sardinha pequenina: Mudança em que podemos (realmente) acreditar

03-08-2010
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Saiu na última segunda-feira a edição especial do Jornal de Espinho dedicada às legislativas. Aí podem encontrar mais um artigo de opinião assinado por mim com algumas reflexões. Aqui fica o texto na íntegra:Num artigo de opinião publicado no JN recentemente, Mário Crespo disse o seguinte:As duas grandes superfícies políticas parecem ter um Estado-Maior conjunto cuja missão é convencer os portugueses da inevitabilidade fatal de eleger um deles. E não tem que ser necessariamente assim.(...)Portugal precisa de revolucionar as escolhas políticas. Não é a votar repetida e clubisticamente que nos assumimos como povo e como Estado. Juntos, PS e PSD, estão a asfixiar o que nos resta de democracia e parece que já nem notamos que nos está a faltar o ar.É altamente improvável que os resultados das eleições deste domingo sejam surpreendentes para alguém. Continuamos a fazer sempre o mesmo tipo de escolhas à espera de conseguir resultados diferentes.Mas, o cerne da questão é exactamente este. Esta democracia em que vivemos reduz-se a um simples procedimento de designação dos governantes. O nosso papel, enquanto cidadãos, consiste em escolher entre alternativas mais impostas do que propostas. E como não temos propriamente por onde escolher, abstemo-nos apáticos.Em teoria, as eleições num regime democrático garantem a mudança pacífica. Na prática, as eleições consolidam a ordem existente, ainda que por meio da alternância partidária. Portugal caiu na alternância sem alternativa, à semelhança de outros países ocidentais.E então, o que nos resta?Resta-nos perceber que este domingo não estamos a votar no candidato a primeiro-ministro mas, nas listas dos partidos para o círculo eleitoral de Aveiro.Quer isto dizer que quem vota PS em Aveiro está a votar em Maria de Belém e não em José Sócrates. Quem vota PSD está a votar em Couto dos Santos e não em Manuela Ferreira Leite. Quem vota CDU está a votar em Miguel Viegas e não em Jerónimo de Sousa. Quem vota Bloco de Esquerda está a votar em Pedro Soares e não em Francisco Louçã. Finalmente, o CDS é a excepção pois quem vota CDS está, de facto, a votar em Paulo Portas o cabeça de lista do partido por Aveiro.Resta-nos então compreender que nós, os 642.491 eleitores inscritos no círculo eleitoral de Aveiro, iremos eleger 15 deputados cuja função é representar e defender os nossos interesses mas que ao longo destes 4 anos serão tão distantes de nós como foram até agora.E como o universo político se desenrola como um jogo em que ganham sempre os mesmos, resta-nos compreender que a mudança está na sociedade civil. Porque o que nos resta é a liberdade para manifestar a nossa opinião sem correr o risco de sermos censurados ou presos. É a liberdade de exercer em pleno a nossa cidadania para melhorar as condições de vida na nossa rua, bairro ou cidade. É a liberdade de exercer e exigir os nossos direitos, cumprir os nossos deveres e ousar intervir na sociedade civil, à margem do universo político.


Saiu na última segunda-feira a edição especial do Jornal de Espinho dedicada às legislativas. Aí podem encontrar mais um artigo de opinião assinado por mim com algumas reflexões. Aqui fica o texto na íntegra:Num artigo de opinião publicado no JN recentemente, Mário Crespo disse o seguinte:As duas grandes superfícies políticas parecem ter um Estado-Maior conjunto cuja missão é convencer os portugueses da inevitabilidade fatal de eleger um deles. E não tem que ser necessariamente assim.(...)Portugal precisa de revolucionar as escolhas políticas. Não é a votar repetida e clubisticamente que nos assumimos como povo e como Estado. Juntos, PS e PSD, estão a asfixiar o que nos resta de democracia e parece que já nem notamos que nos está a faltar o ar.É altamente improvável que os resultados das eleições deste domingo sejam surpreendentes para alguém. Continuamos a fazer sempre o mesmo tipo de escolhas à espera de conseguir resultados diferentes.Mas, o cerne da questão é exactamente este. Esta democracia em que vivemos reduz-se a um simples procedimento de designação dos governantes. O nosso papel, enquanto cidadãos, consiste em escolher entre alternativas mais impostas do que propostas. E como não temos propriamente por onde escolher, abstemo-nos apáticos.Em teoria, as eleições num regime democrático garantem a mudança pacífica. Na prática, as eleições consolidam a ordem existente, ainda que por meio da alternância partidária. Portugal caiu na alternância sem alternativa, à semelhança de outros países ocidentais.E então, o que nos resta?Resta-nos perceber que este domingo não estamos a votar no candidato a primeiro-ministro mas, nas listas dos partidos para o círculo eleitoral de Aveiro.Quer isto dizer que quem vota PS em Aveiro está a votar em Maria de Belém e não em José Sócrates. Quem vota PSD está a votar em Couto dos Santos e não em Manuela Ferreira Leite. Quem vota CDU está a votar em Miguel Viegas e não em Jerónimo de Sousa. Quem vota Bloco de Esquerda está a votar em Pedro Soares e não em Francisco Louçã. Finalmente, o CDS é a excepção pois quem vota CDS está, de facto, a votar em Paulo Portas o cabeça de lista do partido por Aveiro.Resta-nos então compreender que nós, os 642.491 eleitores inscritos no círculo eleitoral de Aveiro, iremos eleger 15 deputados cuja função é representar e defender os nossos interesses mas que ao longo destes 4 anos serão tão distantes de nós como foram até agora.E como o universo político se desenrola como um jogo em que ganham sempre os mesmos, resta-nos compreender que a mudança está na sociedade civil. Porque o que nos resta é a liberdade para manifestar a nossa opinião sem correr o risco de sermos censurados ou presos. É a liberdade de exercer em pleno a nossa cidadania para melhorar as condições de vida na nossa rua, bairro ou cidade. É a liberdade de exercer e exigir os nossos direitos, cumprir os nossos deveres e ousar intervir na sociedade civil, à margem do universo político.

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