Tiago Loureiro

26-05-2011
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O meu artigo publicado hoje no Diário Económico.

Goste-se ou não do género (eu não acho grande grande coisa), é fácil reconhecer que a música de intervenção têm um espaço importante na história não muito longínqua do nosso País.

Nos tempos em que o uso de certas palavras era um privilégio só ao alcance dos mais hábeis, o jeito para colocar a indignação em verso e melodia era um acto de irreverência que, por vezes, movia montanhas e provocava no seu alvo danos assinaláveis. Hoje, da mesma forma a que nos vamos habituando a assistir ao empobrecer do país – em dinheiro e em génio – damos por nós a assistir ao abastardamento dessa forma de intervenção por iniciativa daqueles que se reclamam ‘filhos’ de quem outrora a dignificou.

Procuram, com os seus cantares de indignação pretensamente representantes de um povo, esvaziar a legitimidade do governo e fazê-lo cair. Pretensão tonta. A legitimidade de um governo não se mede pelo número de vaias de que os seus ministros são vítimas ou pelo número de figurantes que se desdobram em manifestações de gosto musical duvidoso e pouco original, onde a espontaneidade e a candura partidária não são mais do que meros adereços. Se é verdade que num regime democrático, tal como reza a cantilena de Zeca Afonso, o povo é quem mais ordena, também é verdade que o povo não pode ser confundido com um grupelho de indignados profissionais que se reveza para cantar os amanhãs de Abril aos ministros.

A legitimidade de um governo decorre, isso sim, dos votos da maioria dos que se dão ao trabalho de votar e, com isso, dar corpo a um verdadeiro regime democrático. E, gostem ou não os que se indignam de forma mais ou menos civilizada, este Governo está legitimado por uma maioria parlamentar que resultou da vontade popular expressa em votos.

Já lá vai o tempo em que as palavras de Zeca Afonso serviram para abrir caminho à democracia. Hoje, estão transformadas em armas de arremesso para atacar o resultado do normal funcionamento da mesma. E isto não é apenas uma ironia da vida. É essencialmente a pobreza de espírito dos dias que correm.

O meu artigo publicado hoje no Diário Económico.

Goste-se ou não do género (eu não acho grande grande coisa), é fácil reconhecer que a música de intervenção têm um espaço importante na história não muito longínqua do nosso País.

Nos tempos em que o uso de certas palavras era um privilégio só ao alcance dos mais hábeis, o jeito para colocar a indignação em verso e melodia era um acto de irreverência que, por vezes, movia montanhas e provocava no seu alvo danos assinaláveis. Hoje, da mesma forma a que nos vamos habituando a assistir ao empobrecer do país – em dinheiro e em génio – damos por nós a assistir ao abastardamento dessa forma de intervenção por iniciativa daqueles que se reclamam ‘filhos’ de quem outrora a dignificou.

Procuram, com os seus cantares de indignação pretensamente representantes de um povo, esvaziar a legitimidade do governo e fazê-lo cair. Pretensão tonta. A legitimidade de um governo não se mede pelo número de vaias de que os seus ministros são vítimas ou pelo número de figurantes que se desdobram em manifestações de gosto musical duvidoso e pouco original, onde a espontaneidade e a candura partidária não são mais do que meros adereços. Se é verdade que num regime democrático, tal como reza a cantilena de Zeca Afonso, o povo é quem mais ordena, também é verdade que o povo não pode ser confundido com um grupelho de indignados profissionais que se reveza para cantar os amanhãs de Abril aos ministros.

A legitimidade de um governo decorre, isso sim, dos votos da maioria dos que se dão ao trabalho de votar e, com isso, dar corpo a um verdadeiro regime democrático. E, gostem ou não os que se indignam de forma mais ou menos civilizada, este Governo está legitimado por uma maioria parlamentar que resultou da vontade popular expressa em votos.

Já lá vai o tempo em que as palavras de Zeca Afonso serviram para abrir caminho à democracia. Hoje, estão transformadas em armas de arremesso para atacar o resultado do normal funcionamento da mesma. E isto não é apenas uma ironia da vida. É essencialmente a pobreza de espírito dos dias que correm.

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