Nesta hora: "JL"! Olhó número 1000!...

22-05-2011
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Estávamos a 3 de Março de 1981. Quase há 28 anos. Às bancas dos periódicos chegava mais um título. “Quinzenalmente, às terças-feiras”. Por 25$00, algo como 0,125 € (a assinatura anual, para o continente e ilhas, custava 520$00, algo como 2,60 €, o preço de cada edição hoje). Duas iniciais ocupavam quase metade do cabeçalho: JL, início de Jornal de Letras, sempre assim conhecido, apesar de o seu nome de baptismo ser um pouco mais comprido – Jornal de letras, artes e ideias. Assim mesmo. E, logo na página 2, José Carlos Vasconcelos, o director, justificava o nascimento e o nome: “Queremos ser um quinzenário de cultura potencialmente para toda a gente. (…) Se a literatura e as artes são o nosso primeiro campo operatório, não é por acaso que no cabeçalho também aparecem as ideias. Queremos que nas nossas páginas também possam ter o seu lugar, por exemplo, questões relacionadas com o urbanismo ou a informação, a ecologia ou a antropologia, a história ou a psicologia, mesmo com a política, embora não na sua visão imediatista e conjuntural”. Pertencia ao grupo Projornal e associava-se aos irmãos O Jornal, Jornal da Educação, História e Se7e.Os nomes da ficha técnica eram (são) de peso: Augusto Abelaira, Eduardo Prado Coelho e Fernando Assis Pacheco, como coordenadores; João Abel Manta, como responsável artístico. Entre os colaboradores, uma plêiade quase, como se pode ver pelos que intervieram logo no número inaugural: Agustina Bessa Luís (“Cura na montanha e corrupção”, a partir de Dostoievski), Fernando Assis Pacheco (a entrevistar José Cardoso Pires), Francisco Bélard (sobre cinema português), Eduardo Prado Coelho (sobre cinema húngaro e sobre o primeiro volume de Conta-Corrente, de Vergílio Ferreira, de quem eram publicadas algumas páginas já do segundo volume), José Vaz Pereira (sobre televisão), Maria Estrela Serrano e José Manuel Nunes (sobre rádio), Eduardo Lourenço (evocando encontros com Jorge de Sena, de quem também eram publicados três poemas inéditos), Augusto Abelaira (“Ao pé das letras”), David Mourão-Ferreira (sobre o Arquipoeta de Colónia), Fernando Belo (“A crise dos cristãos de esquerda”), José Sesinando (sobre música), Alexandre Pinheiro Torres e Nuno Bragança (cronistas), Manuel Maria Carrilho (sobre livro de José Gil), Paula Morão (sobre vários livros e a propósito do número inicial de Nova Renascença), Urbano Tavares Rodrigues (sobre Fernando Namora), Miguel Serras Pereira, José Palla e Carmo e Fernando Pereira Marques (crítica literária), João Mário Grilo e Guilherme Ismael (sobre cinema), J. Nuno Martins e João de Freitas Branco (sobre música), Maria João Brilhante (sobre teatro), Sílvia Chico (sobre exposições). E notícias, entre outras: Poesia Toda, de Herberto Hélder; 40 anos de vida literária de Óscar Lopes; prémio "Montaigne" para Miguel Torga; morte de António de Sousa; exposição e livro de Júlio Pomar. E os anúncios: top livro da Bertrand; nº 4 da Persona; livrarias ("Leitura", "A Bibliófila", "O Mundo do Livro", "Portugal"); TAP; Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa; obras de Sena e de Cardoso Pires na Moraes; O dia dos prodígios, de Lídia Jorge; editoras ("O Oiro do Dia", "Presença", "Assírio e Alvim", "Valentim de Carvalho", "Multinova"); espectáculos (Pasolini na "Casa da Comédia").36 páginas de novidades. 30 mil exemplares. Até ao número seguinte. Que sairia a 17 de Março e em que o director se regozijava com a recepção: a primeira edição estava praticamente esgotada e, em simultâneo com o nº 2, sucedia a reimpressão do número anterior, assim elevando a tiragem para 40 mil exemplares.Cerca de dois anos e meio depois, em Novembro de 1983, passou a ser semanal (nº 72). Mas o andar dos tempos levou-o de regresso à sua periodicidade de origem. Em Fevereiro de 1992, saía o nº 500. Há duas semanas, em 14 de Janeiro, era o fim dos três dígitos, com o número 999. O título mantinha-se; o director também; as memórias também (provado pela evocação de Rodrigues da Silva); a riqueza e diversidade da cultura de língua portuguesa também.A perspectiva da lusofonia tem sido, aliás, condimento forte, fortíssimo, nas páginas do JL e fácil é concluir que qualquer estudo da cultura lusófona a partir do início da década de 80 do século passado não poderá passar sem a consulta deste jornal. Obrigatoriamente.Amanhã, 28 de Janeiro, sai o nº 1000. Olhó "JL"! Olhó número 1000!Venha o nº 1000, pois! Venham muitos mais!


Estávamos a 3 de Março de 1981. Quase há 28 anos. Às bancas dos periódicos chegava mais um título. “Quinzenalmente, às terças-feiras”. Por 25$00, algo como 0,125 € (a assinatura anual, para o continente e ilhas, custava 520$00, algo como 2,60 €, o preço de cada edição hoje). Duas iniciais ocupavam quase metade do cabeçalho: JL, início de Jornal de Letras, sempre assim conhecido, apesar de o seu nome de baptismo ser um pouco mais comprido – Jornal de letras, artes e ideias. Assim mesmo. E, logo na página 2, José Carlos Vasconcelos, o director, justificava o nascimento e o nome: “Queremos ser um quinzenário de cultura potencialmente para toda a gente. (…) Se a literatura e as artes são o nosso primeiro campo operatório, não é por acaso que no cabeçalho também aparecem as ideias. Queremos que nas nossas páginas também possam ter o seu lugar, por exemplo, questões relacionadas com o urbanismo ou a informação, a ecologia ou a antropologia, a história ou a psicologia, mesmo com a política, embora não na sua visão imediatista e conjuntural”. Pertencia ao grupo Projornal e associava-se aos irmãos O Jornal, Jornal da Educação, História e Se7e.Os nomes da ficha técnica eram (são) de peso: Augusto Abelaira, Eduardo Prado Coelho e Fernando Assis Pacheco, como coordenadores; João Abel Manta, como responsável artístico. Entre os colaboradores, uma plêiade quase, como se pode ver pelos que intervieram logo no número inaugural: Agustina Bessa Luís (“Cura na montanha e corrupção”, a partir de Dostoievski), Fernando Assis Pacheco (a entrevistar José Cardoso Pires), Francisco Bélard (sobre cinema português), Eduardo Prado Coelho (sobre cinema húngaro e sobre o primeiro volume de Conta-Corrente, de Vergílio Ferreira, de quem eram publicadas algumas páginas já do segundo volume), José Vaz Pereira (sobre televisão), Maria Estrela Serrano e José Manuel Nunes (sobre rádio), Eduardo Lourenço (evocando encontros com Jorge de Sena, de quem também eram publicados três poemas inéditos), Augusto Abelaira (“Ao pé das letras”), David Mourão-Ferreira (sobre o Arquipoeta de Colónia), Fernando Belo (“A crise dos cristãos de esquerda”), José Sesinando (sobre música), Alexandre Pinheiro Torres e Nuno Bragança (cronistas), Manuel Maria Carrilho (sobre livro de José Gil), Paula Morão (sobre vários livros e a propósito do número inicial de Nova Renascença), Urbano Tavares Rodrigues (sobre Fernando Namora), Miguel Serras Pereira, José Palla e Carmo e Fernando Pereira Marques (crítica literária), João Mário Grilo e Guilherme Ismael (sobre cinema), J. Nuno Martins e João de Freitas Branco (sobre música), Maria João Brilhante (sobre teatro), Sílvia Chico (sobre exposições). E notícias, entre outras: Poesia Toda, de Herberto Hélder; 40 anos de vida literária de Óscar Lopes; prémio "Montaigne" para Miguel Torga; morte de António de Sousa; exposição e livro de Júlio Pomar. E os anúncios: top livro da Bertrand; nº 4 da Persona; livrarias ("Leitura", "A Bibliófila", "O Mundo do Livro", "Portugal"); TAP; Banco Espírito Santo e Comercial de Lisboa; obras de Sena e de Cardoso Pires na Moraes; O dia dos prodígios, de Lídia Jorge; editoras ("O Oiro do Dia", "Presença", "Assírio e Alvim", "Valentim de Carvalho", "Multinova"); espectáculos (Pasolini na "Casa da Comédia").36 páginas de novidades. 30 mil exemplares. Até ao número seguinte. Que sairia a 17 de Março e em que o director se regozijava com a recepção: a primeira edição estava praticamente esgotada e, em simultâneo com o nº 2, sucedia a reimpressão do número anterior, assim elevando a tiragem para 40 mil exemplares.Cerca de dois anos e meio depois, em Novembro de 1983, passou a ser semanal (nº 72). Mas o andar dos tempos levou-o de regresso à sua periodicidade de origem. Em Fevereiro de 1992, saía o nº 500. Há duas semanas, em 14 de Janeiro, era o fim dos três dígitos, com o número 999. O título mantinha-se; o director também; as memórias também (provado pela evocação de Rodrigues da Silva); a riqueza e diversidade da cultura de língua portuguesa também.A perspectiva da lusofonia tem sido, aliás, condimento forte, fortíssimo, nas páginas do JL e fácil é concluir que qualquer estudo da cultura lusófona a partir do início da década de 80 do século passado não poderá passar sem a consulta deste jornal. Obrigatoriamente.Amanhã, 28 de Janeiro, sai o nº 1000. Olhó "JL"! Olhó número 1000!Venha o nº 1000, pois! Venham muitos mais!

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