O Arquivo: Cortar à Direita

04-08-2010
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Em Setembro de 2004, estava o PS em campanha interna para a sua liderança e comentavam os então candidatos a aplicação de taxas moderadoras decidida pelo Governo de Santana Lopes: José Sócrates falava de “um novo imposto”, Manuel Alegre de “uma dupla-tributação” e de uma “medida inconstitucional” e João Soares considerava-a “a mais profunda das demagogias”.Aos três, juntavam-se os restantes partidos de esquerda, as Centrais Sindicais, a Igreja Católica e, claro, o Presidente da República; num cenário devidamente enquadrado pela imprensa e pelos líderes de opinião, como Marcelo Rebelo de Sousa.Foi tão só uma medida, que se veio a confirmar justa e inevitável e que não se compara com a violência das reformas em curso no sector da Saúde, que passam pelo encerramento de urgências ou maternidades.Como se explica, então, que o ambiente político e social seja hoje muito mais sereno e tranquilo? Primeiro, porque os portugueses são, na sua maioria, estruturalmente de esquerda. Não prescindem de um Estado omnipresente, que lhes garanta emprego, saúde e reforma.Por isso, conviveram 4 décadas com o paternalismo de Salazar e o substituíram, primeiro por Soares, e depois por Cavaco.Segundo, porque enquanto as forças políticas de direita se resumem à intervenção na vida partidária, os partidos de esquerda alastram a influência por toda a sociedade.Estão em força na maçonaria, nos sindicatos, nas universidades, na comunicação social. Os seus militantes inundam todo o aparelho de estado, num exército que vai resistindo aos sucessivos governos e que é quem verdadeiramente influencia o País.Veja-se a lista de António Costa que saiu vencedora nas eleições intercalares de Lisboa. Lá estavam os interesses imobiliários no seu nº. 2, um dos maiores escritórios de advogados representado no seu man-datário e a maior construtora do País numa candidata a Vereadora.Durante 2 meses, os jornais repetiram-se nos elogios a um “excelente Ministro” que certamente dará um “autarca de excelência”.Não alcançou a vitória esmagadora que as sondagens amigas apontavam, mas ganhou sem desgaste ou contestação.Se não perceber que é este o País em que vivemos, dificilmente o centro-direita terá sucesso nos próximos anos. Durval Tiago Ferreira


Em Setembro de 2004, estava o PS em campanha interna para a sua liderança e comentavam os então candidatos a aplicação de taxas moderadoras decidida pelo Governo de Santana Lopes: José Sócrates falava de “um novo imposto”, Manuel Alegre de “uma dupla-tributação” e de uma “medida inconstitucional” e João Soares considerava-a “a mais profunda das demagogias”.Aos três, juntavam-se os restantes partidos de esquerda, as Centrais Sindicais, a Igreja Católica e, claro, o Presidente da República; num cenário devidamente enquadrado pela imprensa e pelos líderes de opinião, como Marcelo Rebelo de Sousa.Foi tão só uma medida, que se veio a confirmar justa e inevitável e que não se compara com a violência das reformas em curso no sector da Saúde, que passam pelo encerramento de urgências ou maternidades.Como se explica, então, que o ambiente político e social seja hoje muito mais sereno e tranquilo? Primeiro, porque os portugueses são, na sua maioria, estruturalmente de esquerda. Não prescindem de um Estado omnipresente, que lhes garanta emprego, saúde e reforma.Por isso, conviveram 4 décadas com o paternalismo de Salazar e o substituíram, primeiro por Soares, e depois por Cavaco.Segundo, porque enquanto as forças políticas de direita se resumem à intervenção na vida partidária, os partidos de esquerda alastram a influência por toda a sociedade.Estão em força na maçonaria, nos sindicatos, nas universidades, na comunicação social. Os seus militantes inundam todo o aparelho de estado, num exército que vai resistindo aos sucessivos governos e que é quem verdadeiramente influencia o País.Veja-se a lista de António Costa que saiu vencedora nas eleições intercalares de Lisboa. Lá estavam os interesses imobiliários no seu nº. 2, um dos maiores escritórios de advogados representado no seu man-datário e a maior construtora do País numa candidata a Vereadora.Durante 2 meses, os jornais repetiram-se nos elogios a um “excelente Ministro” que certamente dará um “autarca de excelência”.Não alcançou a vitória esmagadora que as sondagens amigas apontavam, mas ganhou sem desgaste ou contestação.Se não perceber que é este o País em que vivemos, dificilmente o centro-direita terá sucesso nos próximos anos. Durval Tiago Ferreira

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