Jornal PÚBLICO . Destaque . 14/4/2005"É muito mau haver um edifício nas traseiras"Por Manuel Carvalho, Sérgio C. AndradeCouto dos Santos condena a opção do então presidente da câmara, Nuno Cardoso, de vender os terrenos nas imediações da Casa da Música, onde a Adicais se propõe construir um edifício para o BPN. E sustenta que o Governo e a câmara devem unir esforços para travar a construção.Recomendou alguma coisa ao novo Governo para resolver a polémica sobre a construção do edifício do BPN atrás da CdM?Considero, primeiro, e como cidadão, que naquele espaço não deveria haver nenhum edifício. Acho condenável que o anterior presidente da câmara tenha vendido aquilo em hasta pública quando ele próprio integrou o CA que pôs aqui a CdM. Hoje, é evidente que as empresas privadas têm os seus direitos adquiridos e não podem ser penalizadas por isso. Mas também os governos já noutras situações encontraram formas de salvaguardar um projecto de qualidade, Isto merecia uma intervenção do Estado, ou por negociação com a câmara ou por expropriação, em que a pessoa será ressarcida dos seus direitos. Mas, francamente, é muito mau haver ali o edifício. É preciso fazer um esforço de diálogo. E também não tem havido essa atitude por parte da Adicais. Fiz um pedido para montarmos no terreno um palco para os Xutos & Pontapés, e foi recusado, com o argumento de que as relações não eram boas. Entre instituições deve haver também o bom senso de procurar conciliar posições.O pedido de classificação do edifício pelo Ippar poderá impedir a construção?Não sei quais são as implicações. Aliás, pedi aos meus juristas para analisarem isso, para eu estar informado.Esteve associado à Expo 98; agora está na CdM. Que balanço faz das duas experiências?São dois projectos de grande entusiasmo, mas, curiosamente, em cada um deles entrei em momentos diferentes: na Expo, foi no início; neste, foi no fim. Talvez fosse essa experiência de escolher o terreno, dar os primeiros passos para que depois o projecto se desenvolvesse. Aqui foi dizer assim: "Agora vamos terminar um grande projecto, esse é o grande desafio". É cansativo, muito stressante. Mas também é estimulante trabalhar com uma equipa de gente que se dedica dia e noite, sem ganhar mais.Porque é que diz que, se a Expo 98 fosse no Porto, nunca seria feita?Nós, no Norte, temos mais olhos do que barriga. E gostamos muito de cultivar a capelinha. Estou convencido que se a Expo fosse no Porto não teria sido feita. Em Lisboa, quando escolhi o local, chamei os quatro presidentes de câmara envolvidos no estudo da localização - Almada, Loures, Oeiras e Lisboa - e pedi-lhes se, depois do anúncio, não havia polémica. E, de facto, nunca ninguém criticou ninguém. Pelo contrário, todos se envolveram de alma e coração no projecto. É esse apelo que agora faço à área metropolitana do Porto: que olhem para a CdM como sendo deles. Não é só do Porto. É da área metropolitana do Porto, é do Norte, é do país.
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Jornal PÚBLICO . Destaque . 14/4/2005"É muito mau haver um edifício nas traseiras"Por Manuel Carvalho, Sérgio C. AndradeCouto dos Santos condena a opção do então presidente da câmara, Nuno Cardoso, de vender os terrenos nas imediações da Casa da Música, onde a Adicais se propõe construir um edifício para o BPN. E sustenta que o Governo e a câmara devem unir esforços para travar a construção.Recomendou alguma coisa ao novo Governo para resolver a polémica sobre a construção do edifício do BPN atrás da CdM?Considero, primeiro, e como cidadão, que naquele espaço não deveria haver nenhum edifício. Acho condenável que o anterior presidente da câmara tenha vendido aquilo em hasta pública quando ele próprio integrou o CA que pôs aqui a CdM. Hoje, é evidente que as empresas privadas têm os seus direitos adquiridos e não podem ser penalizadas por isso. Mas também os governos já noutras situações encontraram formas de salvaguardar um projecto de qualidade, Isto merecia uma intervenção do Estado, ou por negociação com a câmara ou por expropriação, em que a pessoa será ressarcida dos seus direitos. Mas, francamente, é muito mau haver ali o edifício. É preciso fazer um esforço de diálogo. E também não tem havido essa atitude por parte da Adicais. Fiz um pedido para montarmos no terreno um palco para os Xutos & Pontapés, e foi recusado, com o argumento de que as relações não eram boas. Entre instituições deve haver também o bom senso de procurar conciliar posições.O pedido de classificação do edifício pelo Ippar poderá impedir a construção?Não sei quais são as implicações. Aliás, pedi aos meus juristas para analisarem isso, para eu estar informado.Esteve associado à Expo 98; agora está na CdM. Que balanço faz das duas experiências?São dois projectos de grande entusiasmo, mas, curiosamente, em cada um deles entrei em momentos diferentes: na Expo, foi no início; neste, foi no fim. Talvez fosse essa experiência de escolher o terreno, dar os primeiros passos para que depois o projecto se desenvolvesse. Aqui foi dizer assim: "Agora vamos terminar um grande projecto, esse é o grande desafio". É cansativo, muito stressante. Mas também é estimulante trabalhar com uma equipa de gente que se dedica dia e noite, sem ganhar mais.Porque é que diz que, se a Expo 98 fosse no Porto, nunca seria feita?Nós, no Norte, temos mais olhos do que barriga. E gostamos muito de cultivar a capelinha. Estou convencido que se a Expo fosse no Porto não teria sido feita. Em Lisboa, quando escolhi o local, chamei os quatro presidentes de câmara envolvidos no estudo da localização - Almada, Loures, Oeiras e Lisboa - e pedi-lhes se, depois do anúncio, não havia polémica. E, de facto, nunca ninguém criticou ninguém. Pelo contrário, todos se envolveram de alma e coração no projecto. É esse apelo que agora faço à área metropolitana do Porto: que olhem para a CdM como sendo deles. Não é só do Porto. É da área metropolitana do Porto, é do Norte, é do país.