José Saramago mostrou ontem, provavelmente de forma involuntária, uma das características fundamentais do conteúdo programático de alguns partidos políticos em Portugal. O célebre escritor revelou que apoia 2 candidatos à presidência: Mário Soares e Jerónimo de Sousa. Questionado sobre o facto de essa posição poder ser considerada incoerente, Saramago retorquiu que, pelo contrário, o apoio às 2 candidaturas nada tinha de incoerente mas antes reforçava o seu principal objectivo: derrotar a "direita". O objectivo de combater as forças de direita apresenta-se, infelizmente, como uma ideia chave (e, por vezes, única) dos programas políticos de alguns partidos de esquerda, de que deriva todo o seu restante conteúdo programático. De facto, isso explica-se na medida em que certas correntes políticas deixaram de conseguir apresentar uma proposta para a sociedade e limitam-se agora a apontar as falhas ou as insuficiências de outras propostas. Isso, em si mesmo, não é negativo pois permite a melhoria dos sistemas sociais e políticos. No entanto, seria a meu ver mais proveitoso e coerente apresentar alternativas bem estruturadas e credíveis, ainda que de apoio minoritário, para contrapor às práticas dominantes.
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José Saramago mostrou ontem, provavelmente de forma involuntária, uma das características fundamentais do conteúdo programático de alguns partidos políticos em Portugal. O célebre escritor revelou que apoia 2 candidatos à presidência: Mário Soares e Jerónimo de Sousa. Questionado sobre o facto de essa posição poder ser considerada incoerente, Saramago retorquiu que, pelo contrário, o apoio às 2 candidaturas nada tinha de incoerente mas antes reforçava o seu principal objectivo: derrotar a "direita". O objectivo de combater as forças de direita apresenta-se, infelizmente, como uma ideia chave (e, por vezes, única) dos programas políticos de alguns partidos de esquerda, de que deriva todo o seu restante conteúdo programático. De facto, isso explica-se na medida em que certas correntes políticas deixaram de conseguir apresentar uma proposta para a sociedade e limitam-se agora a apontar as falhas ou as insuficiências de outras propostas. Isso, em si mesmo, não é negativo pois permite a melhoria dos sistemas sociais e políticos. No entanto, seria a meu ver mais proveitoso e coerente apresentar alternativas bem estruturadas e credíveis, ainda que de apoio minoritário, para contrapor às práticas dominantes.