GENTE DO MEU TEMPO.: Riquita Miss Angola e Miss Portugal 1971

18-12-2009
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1. Celmira Bauleth (Riquita), ainda era uma menininha e já exibia o porte da futura rainha de beleza que veio a ser. A seu lado Rui e Vitó Torres.2. Riquita , a Welwitschia Milrabilis e o Deserto do Namibe, cerca de 9 anos, em 19713. Riquita em 1971 quando eleita miss Portugal, a desfilar no Casino do Estoril. Foto de LaySilva - Sanzalangola.4. Riquita, Miss Portugal 1971, junto da equipa do Independente Sport Clube de Porto Alexandre , a equipa que por três anos consecutivos foi campeã de Angola de futebol sénior.5. Riquita, Miss Portugal 1971 3 as «6 horas de Nova Lisboa em 1972».6. Posando para anúncios.Encontrei na Net esta pequena "estória" de como Riquita convidada para estar nas "6 Horas" de 1971, não esteve, devido às exigências da organização que a tutelava e acabou por dar a volta de honra na edição de 1972Em 1971, Maria Celmira Bauleth, natural de Moçamedes, ganhou o concurso de Miss Portugal, o que foi motivo de orgulho para os angolanos.Como homenagem, a organização das “6 Horas de Nova Lisboa” endereçou-lhe um convite para assistir aquela prova como convidada de honra.A Riquita, como era vulgarmente tratada, manifestou o desejo de aceder à distinção se, nessa data, se encontrasse em Moçamedes e tal lhe fosse permitido pela organização a que se encontrava ligada, ou seja, o semanário Notícia”Posto o assunto aquela entidade, rapidamente, recebemos uma resposta afirmativa, mas com uma série de condições que logo rejeitámos por inaceitáveis.Na íntegra, “Notícia” exigia: «Miss Portugal» assistirá como convidada à Prova «6 Horas de Nova Lisboa», não podendo ser utilizada em qualquer manifestação de carácter comercial ou publicitário – que teria de ser objecto de contracto específico;«Miss Portugal» será acompanhada por uma pessoa de família e por um elemento da Organização (NOTÍCIA) a quem caberá a responsabilidade da aprovação do programa da sua estadia. Os encargos, de vossa conta serão:- Transportes aéreos Moçâmedes – Nova Lisboa – Moçâmedes para 2 pessoas (Miss Portugal e pessoa de família);- Transporte aéreo Luanda – Nova Lisboa – Luanda, para um elemento da Organização;- Alojamento, em Nova Lisboa, para 3 pessoas;- 20 000$00 (vinte mil escudos) depositados, antecipadamente, num Banco de Nova Lisboa, a favor de Maria Celmira Bauleth ou NOTÍCIA – Semanário Ilustrado.Apreciadas estas condições, achávamos correcto e não precisava sequer estar a mencioná-lo que ao Sporting Clube do Huambo coubesse a responsabilidade de passagens e alojamento para a Riquita e para uma pessoa de família que a acompanhasse.Mas porquê a obrigatoriedade de agregar à comitiva qualquer elemento da “Notícia” porquanto, aceite as condições, estas seriam por nós respeitadas e a própria Riquita se recusaria a transgredir, não necessitando de um mentor ou fiscal a limitar-lhe os movimentos.Porém, o que mais nos chocou foi a exigência de um autêntico “cachet” de 20 000$00 pela “exibição” de Miss Portugal como se se tratasse, não de uma convidada de honra, mas de um fenómeno que se mostra em circos.Lembrámo-nos da frase “não há dinheiro… não há palhaço” e, pelo respeito que a Riquita nos merecia, não houve mesmo “palhaço” como a “Notícia” a considerava.Foi uma exigência muito infeliz e inoportuna, tornando-se mesmo ofensiva para uma Cidade que sempre acarinhou a mais bela das jovens angolanas e que nos era apresentada como objecto de negócio incompatível com as intenções que originaram o nosso convite.Passado um ano, em 1972, ao iniciar a volta de honra, o Carlos Santos chamou o Nicha (que naquela prova, além de piloto, se estrear como “mecânico”) para o acompanhar.Já com o carro em andamento, o Nicha viu a Riquita entre a assistência (não como convidada de honra, como havíamos desejado no ano anterior, mas como mera espectadora) e chamou-a também para o carro.Durante toda a volta de honra, o Roger Heavens quase deixou de se ver, a assistência entusiasmada só gritava pelo Nicha e pela Riquita e o Carlos Santos comentava que ganhara a prova mas o público só aclamava os outros.E foi assim que a Riquita impedida de ser convidada de honra em 1971, foi aplaudida e deu a volta de honra nas “6 Horas” de 1972.E isto sem quaisquer custos para a organização…FONTE...................Para ver e saber mais sobre a eleição de Riquita, Miss Portugal 1971, clicar AQUIAQUIAQUIAQUIAQUIAQUIAQUI-------------------------------Também encontrei na Net:«A BOLA», uma homenagem a quem derrama portugalidade por esse mundo fora...Era assim naquele tempo de emigração e guerra colonial. A «Bola» era uma mensagem de saudade. um grito ao vento que então passava e nos calava certas desgraças. O jornal era lido com sofreguidão nalguns locais. Em Paris, sobretudo, só comparável a ela eram as quentinhas e saborosas castanhas transmontanas, sempre a fazer água na boca..Talentos como Silva Rezende, Vitor Santos, Cândido de Oliveira, Ribeiro dos Reis, Francisco Zambujal (com as caricaturas geniais), Nuno Ferrari (com fotos extarordinárias), Carlos Pinhão, Couto dos Santos, Rebelo Carvalheira e tantos outros (que agora não lembro) formavam uma equipa com mística, com alma, com aquele brilho só ao alcance de predestinados.Jornalismo menor, mas que na minha sensibilidade era melhor que aqueles artigos laudatórios e encomiásticos, a letras garrafais, que nada diziam. Enfim, literatura desportiva na plena acepção do termo. Galvanizante, vibrante, capaz de fazer chorar os leitores, nalgumas passagens mais emocionantes.As vitórias do Benfica na Taça dos Campeões Europeus, a epopeia ciclista de Alves Barbosa, Joaquim Agostinho e outros, eram tratadas como se de assunto a merecer figurar nos Lusíadas!Os emigrantes e os militares, sobretudo, devem muito a este jornal. Merece todas as homenagens.Aqui vai a minha. Estava guardada numa mala de papéis antigos. Tinha perdido as chaves e ficou arrumada no sótão. Agora, ao fazer umas limpezas, dei com alguns poemas do tempo da guerra colonial. Este, sem título, está datado de Março de 1971 e localizado em Luanda. Só de lê-lo, fiquei de lágrimas nos olhos.No túnel deste tempo vejo a luzOuço vozes bem fortes de mudançaTambém sinto os bons ventos da esperançaQue a essa nova era nos conduz.E tu, que tens visão pura e alma clara,Reflectes este tempo com mestriaPoetaste o vazio, a nostalgiaDesta noite tão longa, ó Alda Lara (1).Que a noite é longa e escura nós achamosSó nos vale essa estrela que é um norte Riquita (2),do deserto a flor mais forteO sonho de mulher que nós sonhamos.Aqui neste desterro tão forçadoVamos carpindo a dor, calando as mágoasCo'os golos do Eusébio e do Zé ÁguasBebendo uma cerveja, ouvindo um fado...Lendo "A Bola", cordão umbilical,Sempre atrasada, lê-se com fervor,A longa espera dá mais saborMatar saudades...é sina do jornal!Esta "bíblia" tem nível, faz sorrir,Imagens, reportagens, só magia,O talento aqui mora, tem mestriaMerece a Medalha de "Bem Servir"!Luanda, 13 de Março de 1971Notas:(1) A maior poetisa angolana desse tempo, que divulgou muita poesia e incentivou os poetas locais. Embora fosse médica de profissão, era de uma sensibilidade grande, de uma pureza espiritual sem mácula.(2) Miss Portugal, eleita por Angola. FONTE


1. Celmira Bauleth (Riquita), ainda era uma menininha e já exibia o porte da futura rainha de beleza que veio a ser. A seu lado Rui e Vitó Torres.2. Riquita , a Welwitschia Milrabilis e o Deserto do Namibe, cerca de 9 anos, em 19713. Riquita em 1971 quando eleita miss Portugal, a desfilar no Casino do Estoril. Foto de LaySilva - Sanzalangola.4. Riquita, Miss Portugal 1971, junto da equipa do Independente Sport Clube de Porto Alexandre , a equipa que por três anos consecutivos foi campeã de Angola de futebol sénior.5. Riquita, Miss Portugal 1971 3 as «6 horas de Nova Lisboa em 1972».6. Posando para anúncios.Encontrei na Net esta pequena "estória" de como Riquita convidada para estar nas "6 Horas" de 1971, não esteve, devido às exigências da organização que a tutelava e acabou por dar a volta de honra na edição de 1972Em 1971, Maria Celmira Bauleth, natural de Moçamedes, ganhou o concurso de Miss Portugal, o que foi motivo de orgulho para os angolanos.Como homenagem, a organização das “6 Horas de Nova Lisboa” endereçou-lhe um convite para assistir aquela prova como convidada de honra.A Riquita, como era vulgarmente tratada, manifestou o desejo de aceder à distinção se, nessa data, se encontrasse em Moçamedes e tal lhe fosse permitido pela organização a que se encontrava ligada, ou seja, o semanário Notícia”Posto o assunto aquela entidade, rapidamente, recebemos uma resposta afirmativa, mas com uma série de condições que logo rejeitámos por inaceitáveis.Na íntegra, “Notícia” exigia: «Miss Portugal» assistirá como convidada à Prova «6 Horas de Nova Lisboa», não podendo ser utilizada em qualquer manifestação de carácter comercial ou publicitário – que teria de ser objecto de contracto específico;«Miss Portugal» será acompanhada por uma pessoa de família e por um elemento da Organização (NOTÍCIA) a quem caberá a responsabilidade da aprovação do programa da sua estadia. Os encargos, de vossa conta serão:- Transportes aéreos Moçâmedes – Nova Lisboa – Moçâmedes para 2 pessoas (Miss Portugal e pessoa de família);- Transporte aéreo Luanda – Nova Lisboa – Luanda, para um elemento da Organização;- Alojamento, em Nova Lisboa, para 3 pessoas;- 20 000$00 (vinte mil escudos) depositados, antecipadamente, num Banco de Nova Lisboa, a favor de Maria Celmira Bauleth ou NOTÍCIA – Semanário Ilustrado.Apreciadas estas condições, achávamos correcto e não precisava sequer estar a mencioná-lo que ao Sporting Clube do Huambo coubesse a responsabilidade de passagens e alojamento para a Riquita e para uma pessoa de família que a acompanhasse.Mas porquê a obrigatoriedade de agregar à comitiva qualquer elemento da “Notícia” porquanto, aceite as condições, estas seriam por nós respeitadas e a própria Riquita se recusaria a transgredir, não necessitando de um mentor ou fiscal a limitar-lhe os movimentos.Porém, o que mais nos chocou foi a exigência de um autêntico “cachet” de 20 000$00 pela “exibição” de Miss Portugal como se se tratasse, não de uma convidada de honra, mas de um fenómeno que se mostra em circos.Lembrámo-nos da frase “não há dinheiro… não há palhaço” e, pelo respeito que a Riquita nos merecia, não houve mesmo “palhaço” como a “Notícia” a considerava.Foi uma exigência muito infeliz e inoportuna, tornando-se mesmo ofensiva para uma Cidade que sempre acarinhou a mais bela das jovens angolanas e que nos era apresentada como objecto de negócio incompatível com as intenções que originaram o nosso convite.Passado um ano, em 1972, ao iniciar a volta de honra, o Carlos Santos chamou o Nicha (que naquela prova, além de piloto, se estrear como “mecânico”) para o acompanhar.Já com o carro em andamento, o Nicha viu a Riquita entre a assistência (não como convidada de honra, como havíamos desejado no ano anterior, mas como mera espectadora) e chamou-a também para o carro.Durante toda a volta de honra, o Roger Heavens quase deixou de se ver, a assistência entusiasmada só gritava pelo Nicha e pela Riquita e o Carlos Santos comentava que ganhara a prova mas o público só aclamava os outros.E foi assim que a Riquita impedida de ser convidada de honra em 1971, foi aplaudida e deu a volta de honra nas “6 Horas” de 1972.E isto sem quaisquer custos para a organização…FONTE...................Para ver e saber mais sobre a eleição de Riquita, Miss Portugal 1971, clicar AQUIAQUIAQUIAQUIAQUIAQUIAQUI-------------------------------Também encontrei na Net:«A BOLA», uma homenagem a quem derrama portugalidade por esse mundo fora...Era assim naquele tempo de emigração e guerra colonial. A «Bola» era uma mensagem de saudade. um grito ao vento que então passava e nos calava certas desgraças. O jornal era lido com sofreguidão nalguns locais. Em Paris, sobretudo, só comparável a ela eram as quentinhas e saborosas castanhas transmontanas, sempre a fazer água na boca..Talentos como Silva Rezende, Vitor Santos, Cândido de Oliveira, Ribeiro dos Reis, Francisco Zambujal (com as caricaturas geniais), Nuno Ferrari (com fotos extarordinárias), Carlos Pinhão, Couto dos Santos, Rebelo Carvalheira e tantos outros (que agora não lembro) formavam uma equipa com mística, com alma, com aquele brilho só ao alcance de predestinados.Jornalismo menor, mas que na minha sensibilidade era melhor que aqueles artigos laudatórios e encomiásticos, a letras garrafais, que nada diziam. Enfim, literatura desportiva na plena acepção do termo. Galvanizante, vibrante, capaz de fazer chorar os leitores, nalgumas passagens mais emocionantes.As vitórias do Benfica na Taça dos Campeões Europeus, a epopeia ciclista de Alves Barbosa, Joaquim Agostinho e outros, eram tratadas como se de assunto a merecer figurar nos Lusíadas!Os emigrantes e os militares, sobretudo, devem muito a este jornal. Merece todas as homenagens.Aqui vai a minha. Estava guardada numa mala de papéis antigos. Tinha perdido as chaves e ficou arrumada no sótão. Agora, ao fazer umas limpezas, dei com alguns poemas do tempo da guerra colonial. Este, sem título, está datado de Março de 1971 e localizado em Luanda. Só de lê-lo, fiquei de lágrimas nos olhos.No túnel deste tempo vejo a luzOuço vozes bem fortes de mudançaTambém sinto os bons ventos da esperançaQue a essa nova era nos conduz.E tu, que tens visão pura e alma clara,Reflectes este tempo com mestriaPoetaste o vazio, a nostalgiaDesta noite tão longa, ó Alda Lara (1).Que a noite é longa e escura nós achamosSó nos vale essa estrela que é um norte Riquita (2),do deserto a flor mais forteO sonho de mulher que nós sonhamos.Aqui neste desterro tão forçadoVamos carpindo a dor, calando as mágoasCo'os golos do Eusébio e do Zé ÁguasBebendo uma cerveja, ouvindo um fado...Lendo "A Bola", cordão umbilical,Sempre atrasada, lê-se com fervor,A longa espera dá mais saborMatar saudades...é sina do jornal!Esta "bíblia" tem nível, faz sorrir,Imagens, reportagens, só magia,O talento aqui mora, tem mestriaMerece a Medalha de "Bem Servir"!Luanda, 13 de Março de 1971Notas:(1) A maior poetisa angolana desse tempo, que divulgou muita poesia e incentivou os poetas locais. Embora fosse médica de profissão, era de uma sensibilidade grande, de uma pureza espiritual sem mácula.(2) Miss Portugal, eleita por Angola. FONTE

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