Não vou aqui fazer uma crítica literária a O Codex 632 de José Rodrigues dos Santos, que isso, na Cidadela, é secção da Carla Faleiro. Sobre o livro, direi apenas que Rodrigues dos Santos e a Gradiva se esqueceram de referir que toda a investigação sobre as origens de Colombo levou 20 anos a ser feita por Augusto Mascarenhas Barreto e que os resultados dessa investigação foram apresentados pelo próprio Barreto, em livro, em 1988.
Como o espaço é curto para explicar tudo, fiquemos apenas com um excerto de uma entrevista dada pelo investigador em 1991 à revista K: “No séc. XV, era impossível a um genovês chegar cá e casar logo com a filha de um Bartolomeu Perestrelo. No séc. XV, era impossível a um genovês, cardador de lã e taberneiro, chegar cá e o rei mandá-lo sentar na sua presença para conversarem, convidá-lo para a mesa. E escrever-lhe uma carta em tom de «nosso querido amigo Cristóvão Colombo, em Sevilha». Estamos no séc. XV, não estamos no séc. XX. E mesmo no séc. XX, se aparecer por cá um cardador de lã, genovês, nem sequer vai poder falar com o Mário Soares, nem sequer com o Cavaco (…) Era também impossível que no séc. XV um taberneiro cardador de lãs, que até aos 24 anos só tinha problemas com os credores tivesse os seus conhecimentos de cosmografia, ciência náutica, teologia, línguas clássicas e até actuais. Depois havia uma data de discrepâncias, porque ele dizia que tinha andado com os portugueses no mar desde os catorze anos; não podia ser o mesmo. Além disso, «o outro» nasceu em 1451 e eu acabei por verificar pelas próprias declarações do Colombo que nasceu em 1448. Como é pouco natural que um homem nasça duas vezes, parti do princípio que estava errado. Outra coisa ainda: os genoveses apresentam uma casa onde supostamente Colombo nasceu (já a devem ter mostrado ao Presidente Mário Soares, pois apresentam-na a todos os saloios). É uma casa que foi adquirida pelo pai do cardador de lãs cinco anos depois de este ter nascido e, mesmo assim, consegue nascer nessa casa, o que é difícil de aceitar mesmo para um analfabeto que não saiba matemática”.
Uma das coisas notáveis de Barreto é ser um dos poucos que chamam os bois pelos nomes, como se vê neste excerto. Ao que fica do excerto, acrescente-se que Colombo nunca escreveu nada em italiano. Dizem os da tese genovesa que provavelmente se terá esquecido da língua, uma vez que viveu muito tempo fora da Península Itálica. Este argumento chega a ser imbecil. Estive entre os 2 e os 9 anos de idade num país de língua castelhana, onde fiz a escola primária. A partir daí – já lá vão quase trinta anos – a minha única língua do dia-a-dia passou a ser o português. Acham que, por causa disso, me esqueci de como se fala ou escreve em castelhano? Claro que não! Mais: quando o livro de Mascarenhas Barreto foi publicado, em 1988, os ingleses não perderam tempo e assinaram com Barreto um contrato de distribuição mundial do livro. A editora Mcmillan, uma das maiores do mundo, confirmou antes a veracidade das conclusões apresentadas. Em Portugal, a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos nunca reconheceu o livro nem a tese da nacionalidade portuguesa de Colombo. Vasco Graça Moura, um dos boys do costume (por acaso do PSD, mas poderia ser do PS, que ia dar ao mesmo), foi um dos acérrimos opositores deste livro. Não admira. Os portugueses costumam preferir mitos esquizofrénicos como o de Fátima a investigações bem documentadas. E, se calhar, não quiseram ofender os nossos amigos italianos. Subserviência típica dos imbecis que por cá temos. Veja-se o que se passou nas Lajes, com o garçon Durão Barroso a “servir cafés” a Bush e Blair, apoiando uma invasão justificada por mentiras. Veja-se, mais recentemente, Freitas do Amaral, que “apunhalou” a Dinamarca em nome das boas relações com o “amigo” iraniano Ahmadinejad.
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Não vou aqui fazer uma crítica literária a O Codex 632 de José Rodrigues dos Santos, que isso, na Cidadela, é secção da Carla Faleiro. Sobre o livro, direi apenas que Rodrigues dos Santos e a Gradiva se esqueceram de referir que toda a investigação sobre as origens de Colombo levou 20 anos a ser feita por Augusto Mascarenhas Barreto e que os resultados dessa investigação foram apresentados pelo próprio Barreto, em livro, em 1988.
Como o espaço é curto para explicar tudo, fiquemos apenas com um excerto de uma entrevista dada pelo investigador em 1991 à revista K: “No séc. XV, era impossível a um genovês chegar cá e casar logo com a filha de um Bartolomeu Perestrelo. No séc. XV, era impossível a um genovês, cardador de lã e taberneiro, chegar cá e o rei mandá-lo sentar na sua presença para conversarem, convidá-lo para a mesa. E escrever-lhe uma carta em tom de «nosso querido amigo Cristóvão Colombo, em Sevilha». Estamos no séc. XV, não estamos no séc. XX. E mesmo no séc. XX, se aparecer por cá um cardador de lã, genovês, nem sequer vai poder falar com o Mário Soares, nem sequer com o Cavaco (…) Era também impossível que no séc. XV um taberneiro cardador de lãs, que até aos 24 anos só tinha problemas com os credores tivesse os seus conhecimentos de cosmografia, ciência náutica, teologia, línguas clássicas e até actuais. Depois havia uma data de discrepâncias, porque ele dizia que tinha andado com os portugueses no mar desde os catorze anos; não podia ser o mesmo. Além disso, «o outro» nasceu em 1451 e eu acabei por verificar pelas próprias declarações do Colombo que nasceu em 1448. Como é pouco natural que um homem nasça duas vezes, parti do princípio que estava errado. Outra coisa ainda: os genoveses apresentam uma casa onde supostamente Colombo nasceu (já a devem ter mostrado ao Presidente Mário Soares, pois apresentam-na a todos os saloios). É uma casa que foi adquirida pelo pai do cardador de lãs cinco anos depois de este ter nascido e, mesmo assim, consegue nascer nessa casa, o que é difícil de aceitar mesmo para um analfabeto que não saiba matemática”.
Uma das coisas notáveis de Barreto é ser um dos poucos que chamam os bois pelos nomes, como se vê neste excerto. Ao que fica do excerto, acrescente-se que Colombo nunca escreveu nada em italiano. Dizem os da tese genovesa que provavelmente se terá esquecido da língua, uma vez que viveu muito tempo fora da Península Itálica. Este argumento chega a ser imbecil. Estive entre os 2 e os 9 anos de idade num país de língua castelhana, onde fiz a escola primária. A partir daí – já lá vão quase trinta anos – a minha única língua do dia-a-dia passou a ser o português. Acham que, por causa disso, me esqueci de como se fala ou escreve em castelhano? Claro que não! Mais: quando o livro de Mascarenhas Barreto foi publicado, em 1988, os ingleses não perderam tempo e assinaram com Barreto um contrato de distribuição mundial do livro. A editora Mcmillan, uma das maiores do mundo, confirmou antes a veracidade das conclusões apresentadas. Em Portugal, a Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos nunca reconheceu o livro nem a tese da nacionalidade portuguesa de Colombo. Vasco Graça Moura, um dos boys do costume (por acaso do PSD, mas poderia ser do PS, que ia dar ao mesmo), foi um dos acérrimos opositores deste livro. Não admira. Os portugueses costumam preferir mitos esquizofrénicos como o de Fátima a investigações bem documentadas. E, se calhar, não quiseram ofender os nossos amigos italianos. Subserviência típica dos imbecis que por cá temos. Veja-se o que se passou nas Lajes, com o garçon Durão Barroso a “servir cafés” a Bush e Blair, apoiando uma invasão justificada por mentiras. Veja-se, mais recentemente, Freitas do Amaral, que “apunhalou” a Dinamarca em nome das boas relações com o “amigo” iraniano Ahmadinejad.