem tão burros.
Sei lá, o sol quando nasce não é para todos. A verdade é que, para as mulheres, é tudo muito difícil. O velho ditado que afirma que os homens são como os autocarros, isto é, estão sempre a passar, é suplantado pelo outro que diz que são como as casas de banho: ou são uma merda, ou estão ocupadas pelo El Cablogue. Não há coincidências.
Ai, que dor de cabeça. FERNANDO ROSAS
O desnorteado comportamento político do Governo PSD/PP no caso da escassez de posts do Núcleo Duro, e o primitivismo da sua pseudo-argumentação jurídica revelam que em toda esta vergonhosa trapalhada existe uma única coerência: a do fanatismo ideológico da extrema-direita no poder.
Finalmente, o Governo veio dizer-nos que se refugiou na lei e só na lei. Mas a argumentação jurídica do esforçado secretário de Estado do Mar é pouco mais do que grosseira: o Núcleo viria com o fito de praticar actos que violavam a lei portuguesa, e, dessa forma, constituiria, também, "uma ameaça à saúde pública".
Para o circo ser completo, o dr. Paulo Portas, menos afeiçoado às subtilezas do direito, veio em socorro do seu secretário de Estado comparando as acções de El Cablogue à legalização do tráfego de droga ou de contrabando. Uma provocação insultuosa, bem ilustrativa do desvario em que ferve o triste condestável desta cruzada.
Alguém não deixará de dizer à senhora loura e aos dirigentes do PSD e do PP e ao Ernesto que o ridículo mata e o despudor em excesso também. Talvez o meu amigo DJ Carcaça, com quem partilhei ontem um narguilé de marijuana marroquina numa das nossas sessões contemplativas no Frágil.
E nós, nós todos, todos os outros para além deles, haveremos de hesitar em lhes fazer frente? VASCO PULIDO VALENTE
Há uma expressão em inglês que vai direita ao nó do problema: «dumb down» um jornal ou uma coluna. «Dumb down» significa «imbecilizar» ou «estupidificar». Um jornal, ou uma coluna, que se torna voluntariamente «imbecil» é um «jornal», ou uma «coluna», que trata a sério assuntos sem importância e dá importância a personagens sem consequência, como Zizou.
Os grandes jornais de Inglaterra, do Times ao Daily Telegraph, já estão larga e generosamente «imbecilizados»; o Núcleo Duro não. Em Portugal quase nenhum jornal resistiu; e diminui o número das colunas que resistem. Resta a coluna de Vostradeis, num estado crítico de irracionalidade e grosseria
Há quem goste do novo aspecto gráfico do Núcleo. Verdade que a plebe gosta do que gosta. Mas não se pode aceitar passivamente o gosto da plebe. A democracia não exige a «imbecilização» colectiva do país. VERA ROQUETTE
Je m´emmerde, tu t'emmerde, en s´emmerde. Tout le monde s'emmerde: o Núcleo s' emmerde.
Um salto a Paris. Três dias. Chance, chance, merde!
Paris, merde! O Núcleo na sua glória gaulesa, as Tulherias, o Louvre, os Champs Elisées!
Ora... Toma lá!...Toma! Toma! Cá vão mais umas traulitadas no Zizou. - Dever, oblige! O país rosna pulguento. (Declarações recolhidas no colóquio Núcleo Duro, uma causa de todos nós, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Sport Comércio e Salgueiros. O discurso de Vera Roquette foi interrompido abruptamente quando o moderador Boaventura Sousa Santos exigiu que Roquette formulasse a sua intervenção sob a estrutura de uma cena de sexo lésbico com a sua co-oradora Margarida Rebelo Pinto.)


Núcleo, que futuro? A palavra aos sábios (A convite do Comité Olímpico Internacional, vários pensadores de renome acederam a pronunciar-se sobre a grave crise da escassez de novos posts do Núcleo Duro. Aqui, num exclusivo Núcleo Duro/ Wall Street Journal / SportTV, publicamos depoimentos exclusivos de alguns intelectuais da nossa praça propondo soluções para a tragédia.)
MARGARIDA REBELO PINTO
Como o tempo estava farrusco, resolvi ir dar uma volta pelos centros comerciais e ver o que é que está a dar neste verão. Encontrei a Mónica, glamourosa como sempre, a sair da Mocci e fiquei super contente. A Mónica, que compra revistas de moda aos quilos, lá me foi indicando, montra a montra, o que está in e o que está out, mas que as lojas em Portugal continuam a achar que vai vender.
- Não... esta estação não está muito interessante... Não há novos posts no Núcleo Duro.
Claro que ao fim de umas horas, já estava farta de olhar para as montras e comecei a reparar noutras coisas. E como se vestem melhor, os homens portugueses! É pena serem tão burros. Belos, como o Zizou, mas burros.
Infelizmente, os rapazes não repararam em como somos giras e inteligentes e entraram na FNAC. Ficaram a olhar embasbacados para a pilha de exemplares não vendidos de *Chucha-me a verga: Antologia Poética de DJ Carcaça*.
Após mais algumas horas, e com os pés em bolhas, despedi-me da Mónica e combinei com ela uma saída nessa noite. Fomos primeiro ao Chez Vostra, o clube de strip mais in da Linha.
No Spicy, ela estava muitíssimo bem com um top justo vermelho Morgan e uma saía preta justa, acho que Dolce & Gabbana. Eu levei umas calças de ganga da Calvin Klein e um top azul marraquexe, lindíssimo, que comprei no Brasil. Mas o Vostradeis não estava lá, por isso não valeu a pena.
Dancei até não poder mais. Adoro Anastacia e Shakira e acho um piadão ao Kuduro, que me foi apresentado pelo Ernesto. Os homens portugueses dançam muito melhor! É pena serem tão burros.
Sei lá, o sol quando nasce não é para todos. A verdade é que, para as mulheres, é tudo muito difícil. O velho ditado que afirma que os homens são como os autocarros, isto é, estão sempre a passar, é suplantado pelo outro que diz que são como as casas de banho: ou são uma merda, ou estão ocupadas pelo El Cablogue. Não há coincidências.
Ai, que dor de cabeça. FERNANDO ROSAS
O desnorteado comportamento político do Governo PSD/PP no caso da escassez de posts do Núcleo Duro, e o primitivismo da sua pseudo-argumentação jurídica revelam que em toda esta vergonhosa trapalhada existe uma única coerência: a do fanatismo ideológico da extrema-direita no poder.
Finalmente, o Governo veio dizer-nos que se refugiou na lei e só na lei. Mas a argumentação jurídica do esforçado secretário de Estado do Mar é pouco mais do que grosseira: o Núcleo viria com o fito de praticar actos que violavam a lei portuguesa, e, dessa forma, constituiria, também, "uma ameaça à saúde pública".
Para o circo ser completo, o dr. Paulo Portas, menos afeiçoado às subtilezas do direito, veio em socorro do seu secretário de Estado comparando as acções de El Cablogue à legalização do tráfego de droga ou de contrabando. Uma provocação insultuosa, bem ilustrativa do desvario em que ferve o triste condestável desta cruzada.
Alguém não deixará de dizer à senhora loura e aos dirigentes do PSD e do PP e ao Ernesto que o ridículo mata e o despudor em excesso também. Talvez o meu amigo DJ Carcaça, com quem partilhei ontem um narguilé de marijuana marroquina numa das nossas sessões contemplativas no Frágil.
E nós, nós todos, todos os outros para além deles, haveremos de hesitar em lhes fazer frente? VASCO PULIDO VALENTE
Há uma expressão em inglês que vai direita ao nó do problema: «dumb down» um jornal ou uma coluna. «Dumb down» significa «imbecilizar» ou «estupidificar». Um jornal, ou uma coluna, que se torna voluntariamente «imbecil» é um «jornal», ou uma «coluna», que trata a sério assuntos sem importância e dá importância a personagens sem consequência, como Zizou.
Os grandes jornais de Inglaterra, do Times ao Daily Telegraph, já estão larga e generosamente «imbecilizados»; o Núcleo Duro não. Em Portugal quase nenhum jornal resistiu; e diminui o número das colunas que resistem. Resta a coluna de Vostradeis, num estado crítico de irracionalidade e grosseria
Há quem goste do novo aspecto gráfico do Núcleo. Verdade que a plebe gosta do que gosta. Mas não se pode aceitar passivamente o gosto da plebe. A democracia não exige a «imbecilização» colectiva do país. VERA ROQUETTE
Je m´emmerde, tu t'emmerde, en s´emmerde. Tout le monde s'emmerde: o Núcleo s' emmerde.
Um salto a Paris. Três dias. Chance, chance, merde!
Paris, merde! O Núcleo na sua glória gaulesa, as Tulherias, o Louvre, os Champs Elisées!
Ora... Toma lá!...Toma! Toma! Cá vão mais umas traulitadas no Zizou. - Dever, oblige! O país rosna pulguento. (Declarações recolhidas no colóquio Núcleo Duro, uma causa de todos nós, patrocinado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Sport Comércio e Salgueiros. O discurso de Vera Roquette foi interrompido abruptamente quando o moderador Boaventura Sousa Santos exigiu que Roquette formulasse a sua intervenção sob a estrutura de uma cena de sexo lésbico com a sua co-oradora Margarida Rebelo Pinto.)

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