Rumo a Bombordo: Excelente texto de Joel Hasse Ferreira publicado no Jornal do Seixal

20-05-2011
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Os “Talibans” ultra-liberais

1. O Ministro das Finanças desdobra-se em debates, entrevistas e outros trabalhos árduos. Desde actuações coligadas das direitas e das extremas-esquerdas até às posições sectárias e incompreensíveis e algumas agências de “rating, muito influentes na concessão e no custo dos empréstimos externos, somam-se um  conjunto  de posições  difíceis  a  ter  em conta.
2. A  posição  de  algumas  agências  de  “rating”  é  influenciada  or dois  graves  preconceitos que nos  tão diferentes casos  de  Portugal,  Espanha e Grécia, de certa forma se conjugam. Algumas destas agências que tanto influenciam o  custo  do  dinheiro para  cada  país,  não  previram,  não  anteciparam nem  mesmo  suspeitaram do  avizinhar  desta  mega crise  económica  e  social, de origem financeira.
3.  Um  dos  preconceito  que  as  norteia  é serem  claramente  anti-socialistas,  contra  políticas solidárias  e  estarem  ideologicamente  coladas  a posições  de  cariz  liberal – conservador, claramente ultrapassadas  pelo  tempo político e pela história económica. Muitas dessas agências nunca explicaram porque  falhou  o  seu modelo de previsão de crises, o  qual  assenta  essencialmente  em  extrapolações, preconceitos  e  manifesta ignorância  do  funcionamento  das  sociedades. A  óptica  é  puramente  financeira  e  descolada  das realidades  económicas  e sociais.  A  sua  prática  de previsão  de  situações  que irão  piorar  encaminha  o sistema  financeiro  para suscitar  condições  mais difíceis a essas economias, criando-lhes  então  maiores  dificuldades  reais.  E depois dirão, com ar satisfeito, refastelados em cima de bónus gigantescos: Nós bem dizíamos!
4.  Mas algumas destas  agências  parece  que sofrem  ainda  doutro  preconceito,  de  carácter  geográfico,  a  roçar  aspectos étnicos.  A  desconfiança sistemática  face  aos  países  do  sul. Não  previram antecipadamente  a  crise irlandesa,  não  lhes  passou  oportunamente  pela cabeça  o  risco  de  bancarrota na Islândia ao mesmo tempo  que  a  economia grega  lhes  parecia  estar bem  com o descalabro da governação  direitista  de Caramanlis  III.  Quando o povo grego deu uma vitória  clara  aos  socialistas do PASOK e se constituiu o Executivo de Papandreu III,  algumas  agências  de “rating”  começaram  a  ratar e, num curto espaço de tempo, descobriram que a situação  económica  grega afinal era má e as finanças públicas  estavam  no  descalabro. Talvez porque ao anterior Executivo de Atenas, como era das direitas, podia-se perdoar o “pecado” de ser grego.
5.  Seria  preciso  que a Europa, os Estados Unidos  da América,  o  Japão e  outros  poderes  efectivos  em Estados  influentes criassem  um  mecanismo eficaz  do  funcionamentos dos  sistemas  de  avaliação das  economias.  Era  preciso  efectivamente  não  só uma  Governação  Económica  Europeia  como  um Conselho  e  segurança Económico  e  Financeiro funcionando  no  âmbito das Nações Unidas.
6.  A  União  Europeia que, até à chegada ao poder de Barack Obama e do novo Governo japonês era o único espaço económico relevante do mundo onde qualquer importante decisão financeira tem que ter em conta as realidades e as perspectivas de evolução  económica  e financeira,  tinha  já  fixado  o  ande 2013 para o retorno a cumprimento do défice de 3% para o Sector Público Administrativo.  Mas  os “talibans”  ultra-liberais querem mais  e mais  rápido. E o povo que se…! 


Os “Talibans” ultra-liberais

1. O Ministro das Finanças desdobra-se em debates, entrevistas e outros trabalhos árduos. Desde actuações coligadas das direitas e das extremas-esquerdas até às posições sectárias e incompreensíveis e algumas agências de “rating, muito influentes na concessão e no custo dos empréstimos externos, somam-se um  conjunto  de posições  difíceis  a  ter  em conta.
2. A  posição  de  algumas  agências  de  “rating”  é  influenciada  or dois  graves  preconceitos que nos  tão diferentes casos  de  Portugal,  Espanha e Grécia, de certa forma se conjugam. Algumas destas agências que tanto influenciam o  custo  do  dinheiro para  cada  país,  não  previram,  não  anteciparam nem  mesmo  suspeitaram do  avizinhar  desta  mega crise  económica  e  social, de origem financeira.
3.  Um  dos  preconceito  que  as  norteia  é serem  claramente  anti-socialistas,  contra  políticas solidárias  e  estarem  ideologicamente  coladas  a posições  de  cariz  liberal – conservador, claramente ultrapassadas  pelo  tempo político e pela história económica. Muitas dessas agências nunca explicaram porque  falhou  o  seu modelo de previsão de crises, o  qual  assenta  essencialmente  em  extrapolações, preconceitos  e  manifesta ignorância  do  funcionamento  das  sociedades. A  óptica  é  puramente  financeira  e  descolada  das realidades  económicas  e sociais.  A  sua  prática  de previsão  de  situações  que irão  piorar  encaminha  o sistema  financeiro  para suscitar  condições  mais difíceis a essas economias, criando-lhes  então  maiores  dificuldades  reais.  E depois dirão, com ar satisfeito, refastelados em cima de bónus gigantescos: Nós bem dizíamos!
4.  Mas algumas destas  agências  parece  que sofrem  ainda  doutro  preconceito,  de  carácter  geográfico,  a  roçar  aspectos étnicos.  A  desconfiança sistemática  face  aos  países  do  sul. Não  previram antecipadamente  a  crise irlandesa,  não  lhes  passou  oportunamente  pela cabeça  o  risco  de  bancarrota na Islândia ao mesmo tempo  que  a  economia grega  lhes  parecia  estar bem  com o descalabro da governação  direitista  de Caramanlis  III.  Quando o povo grego deu uma vitória  clara  aos  socialistas do PASOK e se constituiu o Executivo de Papandreu III,  algumas  agências  de “rating”  começaram  a  ratar e, num curto espaço de tempo, descobriram que a situação  económica  grega afinal era má e as finanças públicas  estavam  no  descalabro. Talvez porque ao anterior Executivo de Atenas, como era das direitas, podia-se perdoar o “pecado” de ser grego.
5.  Seria  preciso  que a Europa, os Estados Unidos  da América,  o  Japão e  outros  poderes  efectivos  em Estados  influentes criassem  um  mecanismo eficaz  do  funcionamentos dos  sistemas  de  avaliação das  economias.  Era  preciso  efectivamente  não  só uma  Governação  Económica  Europeia  como  um Conselho  e  segurança Económico  e  Financeiro funcionando  no  âmbito das Nações Unidas.
6.  A  União  Europeia que, até à chegada ao poder de Barack Obama e do novo Governo japonês era o único espaço económico relevante do mundo onde qualquer importante decisão financeira tem que ter em conta as realidades e as perspectivas de evolução  económica  e financeira,  tinha  já  fixado  o  ande 2013 para o retorno a cumprimento do défice de 3% para o Sector Público Administrativo.  Mas  os “talibans”  ultra-liberais querem mais  e mais  rápido. E o povo que se…! 

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