Os óculos da ideologia

23-12-2009
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A propósito da morte do historiador Joel Serrão, o Público chama a título uma frase da historiadora Maria Filomena Mónica: “O homem que via a História sem óculos ideológicos”.

Acho que nem o jornalista leu algum livro do Joel Serrão, nem a Maria Filomena o percebe (ou percebe-o bem demais, dai a “traição”). O autor de “O Carácter Social da Revolução de 1383” lia a história, como todo o mundo, à luz das suas ideias e da corrente de historiadores com quem compartilhava princípios. Fazia-o é com a inteligência e a honestidade que caracteriza os grandes historiadores. Isso de jornalismo ou de historiadores sem ideologia não existe. É como a fada madrinha: só está na cabeça daqueles que acredita ou nos querem fazer acreditar em contos de fadas. Recomendava aos dois escribas que relessem Max Weber, para não os estar a incomodar com Marx.

Finalmente, irritam-me elogios fúnebres em que os entrevistados façam passar os seus pontos de vista particulares à conta de um morto que não pode,naturalmente, responder. Mas é a vida…ou a morte.

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A propósito da morte do historiador Joel Serrão, o Público chama a título uma frase da historiadora Maria Filomena Mónica: “O homem que via a História sem óculos ideológicos”.

Acho que nem o jornalista leu algum livro do Joel Serrão, nem a Maria Filomena o percebe (ou percebe-o bem demais, dai a “traição”). O autor de “O Carácter Social da Revolução de 1383” lia a história, como todo o mundo, à luz das suas ideias e da corrente de historiadores com quem compartilhava princípios. Fazia-o é com a inteligência e a honestidade que caracteriza os grandes historiadores. Isso de jornalismo ou de historiadores sem ideologia não existe. É como a fada madrinha: só está na cabeça daqueles que acredita ou nos querem fazer acreditar em contos de fadas. Recomendava aos dois escribas que relessem Max Weber, para não os estar a incomodar com Marx.

Finalmente, irritam-me elogios fúnebres em que os entrevistados façam passar os seus pontos de vista particulares à conta de um morto que não pode,naturalmente, responder. Mas é a vida…ou a morte.

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