nortadas: Os silêncios cúmplices da Igreja segundo VPV

01-06-2010
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Vasco Pulido Valente, no Público de Domingo, fazendo a resenha do pensamento pequeno, ressabiado, jacobino, republicano e, sobretudo, anticlerical dos bem pensantes nacionais, mais uma vez tenta invectivar contra a Igreja, contra a magistratura pontifícia. Debalde. Ninguém quer fazer de todos os Papas uns santos, imaculados. A Igreja no seu magistério e a na sua acção não é perfeita. As contingências da sua temporalidade a isso determinam. É uma instituição feita por homens, e, como tal, sujeita às mesmas fraquezas e grandezas que do espírito humano poderão brotar. Isto para ficarmos na aridez de uma análise friamente asséptica de qualquer metafísica. Posto isto, e indo ao encontro do que VPV afirma acerca da posição da Igreja Católica, nomeadamente, o seu alegado abstencionismo, personalizado por Pio XI e XII, aquando da Shoa, convirá dizer o seguinte: Não é bem verdade o que VPV diz.- A Encíclica Mit Brennender Sorge “foi lida em todas as Igrejas depois de ter sido distribuída no máximo segredo. A encíclica aparecia após anos de abusos e violências e fora expressamente pedida a Pio XI pelos Bispos alemães, após as medidas cada vez mais coactivas e repressivas tomadas pelo III Reich em 1936, particularmente em relação aos jovens, obrigados a inscrever-se na “Juventude Hitleriana”. O Papa dirige-se aos sacerdotes e aos religiosos, aos fiéis leigos, para os incentivar e chamar à resistência, enquanto uma verdadeira paz entre a Igreja e o Estado não se restabelecesse.” Quanto ao silêncio póstumo à Encíclica, as coisas parecem um pouco mais barulhentas. Pio XI, perante a difusão do anti-semitismo afirmou : “Somos espiritualmente semitas” no seu Discurso aos Jornalistas Belgas da Rádio, 06/09/1938.Curiosamente – porque o regime soviético também foi igualmente iníquo - facto que a nossa inteligentsia se olvida recorrentemente - com a carta encíclica Divini Redemptoris, debruça-se sobre o comunismo ateu, criticando de modo sistemático o comunismo, definindo-o como “intrinsecamente perverso”. Nas radiomensagens natalícias ao longo do conflito Mundial, Pio XII “aprofunda a reflexão magisterial sobre uma nova ordem social, governada pela moral e pelo direito e fundada na justiça e na paz.” (In Compêndio da Doutrina Social da Igreja, pág. 74 e ss.). Poderia a Igreja ter ido muito mais longe….claro que sim… mas a ideia que VPV pretende passar é a de uma total ausência de posição. Muitas foram as contingências que na altura ocorreram, e o papel da Igreja poderia ter sido muito mais activo. Porém, numa cena de conflito armado, pouco mais a Igreja tinha a fazer do que ser a voz da consciência e da esperança numa nova ordem mundial, forjada na justiça, na paz e no respeito absoluto pela dignidade da pessoa humana. E isso nunca a Igreja calou.


Vasco Pulido Valente, no Público de Domingo, fazendo a resenha do pensamento pequeno, ressabiado, jacobino, republicano e, sobretudo, anticlerical dos bem pensantes nacionais, mais uma vez tenta invectivar contra a Igreja, contra a magistratura pontifícia. Debalde. Ninguém quer fazer de todos os Papas uns santos, imaculados. A Igreja no seu magistério e a na sua acção não é perfeita. As contingências da sua temporalidade a isso determinam. É uma instituição feita por homens, e, como tal, sujeita às mesmas fraquezas e grandezas que do espírito humano poderão brotar. Isto para ficarmos na aridez de uma análise friamente asséptica de qualquer metafísica. Posto isto, e indo ao encontro do que VPV afirma acerca da posição da Igreja Católica, nomeadamente, o seu alegado abstencionismo, personalizado por Pio XI e XII, aquando da Shoa, convirá dizer o seguinte: Não é bem verdade o que VPV diz.- A Encíclica Mit Brennender Sorge “foi lida em todas as Igrejas depois de ter sido distribuída no máximo segredo. A encíclica aparecia após anos de abusos e violências e fora expressamente pedida a Pio XI pelos Bispos alemães, após as medidas cada vez mais coactivas e repressivas tomadas pelo III Reich em 1936, particularmente em relação aos jovens, obrigados a inscrever-se na “Juventude Hitleriana”. O Papa dirige-se aos sacerdotes e aos religiosos, aos fiéis leigos, para os incentivar e chamar à resistência, enquanto uma verdadeira paz entre a Igreja e o Estado não se restabelecesse.” Quanto ao silêncio póstumo à Encíclica, as coisas parecem um pouco mais barulhentas. Pio XI, perante a difusão do anti-semitismo afirmou : “Somos espiritualmente semitas” no seu Discurso aos Jornalistas Belgas da Rádio, 06/09/1938.Curiosamente – porque o regime soviético também foi igualmente iníquo - facto que a nossa inteligentsia se olvida recorrentemente - com a carta encíclica Divini Redemptoris, debruça-se sobre o comunismo ateu, criticando de modo sistemático o comunismo, definindo-o como “intrinsecamente perverso”. Nas radiomensagens natalícias ao longo do conflito Mundial, Pio XII “aprofunda a reflexão magisterial sobre uma nova ordem social, governada pela moral e pelo direito e fundada na justiça e na paz.” (In Compêndio da Doutrina Social da Igreja, pág. 74 e ss.). Poderia a Igreja ter ido muito mais longe….claro que sim… mas a ideia que VPV pretende passar é a de uma total ausência de posição. Muitas foram as contingências que na altura ocorreram, e o papel da Igreja poderia ter sido muito mais activo. Porém, numa cena de conflito armado, pouco mais a Igreja tinha a fazer do que ser a voz da consciência e da esperança numa nova ordem mundial, forjada na justiça, na paz e no respeito absoluto pela dignidade da pessoa humana. E isso nunca a Igreja calou.

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