"Ninguém como eu pode mobilizar votos para travar Cavaco Silva"

21-01-2011
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Diz que não é uma correia de transmissão do PCP e que a sua desistência aumentaria a hipótese de Cavaco ser eleito à primeira volta

Francisco Lopes,

candidato do PCP

a Belém Francisco Lopes foi escolhido, aos 55 anos, para avançar com a candidatura comunista ao mais alto cargo da hierarquia do Estado português. É funcionário do partido desde que é adulto. Integrou o Comité Central em 1979, o Secretariado em 1988 e está na Comissão Política desde 1990.

Candidata-se porquê?

Candidato-me por causa da situação do país neste momento e da necessidade de introduzir na Presidência da República uma alternativa para as funções presidenciais que contribua para a ruptura com o rumo de injustiças sociais que tem estado a ser seguida e que aponte no sentido das grandes potencialidades nacionais para um futuro de desenvolvimento, progresso e justiça social.

As candidaturas presidenciais são unipessoais. O seu caso não é único, já houve antes e há mais candidaturas partidárias agora. Mas não pode ser prejudicado por isso?

A minha candidatura é unipessoal a um órgão unipessoal, mas é decidida pelo PCP. E isso dá-lhe uma marca de garantia quanto a coerência, objectivos e compromissos com os trabalhadores e o país. Mas é uma candidatura que se dirige a todos os portugueses, a todos aqueles que estão atingidos por um rumo que, se não for interrompido, leva ao desastre.

Não teme ser visto como uma correia de transmissão, um porta-voz do PCP?

Eu insiro-me, com as ideias e as concepções que tenho, no PCP. Eu sou hoje o que fui antes de ser candidato. E quando me dirijo aos trabalhadores e ao povo português é com a plenitude daquilo que são as minhas características e do meu projecto. Mas o meu projecto é um projecto patriótico e de esquerda, ajustado às exigências actuais do país e que se dirige a todos os portugueses, independentemente das opções que tomaram em anteriores eleições. Dirijo-me a todos e a cada um, para que cada um reflicta na situação actual do país e decida fazer uma escolha diferente. Porque as escolhas que têm sido feitas são as que no plano político têm afundado o país e têm criado este quadro desgraçado de injustiças sociais.

A sua candidatura é para manter mesmo?

Isso é uma questão que está esclarecida desde o primeiro momento.

Se, em Janeiro, todas as sondagens apontarem para um empate técnico entre Cavaco Silva e Manuel Alegre, qual é a atitude do PCP? Concorre para uma derrota de esquerda, neste cenário?

Sou candidato à Presidência da República e não sou comentador de sondagens. Nem agora, nem em Janeiro.

As avaliações são feitas através de sondagens.

Eu não faço. E acho, aliás, que há uma questão essencial que se coloca hoje aos portugueses, que é olharem mais para o país e para a sua própria vida e definirem as suas opções de voto em função da sua vida e da resolução dos seus problemas e não tanto daquilo que mostram as sondagens. Este é o primeiro ponto. Segundo: eu candidato-me com um projecto para o país, de ruptura e mudança deste rumo. De afirmação de uma concepção patriótica e de esquerda. E nenhuma das outras candidaturas comporta estas características. Todas elas, de uma forma ou de outra, estão comprometidas com este afundamento do país. A minha candidatura é a única que comporta o sinal do que é indispensável fazer.

Mas isso é até ao princípio de Janeiro...

Não, não. Isto é até à primeira volta das eleições! Caberá ao povo português decidir quem vai à segunda volta. E eu bato-me para ir à segunda volta. E bato-me para ser Presidente. É isso que Portugal precisa neste momento.

Se Cavaco Silva ganha à primeira volta, fica com o ónus...

Não! Eu vou empenhar-me para a mobilização de todos os votos, de todos os apoios da minha candidatura que dificultem e impeçam que Cavaco Silva seja eleito à primeira volta. E reconhecerá que ninguém como eu pode ter a capacidade de mobilizar os trabalhadores, o povo português, particularmente aqueles que foram atingidos por esta política e que vêem no professor Cavaco Silva um dos responsáveis por esta política e em Manuel Alegre um candidato do PS e do Bloco de Esquerda, comprometido com o rumo dos últimos anos, e que se tem caracterizado nos últimos dias por uma atitude de colagem às medidas, às propostas e ao projecto do Governo.

Ninguém como eu pode mobilizar os votos que são indispensáveis para impedir que Cavaco Silva possa ser eleito à primeira volta.

Se as sondagens, no início de Janeiro, indicarem um empate técnico entre Cavaco e Alegre, Francisco Lopes assume a responsabilidade histórica de poder entregar, com a manutenção da sua candidatura, o poder a Cavaco?

Mas em nenhum caso isso sucederia. Se a situação fosse essa, todos os votos da minha candidatura seriam votos que impediriam que Cavaco Silva ganhasse à primeira volta.

Os seus votos não seriam transferíveis para Cavaco. No caso de uma desistência, não iria apelar ao voto em Cavaco. Apelaria ao voto em Alegre.

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Na primeira volta, Cavaco Silva só tem possibilidade de ser eleito se tiver mais de 50 por cento dos votos. Todos os votos na minha candidatura são votos que impedem que Cavaco seja eleito.

Apelando ao voto em Manuel Alegre...

Isso seria uma coisa absolutamente inconcebível, por duas razões: retirava aquela que é a verdadeira alternativa que o povo português tem para o exercício das funções presidenciais; e facilitaria fenómenos de abstenção que só dariam mais possibilidades a Cavaco Silva.

Então acha que Álvaro Cunhal fez um disparate quando retirou a candidatura de Carlos Brito para apoiar Mário Soares.

O que eu acho é que temos de ter em conta os critérios de avaliação que levaram a direcção do partido a decidir o que se decidiu na altura. Cada situação é uma situação. Nós temos de fazer a análise correspondente à situação que se vive.

Portugal, desde o fascismo que não tem uma situação tão grave como a actual. E só há uma forma de lhe responder: um projecto político diferente, patriótico e de esquerda, de esperança e confiança no futuro. E a minha candidatura é a única que, no quadro das eleições presidenciais, traduz esse projecto.

Diz que não é uma correia de transmissão do PCP e que a sua desistência aumentaria a hipótese de Cavaco ser eleito à primeira volta

Francisco Lopes,

candidato do PCP

a Belém Francisco Lopes foi escolhido, aos 55 anos, para avançar com a candidatura comunista ao mais alto cargo da hierarquia do Estado português. É funcionário do partido desde que é adulto. Integrou o Comité Central em 1979, o Secretariado em 1988 e está na Comissão Política desde 1990.

Candidata-se porquê?

Candidato-me por causa da situação do país neste momento e da necessidade de introduzir na Presidência da República uma alternativa para as funções presidenciais que contribua para a ruptura com o rumo de injustiças sociais que tem estado a ser seguida e que aponte no sentido das grandes potencialidades nacionais para um futuro de desenvolvimento, progresso e justiça social.

As candidaturas presidenciais são unipessoais. O seu caso não é único, já houve antes e há mais candidaturas partidárias agora. Mas não pode ser prejudicado por isso?

A minha candidatura é unipessoal a um órgão unipessoal, mas é decidida pelo PCP. E isso dá-lhe uma marca de garantia quanto a coerência, objectivos e compromissos com os trabalhadores e o país. Mas é uma candidatura que se dirige a todos os portugueses, a todos aqueles que estão atingidos por um rumo que, se não for interrompido, leva ao desastre.

Não teme ser visto como uma correia de transmissão, um porta-voz do PCP?

Eu insiro-me, com as ideias e as concepções que tenho, no PCP. Eu sou hoje o que fui antes de ser candidato. E quando me dirijo aos trabalhadores e ao povo português é com a plenitude daquilo que são as minhas características e do meu projecto. Mas o meu projecto é um projecto patriótico e de esquerda, ajustado às exigências actuais do país e que se dirige a todos os portugueses, independentemente das opções que tomaram em anteriores eleições. Dirijo-me a todos e a cada um, para que cada um reflicta na situação actual do país e decida fazer uma escolha diferente. Porque as escolhas que têm sido feitas são as que no plano político têm afundado o país e têm criado este quadro desgraçado de injustiças sociais.

A sua candidatura é para manter mesmo?

Isso é uma questão que está esclarecida desde o primeiro momento.

Se, em Janeiro, todas as sondagens apontarem para um empate técnico entre Cavaco Silva e Manuel Alegre, qual é a atitude do PCP? Concorre para uma derrota de esquerda, neste cenário?

Sou candidato à Presidência da República e não sou comentador de sondagens. Nem agora, nem em Janeiro.

As avaliações são feitas através de sondagens.

Eu não faço. E acho, aliás, que há uma questão essencial que se coloca hoje aos portugueses, que é olharem mais para o país e para a sua própria vida e definirem as suas opções de voto em função da sua vida e da resolução dos seus problemas e não tanto daquilo que mostram as sondagens. Este é o primeiro ponto. Segundo: eu candidato-me com um projecto para o país, de ruptura e mudança deste rumo. De afirmação de uma concepção patriótica e de esquerda. E nenhuma das outras candidaturas comporta estas características. Todas elas, de uma forma ou de outra, estão comprometidas com este afundamento do país. A minha candidatura é a única que comporta o sinal do que é indispensável fazer.

Mas isso é até ao princípio de Janeiro...

Não, não. Isto é até à primeira volta das eleições! Caberá ao povo português decidir quem vai à segunda volta. E eu bato-me para ir à segunda volta. E bato-me para ser Presidente. É isso que Portugal precisa neste momento.

Se Cavaco Silva ganha à primeira volta, fica com o ónus...

Não! Eu vou empenhar-me para a mobilização de todos os votos, de todos os apoios da minha candidatura que dificultem e impeçam que Cavaco Silva seja eleito à primeira volta. E reconhecerá que ninguém como eu pode ter a capacidade de mobilizar os trabalhadores, o povo português, particularmente aqueles que foram atingidos por esta política e que vêem no professor Cavaco Silva um dos responsáveis por esta política e em Manuel Alegre um candidato do PS e do Bloco de Esquerda, comprometido com o rumo dos últimos anos, e que se tem caracterizado nos últimos dias por uma atitude de colagem às medidas, às propostas e ao projecto do Governo.

Ninguém como eu pode mobilizar os votos que são indispensáveis para impedir que Cavaco Silva possa ser eleito à primeira volta.

Se as sondagens, no início de Janeiro, indicarem um empate técnico entre Cavaco e Alegre, Francisco Lopes assume a responsabilidade histórica de poder entregar, com a manutenção da sua candidatura, o poder a Cavaco?

Mas em nenhum caso isso sucederia. Se a situação fosse essa, todos os votos da minha candidatura seriam votos que impediriam que Cavaco Silva ganhasse à primeira volta.

Os seus votos não seriam transferíveis para Cavaco. No caso de uma desistência, não iria apelar ao voto em Cavaco. Apelaria ao voto em Alegre.

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Na primeira volta, Cavaco Silva só tem possibilidade de ser eleito se tiver mais de 50 por cento dos votos. Todos os votos na minha candidatura são votos que impedem que Cavaco seja eleito.

Apelando ao voto em Manuel Alegre...

Isso seria uma coisa absolutamente inconcebível, por duas razões: retirava aquela que é a verdadeira alternativa que o povo português tem para o exercício das funções presidenciais; e facilitaria fenómenos de abstenção que só dariam mais possibilidades a Cavaco Silva.

Então acha que Álvaro Cunhal fez um disparate quando retirou a candidatura de Carlos Brito para apoiar Mário Soares.

O que eu acho é que temos de ter em conta os critérios de avaliação que levaram a direcção do partido a decidir o que se decidiu na altura. Cada situação é uma situação. Nós temos de fazer a análise correspondente à situação que se vive.

Portugal, desde o fascismo que não tem uma situação tão grave como a actual. E só há uma forma de lhe responder: um projecto político diferente, patriótico e de esquerda, de esperança e confiança no futuro. E a minha candidatura é a única que, no quadro das eleições presidenciais, traduz esse projecto.

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