O Bom Senso: O “Obstáculo” de Esquerda

22-12-2009
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O Bloco de Esquerda, até há algum tempo moda, é por excelência o partido da “malta jovem”. Com base no Partido Socialista Revolucionário (PSR) e na Unidade Democrática Popular (UDP), o BE conta já com cerca de seis anos de vida.Considerado um partido de extrema-esquerda, com princípios trotskistas-leninistas, o BE defende hoje um comunismo à maneira do da antiga União Soviética, embora numa vertente mais virada ao séc. XXI, em que o aborto, o casamento entre homossexuais ou o ambiente são algumas das suas prioridades.Visto assim nada se lhe teria a acrescentar. Contudo, o Bloco não é hoje apenas uma força política, um partido com assento parlamentar preocupado com a crise económico-social que vivemos, mas sim um obstáculo à resolução dos nossos problemas. E muito se tem também a dizer da sua forma de fazer política.Não há campanha ou propaganda política que este partido faça que não comece por enxovalhar outros políticos seus “adversários” (é esta a visão bloquista). Contam-se os cartazes do BE em que surgem os seus políticos.O Bloco é o partido da “frente de guerra”: o partido sempre ao ataque. À esquerda, à direita, tanto faz. À voz do seu líder, Francisco Louçã, ou de Fernando Rosas ou Ana Drago, entre outros, o Bloco assume um tom de arrogância incomportável e uma superioridade moral quase incontestável! Que dizer de Fernando Rosas quando, num comício, questionou sobre o que seriam as “escolas CDS”, com Cristo na cruz e a imagem de Paulo Portas ao lado do quadro? Ou de Louçã e da sua célebre frase a Portas: “Você não tem o direito a falar sobre a vida, porque nunca gerou uma!”? Que política e que maneira de fazer política é esta? Que políticos são estes?, pergunto eu. Que gente é esta? Que projectos, que ideologias? Disse-me um bloquista que “já se sabe que a ideologia não é muito aplicável”. Mas então, que se defende? Que espécie de políticos comunistas são estes que se dizem defensores dos mais carenciados, que lembram e relembram, vezes sem conta, a pobreza que existe e a falta de paridade social, mas são detentores de carros topo de gama, apartamentos de luxo com piscina, que usufruem de férias no Algarve em hotéis de 5 estrelas? Não serão estes políticos que actuam contrariamente à sua índole? Se o comunismo está interligado à fraternidade e comunhão entre todos, como explicar a atitude de Louçã quando em campanha cruzou Manuel Monteiro (PND) e o evitou cumprimentar, atravessando a rua? (“Ó dr. Louçã, pode cumprimentar que eu não mordo!”)Os elementos do BE são, se lhes podemos chamar isso, muito emotivos, pois reagem a tudo e a todos, sem reflectirem previamente quer no que estão no imediato de dizer, quer nas respectivas consequências. E mais: são uns políticos que não respeitam as opiniões dos outros, mas exigem que respeitam as deles. Se pensarmos nas expressões, nas atitudes que tomam ou na preponderância dos seus dirigentes, facilmente concluímos isso.Se muito se tem a acrescentar ao que foi dito, fale-se ainda da demagogia política que caracteriza este partido. Um dos últimos casos deu-se no “debate a cinco” realizado pela RTP a 15.02.05, em que Louçã lançou o tema de uma Isenção Fiscal atribuída pelo Governo de Santana à fusão do sector bancário entre o Crédito Predial, o Banco Totta & Açores e o Santander. Como noticiou o Semanário Económico, o Decreto de Lei para esta isenção existe desde 1990. Sendo legal, tratou-se de mais um sofisma de Louçã, pois não estava em causa a fusão de bancos, como o líder bloquista tentou fazer passar, mas apenas da fusão de balcões (e houve ainda quem falasse em “trunfo” bloquista…). Tudo isto tem de ser dito. Além disso, os três líderes (na data) dos três maiores partidos políticos apresentaram as medidas que pretendiam tomar face à crise na saúde pública; Francisco Louçã apenas referiu a despenalização das drogas leves e a distribuição de heroína a toxicodependentes incuráveis. Não é que não sejam problemas em relação aos quais não se deva dar alguma importância, mas não são esses os problemas de fundo do Portugal de hoje que necessitam de medidas rápidas, por serem existenciais. O partido lembra os problemas, apresenta algumas ideias, mas não nos dá o essencial: saber como as pretende aplicar. Tal aconteceu com a proposta da passagem da Segurança Social para a dívida pública, aumentos salariais, produção estatal de genéricos, etc.O BE é hoje um partido com maior força parlamentar, detentor de 8 deputados (face aos 3 que detinha antes das últimas eleições). Pense-se um pouco melhor em tudo isto e não se brinque com o futuro do país, criando-se obstáculos e andando-se "à guerra", "disparando" a torto e a direito.Nuno Miguel Santos


O Bloco de Esquerda, até há algum tempo moda, é por excelência o partido da “malta jovem”. Com base no Partido Socialista Revolucionário (PSR) e na Unidade Democrática Popular (UDP), o BE conta já com cerca de seis anos de vida.Considerado um partido de extrema-esquerda, com princípios trotskistas-leninistas, o BE defende hoje um comunismo à maneira do da antiga União Soviética, embora numa vertente mais virada ao séc. XXI, em que o aborto, o casamento entre homossexuais ou o ambiente são algumas das suas prioridades.Visto assim nada se lhe teria a acrescentar. Contudo, o Bloco não é hoje apenas uma força política, um partido com assento parlamentar preocupado com a crise económico-social que vivemos, mas sim um obstáculo à resolução dos nossos problemas. E muito se tem também a dizer da sua forma de fazer política.Não há campanha ou propaganda política que este partido faça que não comece por enxovalhar outros políticos seus “adversários” (é esta a visão bloquista). Contam-se os cartazes do BE em que surgem os seus políticos.O Bloco é o partido da “frente de guerra”: o partido sempre ao ataque. À esquerda, à direita, tanto faz. À voz do seu líder, Francisco Louçã, ou de Fernando Rosas ou Ana Drago, entre outros, o Bloco assume um tom de arrogância incomportável e uma superioridade moral quase incontestável! Que dizer de Fernando Rosas quando, num comício, questionou sobre o que seriam as “escolas CDS”, com Cristo na cruz e a imagem de Paulo Portas ao lado do quadro? Ou de Louçã e da sua célebre frase a Portas: “Você não tem o direito a falar sobre a vida, porque nunca gerou uma!”? Que política e que maneira de fazer política é esta? Que políticos são estes?, pergunto eu. Que gente é esta? Que projectos, que ideologias? Disse-me um bloquista que “já se sabe que a ideologia não é muito aplicável”. Mas então, que se defende? Que espécie de políticos comunistas são estes que se dizem defensores dos mais carenciados, que lembram e relembram, vezes sem conta, a pobreza que existe e a falta de paridade social, mas são detentores de carros topo de gama, apartamentos de luxo com piscina, que usufruem de férias no Algarve em hotéis de 5 estrelas? Não serão estes políticos que actuam contrariamente à sua índole? Se o comunismo está interligado à fraternidade e comunhão entre todos, como explicar a atitude de Louçã quando em campanha cruzou Manuel Monteiro (PND) e o evitou cumprimentar, atravessando a rua? (“Ó dr. Louçã, pode cumprimentar que eu não mordo!”)Os elementos do BE são, se lhes podemos chamar isso, muito emotivos, pois reagem a tudo e a todos, sem reflectirem previamente quer no que estão no imediato de dizer, quer nas respectivas consequências. E mais: são uns políticos que não respeitam as opiniões dos outros, mas exigem que respeitam as deles. Se pensarmos nas expressões, nas atitudes que tomam ou na preponderância dos seus dirigentes, facilmente concluímos isso.Se muito se tem a acrescentar ao que foi dito, fale-se ainda da demagogia política que caracteriza este partido. Um dos últimos casos deu-se no “debate a cinco” realizado pela RTP a 15.02.05, em que Louçã lançou o tema de uma Isenção Fiscal atribuída pelo Governo de Santana à fusão do sector bancário entre o Crédito Predial, o Banco Totta & Açores e o Santander. Como noticiou o Semanário Económico, o Decreto de Lei para esta isenção existe desde 1990. Sendo legal, tratou-se de mais um sofisma de Louçã, pois não estava em causa a fusão de bancos, como o líder bloquista tentou fazer passar, mas apenas da fusão de balcões (e houve ainda quem falasse em “trunfo” bloquista…). Tudo isto tem de ser dito. Além disso, os três líderes (na data) dos três maiores partidos políticos apresentaram as medidas que pretendiam tomar face à crise na saúde pública; Francisco Louçã apenas referiu a despenalização das drogas leves e a distribuição de heroína a toxicodependentes incuráveis. Não é que não sejam problemas em relação aos quais não se deva dar alguma importância, mas não são esses os problemas de fundo do Portugal de hoje que necessitam de medidas rápidas, por serem existenciais. O partido lembra os problemas, apresenta algumas ideias, mas não nos dá o essencial: saber como as pretende aplicar. Tal aconteceu com a proposta da passagem da Segurança Social para a dívida pública, aumentos salariais, produção estatal de genéricos, etc.O BE é hoje um partido com maior força parlamentar, detentor de 8 deputados (face aos 3 que detinha antes das últimas eleições). Pense-se um pouco melhor em tudo isto e não se brinque com o futuro do país, criando-se obstáculos e andando-se "à guerra", "disparando" a torto e a direito.Nuno Miguel Santos

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