metablog: Meio termo

19-12-2009
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No último "É a Cultura Estúpido" (o primeiro a que assisti) Helena Matos acusou a Esquerda de complacência (e até um certo apoio ou justificação) para com o Terrorismo. Embora a haja, nem todas as críticas à admnistação Bush cabem nesta definição. A argumentação que usou pretendeu quase sempre encostar aqueles que criticaram a atitude dos EUA a uma posição de ressentimento ou ódio primário em relação aos EUA (ou à cultura ocidental, capitalismo...) quando o campo crítica é suficientemente heterógeneo para não poder ser caracterizado de uma forma tão simplista. A rejeição ou distanciamento face a alguns críticos não é suficiente para legitimar as suas posições.Embora concorde que muitos dos argumentos críticos são motivados por um anti-americanismo pavloviano (e.g. Fernando Rosas e companhia), ou por um marxismo reciclado, a posição de Helena Matos acaba por ser simplista e redutora. Ela é vítima de um pecado semelhante ao de alguma esquerda, embora partindo de um campo oposto.Alguns à esquerda vêm todo (ou quase todo) o terrorismo como algo que pode ser explicado por algo do qual os EUA são directa ou indirectamente responsáveis (pobreza, Israel,...). Para estes, os terroristas, embora não o confessem explicitamente, são uma espécie de aliados das causas justas da esquerda. Envergonhadamente lá vão reclassificando os ataques no Iraque como resistência, garantindo-lhes, assim, uma aura de respeitabilidade. O seu inimigo é outro e , sempre que possível, culpam os EUA.À direita o problema é semelhante. O Terrorismo também é reduzido a uma única variável explicativa: o Mal. Mas o Mal nada explica, pois dá apenas um nome aquilo que rejeitamos. O nome facilita, pois poupa-nos ao esforço da reflexão. O Mal limpa a culpa e desresponsabiliza-nos: ele é autónomo. Ele existe no mundo e o Terrorismo é a sua mais recente manifestação. É o absoluto e religioso Mal, contra o qual só temos uma arma: a guerra. É a luta do Bem contra o Mal, um épico. Este épico não admite hesitações e os EUA, escolhendo a acção unilateral, tomaram a única opção correcta; a única possível. Contra o Mal não pode haver contemplações.Encontrar um meio termo entre o ódio primário de alguma esquerda e a cruzada moral irresponsável de uma certa direita parece-me revelar, acima de tudo, sensatez e prudência; e esta, infelizmente, não abunda.

No último "É a Cultura Estúpido" (o primeiro a que assisti) Helena Matos acusou a Esquerda de complacência (e até um certo apoio ou justificação) para com o Terrorismo. Embora a haja, nem todas as críticas à admnistação Bush cabem nesta definição. A argumentação que usou pretendeu quase sempre encostar aqueles que criticaram a atitude dos EUA a uma posição de ressentimento ou ódio primário em relação aos EUA (ou à cultura ocidental, capitalismo...) quando o campo crítica é suficientemente heterógeneo para não poder ser caracterizado de uma forma tão simplista. A rejeição ou distanciamento face a alguns críticos não é suficiente para legitimar as suas posições.Embora concorde que muitos dos argumentos críticos são motivados por um anti-americanismo pavloviano (e.g. Fernando Rosas e companhia), ou por um marxismo reciclado, a posição de Helena Matos acaba por ser simplista e redutora. Ela é vítima de um pecado semelhante ao de alguma esquerda, embora partindo de um campo oposto.Alguns à esquerda vêm todo (ou quase todo) o terrorismo como algo que pode ser explicado por algo do qual os EUA são directa ou indirectamente responsáveis (pobreza, Israel,...). Para estes, os terroristas, embora não o confessem explicitamente, são uma espécie de aliados das causas justas da esquerda. Envergonhadamente lá vão reclassificando os ataques no Iraque como resistência, garantindo-lhes, assim, uma aura de respeitabilidade. O seu inimigo é outro e , sempre que possível, culpam os EUA.À direita o problema é semelhante. O Terrorismo também é reduzido a uma única variável explicativa: o Mal. Mas o Mal nada explica, pois dá apenas um nome aquilo que rejeitamos. O nome facilita, pois poupa-nos ao esforço da reflexão. O Mal limpa a culpa e desresponsabiliza-nos: ele é autónomo. Ele existe no mundo e o Terrorismo é a sua mais recente manifestação. É o absoluto e religioso Mal, contra o qual só temos uma arma: a guerra. É a luta do Bem contra o Mal, um épico. Este épico não admite hesitações e os EUA, escolhendo a acção unilateral, tomaram a única opção correcta; a única possível. Contra o Mal não pode haver contemplações.Encontrar um meio termo entre o ódio primário de alguma esquerda e a cruzada moral irresponsável de uma certa direita parece-me revelar, acima de tudo, sensatez e prudência; e esta, infelizmente, não abunda.

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