Sérvia será compensada por aceitar diálogo com o Kosovo

15-09-2010
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Belgrado desiste da batalha diplomática contra a independência da ex-província. ONU apoiou negociações

A Sérvia "está a olhar para o futuro", disse o chefe da diplomacia de Belgrado, Vuk Jeremic, no final do discurso na Assembleia Geral da ONU, que quarta-feira à noite aprovou, por unanimidade, uma resolução apoiando o reinício do diálogo entre o país e a antiga província do Kosovo. O documento foi co-patrocinado pela própria Sérvia, num gesto que deverá ser recompensado no processo de adesão à União Europeia.

Esta é a primeira vez desde que o Kosovo declarou a sua independência, em 2008, que Belgrado aceita participar em negociações directas com os líderes de Pristina, mediadas já não pela ONU mas pela UE, à qual ambos os países desejam aderir. "Finalmente demos um passo na direcção certa", congratulou-se Predrag Simic, ex-embaixador em França, ao Balkan Insight. Optimismo partilhado por Ivan Vevjoda, do Fundo para a Democracia nos Balcãs, que disse ao mesmo site estar convencido que este "acto histórico vai acelerar a integração sérvia na UE". Reunidos em Bruxelas, os chefes da diplomacia europeia saudaram ontem a decisão de Belgrado e o sueco Carl Bildt disse estar convencido de que ainda este ano a candidatura sérvia passará à fase seguinte - a avaliação pela Comissão Europeia.

Foi o desfecho feliz de um processo que começou mal. Em Julho, depois de o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) ter concluído que a proclamação de independência kosovar não violou a lei internacional - um quase reconhecimento legal da iniciativa -, o Governo sérvio recorreu à ONU. Propôs uma resolução que considerava a proclamação "inaceitável", e exigia negociações com vista a uma "solução mutuamente aceitável sobre todos os assuntos pendentes", incluindo o estatuto do Kosovo. A iniciativa irritou Pristina, que considera a questão encerrada, e vários países europeus avisaram que a aprovação de tal texto colocaria a candidatura sérvia "na gaveta do fundo".

Agindo de forma concertada (ainda que apenas 22 dos 27 Estados-membros tenham reconhecido a independência), a UE convenceu Belgrado a deixar cair a questão do estatuto do Kosovo - o diálogo, refere o texto aprovado quarta-feira, deve "promover a cooperação" e levar as duas partes a "fazer progressos em direcção à integração" na UE. "A batalha foi ganha", disse o chefe da diplomacia de Pristina, Skender Hyseni, congratulando-se por a resolução referir explicitamente a decisão do TIJ.

A Sérvia disse que o compromisso não representa um reconhecimento implícito da independência. Mas Mark Lowen, correspondente da BBC em Belgrado, disse que "há a sensação de que isto é o princípio do fim do problema do Kosovo", com todos a "quererem contribuir para uma solução". Um optimismo talvez exagerado face às questões sensíveis em cima da mesa, como a questão do Norte do Kosovo (de maioria sérvia) ou a situação dos mosteiros ortodoxos no território. Sinal dessas dificuldades foi o atraso de três horas na sessão da ONU, apenas porque Jeremic se recusou a entrar na sala ao saber que ali estavam representantes do Kosovo, que não é membro reconhecido da ONU.

Belgrado desiste da batalha diplomática contra a independência da ex-província. ONU apoiou negociações

A Sérvia "está a olhar para o futuro", disse o chefe da diplomacia de Belgrado, Vuk Jeremic, no final do discurso na Assembleia Geral da ONU, que quarta-feira à noite aprovou, por unanimidade, uma resolução apoiando o reinício do diálogo entre o país e a antiga província do Kosovo. O documento foi co-patrocinado pela própria Sérvia, num gesto que deverá ser recompensado no processo de adesão à União Europeia.

Esta é a primeira vez desde que o Kosovo declarou a sua independência, em 2008, que Belgrado aceita participar em negociações directas com os líderes de Pristina, mediadas já não pela ONU mas pela UE, à qual ambos os países desejam aderir. "Finalmente demos um passo na direcção certa", congratulou-se Predrag Simic, ex-embaixador em França, ao Balkan Insight. Optimismo partilhado por Ivan Vevjoda, do Fundo para a Democracia nos Balcãs, que disse ao mesmo site estar convencido que este "acto histórico vai acelerar a integração sérvia na UE". Reunidos em Bruxelas, os chefes da diplomacia europeia saudaram ontem a decisão de Belgrado e o sueco Carl Bildt disse estar convencido de que ainda este ano a candidatura sérvia passará à fase seguinte - a avaliação pela Comissão Europeia.

Foi o desfecho feliz de um processo que começou mal. Em Julho, depois de o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) ter concluído que a proclamação de independência kosovar não violou a lei internacional - um quase reconhecimento legal da iniciativa -, o Governo sérvio recorreu à ONU. Propôs uma resolução que considerava a proclamação "inaceitável", e exigia negociações com vista a uma "solução mutuamente aceitável sobre todos os assuntos pendentes", incluindo o estatuto do Kosovo. A iniciativa irritou Pristina, que considera a questão encerrada, e vários países europeus avisaram que a aprovação de tal texto colocaria a candidatura sérvia "na gaveta do fundo".

Agindo de forma concertada (ainda que apenas 22 dos 27 Estados-membros tenham reconhecido a independência), a UE convenceu Belgrado a deixar cair a questão do estatuto do Kosovo - o diálogo, refere o texto aprovado quarta-feira, deve "promover a cooperação" e levar as duas partes a "fazer progressos em direcção à integração" na UE. "A batalha foi ganha", disse o chefe da diplomacia de Pristina, Skender Hyseni, congratulando-se por a resolução referir explicitamente a decisão do TIJ.

A Sérvia disse que o compromisso não representa um reconhecimento implícito da independência. Mas Mark Lowen, correspondente da BBC em Belgrado, disse que "há a sensação de que isto é o princípio do fim do problema do Kosovo", com todos a "quererem contribuir para uma solução". Um optimismo talvez exagerado face às questões sensíveis em cima da mesa, como a questão do Norte do Kosovo (de maioria sérvia) ou a situação dos mosteiros ortodoxos no território. Sinal dessas dificuldades foi o atraso de três horas na sessão da ONU, apenas porque Jeremic se recusou a entrar na sala ao saber que ali estavam representantes do Kosovo, que não é membro reconhecido da ONU.

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