Em Ankawa, os cristãos caldeus são protegidos pelos muçulmanos

20-04-2011
marcar artigo

O padre Luis Kakos agradece "ao Governo do Curdistão e a Deus". Hamdulillah! "Aqui os muçulmanos protegem-nos e as pessoas vivem em segurança." As crianças cantam e batem palmas

O segurança da Igreja de S. José, dos cristãos caldeus de Ankawa, é arménio e isso não faz diferença a ninguém, nem ao padre, Luis Kakos, nem ao catequista, Shwan, nem à freira Ibba, que também é catequista, muitos menos às 108 crianças que nesta manhã de domingo estão a cantar e a rezar.

Primeiro, a igreja parece quase vazia. Nas traseiras há a capela mortuária e vai começar um velório. Contorna-se o edifício, grande de um quarteirão, até ao portão principal. À entrada está Daniel, Kalashnikov ao lado, T-shirt quase justa, cruzes e Cristo tatuados nos braços e também nas costas. Diz que não está ninguém, só a catequista. Não é verdade, o padre também cá está. E as crianças.

Passado o portão, o padre vem ter ao jardim. Depois, ouvimos as vozes, e as vozes são irresistíveis. Mais de 100 crianças a cantar, em coro, mais afinado ou às vezes um pouco fora de tom. Estão espalhadas pelos bancos de madeira compridos, alinhadas, às vezes sentadas, quase sempre de pé. Em frente, de costas para o altar, está Shwan, que hoje é mais maestro do que catequista. Às vezes, começa uma música mais mexida. E as crianças começam todas as abanar-se e a rir. Quando é tempo de bater palmas, batem, enquanto cantam.

Há uns miúdos que agora têm de ir até lá à frente, ao altar. Vão de mãos dadas, voltam e tocam uns nos outros, seguem até ao fundo e voltam a sentar-se. Agora, há outros que devem imitá-los. Enganaram-se. Os que ficaram nos bancos olham para baixo e riem-se. São quase 11h00 da manhã e o ensaio está mesmo a terminar. Reza-se uma Ave Maria que termina num inshallah (se Deus quiser). As crianças sentam-se todas e começaram a agarrar nas suas coisas, as miúdas a porem as malas ao ombro. A catequista diz-lhe umas últimas palavras e depois as crianças saem todas da igreja, a rir e em fila.

A freira Ibba fica mais um pouco, a falar ao telemóvel. O catequista Shwan despede-se das últimas crianças. "Têm todas mais ou menos 11 anos. Estamos a prepará-las e elas estão a preparar-se a si próprias. Vai ser um dia muito especial para elas. Acontece, quando passam do quinto para o sexto ano e assinala o momento em que podem passar a receber o corpo de Cristo", explica Shwan. A cerimónia está marcada para sexta-feira. "É um dia grande, vêm os pais todos e amigos também. Eu estou a prepará-los para receberem Cristo na vida deles."

Ibba, que estudou três anos em Itália e fala italiano, sorri muito e diz-se "feliz pelas crianças". "Ensinamo-las a darem os primeiros passos na vida. A saber como mudar. Queremos que elas saibam como ajudar a mãe e como ajudar o pai. É fácil - se lhes ensinamos uma forma simples de serem úteis, eles ficam felizes e recebem-na", acrescenta Shwan.

Uma vila à parte

Estamos na Igreja de S. José dos cristãos caldeus de Ankawa, um bairro de Erbil, a capital do Curdistão iraquiano. Há quem chame bairro a Ankawa, há quem lhe chame vila. Na verdade, é uma espécie de subúrbio de Erbil, uma cidade que cresceu em círculos e tem estradas com nomes de metros, cada vez mais metros à medida que o centro fica para trás. Ankawa é quase arredores. Ainda em Erbil, mas é a Erbil dos cristãos, com sons, cheiros e cores só suas.

As crianças que se estão a preparar para receber o corpo de Cristo vestem roupas coloridas. As miúdas usam brincos e elásticos e ganchos e têm quase todas cabelos compridos. Os miúdos têm T-shirts dos Iron Man e calções e camisas. Imaginamos que vão a pé até às suas casas, sozinhos, porque Ankawa é segura. Erbil também, mas Ankawa ainda parece mais. Tranquila de dia. Animada à noite, com restaurantes em pátios e bares onde há televisões ligadas em canais desportivos e do balcão saem copos de gin e de whisky e pratos de amendoins.

Ankawa tem sete mil cristãos e muitas igrejas. A de S. José foi construída em 1980. Os caldeus têm outra igreja em Ankawa, mais velha. Há também a Igreja de S. João. E outras, S. Jorge, S. Elias, de cristãos caldeus e de cristãos assírios.

Os caldeus respondem a Roma e ao Papa. Luis Kakos é padre há 28 anos e o pai dele já nasceu em Ankawa.

"Depois dos problemas de segurança nas outras áreas, muitos cristãos vieram para aqui. Tantos, vieram de Mossul, vieram de Bagdad e de outros sítios. Há muitas crianças a vir aqui. Os cristãos também fugiram do Iraque, mas muitos vieram para aqui", diz o padre, no seu gabinete. Ankawa é uma vila curda, claro está, e o padre fala curdo. Mas há palavras que os árabes e os curdos, muçulmanos ou cristãos, partilham, muitas. Como inshallah (se Deus quiser) e hamdulillah (Graças a Deus).

Hamdulillah

O padre Luis Kakos diz: "Agradecemos a Deus, hamdulillah, foi uma grande misericórdia, especialmente para nós, cristãos, Ankawa é o ideal."

"Há um grande desenvolvimento no Curdistão, especialmente em Erbil. Nos últimos quatro, cinco anos, fizeram-se estradas, construíram-se centros comerciais. As pessoas vivem em segurança. Não é como Bagdad e Mossul, cidades que foram destruídas. Aqui, graças a Deus, as pessoas vivem bem, em segurança", descreve o padre. "Agradecemos ao Governo do Curdistão e a Deus."

Luis Kakos repete que em Ankawa "a vida é ideal" e explica que isso "é possível" por causa das boas relações: "Temos muito boas relações com o islão em Erbil. Noutras zonas, os terroristas e os extremistas ameaçam os padres e as igrejas. Mas aqui temos boas relações, há muito tempo. Nunca foi diferente. Aqui, os muçulmanos protegem-nos. Esta é a verdade." Hamdulillah.

O padre Kakos que já nasceu em Ankawa recebe quem quer que lhe apareça à porta da sua igreja. Mas acredita que a maioria das pessoas que ali chegou, em fuga de outras cidades do Iraque, "quer voltar à sua cidade original, assim que haja segurança e que isso seja possível". As pessoas que vieram para Ankawa vão agradecer viver em segurança, mas "vão sentir a falta das suas casas, da sua terra".

"Nós, os orientais, temos uma paixão pela nossa terra. No nosso coração, pensamos sempre na nossa terra. É algo sagrado", diz Kakos.

Um dia, talvez Daniel sinta a falta da sua casa em Bagdad. Mas ainda vai demorar.

Até há nove meses, Daniel vivia em Bagdad, em Zahwa, perto do bairro de Nova Bagdad. Os pais já morreram e Daniel, de 24 anos, vivia com as duas irmãs e com a mulher, Rita, de 22 anos, e um filho a caminho, uma gravidez já de Ankawa, com três meses ainda. Daniel ainda vive com Rita, só já não vive em Bagdad. Uma das irmãs casou-se e veio antes dele, com o marido; a outra ficou na capital. Daniel é o segurança da Igreja de S. José.

Vontade de emigrar

"A vida era muito difícil. Quando saíamos, pensávamos que podíamos nunca mais voltar. Podia haver uma explosão e era o fim. A vida era horrível", diz Daniel. Mesmo assim, foi ficando em Bagdad, na sua cidade, a trabalhar como segurança na sua igreja, a Igreja de S. Gregório, arménia.

Depois, vieram as ameaças. "Fui ameaçado duas vezes. Uma vez foi só uma coisa simples, vieram e falaram. Na segunda vez tinham armas. Saí da igreja para ir a casa almoçar e quando voltei, às 15h30, eles estavam lá. Começaram a falar comigo e depois percebi que tinham armas e encostaram as armas à minha barriga. Disseram palavras feias. Disseram: "Não fiques aqui." Perguntei porquê e eles disseram só: "Esta é a nossa decisão, nós é que decidimos." Não me disseram mais nada. Eu ainda lhes disse que nunca trabalhei para os americanos", conta Daniel.

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Os homens que o ameaçaram eram "muito normais" e "nem taparam as caras". Mas tinham armas que encostaram à barriga de Daniel e então Daniel decidiu que já chegava da vida horrível, das explosões e de nunca saber se voltava a casa de cada vez que saía.

Agora, a vida também não é fácil. Daniel trabalha das cinco da manhã às nove da noite. Na igreja e depois numa fábrica de doces, a partir do meio-dia. Em Bagdad a casa era dele, aqui tem de pagar renda.

"Se eu tivesse dinheiro, ia-me embora já", diz. Daniel veio para Ankawa, mas preferia ter saído do Iraque: "A maioria dos cristãos que eu conheço fugiu. Foram para a Síria, para a Turquia, para a Alemanha, para os Estados Unidos. Pelo menos encontraram um sítio para assentarem, para recomeçarem", diz. "Eu para Bagdad não volto. Passei lá a minha infância. Custou-me vir-me embora. Mas não podia fazer nada, não decidi assim. Agora não, nunca mais."

O padre Luis Kakos agradece "ao Governo do Curdistão e a Deus". Hamdulillah! "Aqui os muçulmanos protegem-nos e as pessoas vivem em segurança." As crianças cantam e batem palmas

O segurança da Igreja de S. José, dos cristãos caldeus de Ankawa, é arménio e isso não faz diferença a ninguém, nem ao padre, Luis Kakos, nem ao catequista, Shwan, nem à freira Ibba, que também é catequista, muitos menos às 108 crianças que nesta manhã de domingo estão a cantar e a rezar.

Primeiro, a igreja parece quase vazia. Nas traseiras há a capela mortuária e vai começar um velório. Contorna-se o edifício, grande de um quarteirão, até ao portão principal. À entrada está Daniel, Kalashnikov ao lado, T-shirt quase justa, cruzes e Cristo tatuados nos braços e também nas costas. Diz que não está ninguém, só a catequista. Não é verdade, o padre também cá está. E as crianças.

Passado o portão, o padre vem ter ao jardim. Depois, ouvimos as vozes, e as vozes são irresistíveis. Mais de 100 crianças a cantar, em coro, mais afinado ou às vezes um pouco fora de tom. Estão espalhadas pelos bancos de madeira compridos, alinhadas, às vezes sentadas, quase sempre de pé. Em frente, de costas para o altar, está Shwan, que hoje é mais maestro do que catequista. Às vezes, começa uma música mais mexida. E as crianças começam todas as abanar-se e a rir. Quando é tempo de bater palmas, batem, enquanto cantam.

Há uns miúdos que agora têm de ir até lá à frente, ao altar. Vão de mãos dadas, voltam e tocam uns nos outros, seguem até ao fundo e voltam a sentar-se. Agora, há outros que devem imitá-los. Enganaram-se. Os que ficaram nos bancos olham para baixo e riem-se. São quase 11h00 da manhã e o ensaio está mesmo a terminar. Reza-se uma Ave Maria que termina num inshallah (se Deus quiser). As crianças sentam-se todas e começaram a agarrar nas suas coisas, as miúdas a porem as malas ao ombro. A catequista diz-lhe umas últimas palavras e depois as crianças saem todas da igreja, a rir e em fila.

A freira Ibba fica mais um pouco, a falar ao telemóvel. O catequista Shwan despede-se das últimas crianças. "Têm todas mais ou menos 11 anos. Estamos a prepará-las e elas estão a preparar-se a si próprias. Vai ser um dia muito especial para elas. Acontece, quando passam do quinto para o sexto ano e assinala o momento em que podem passar a receber o corpo de Cristo", explica Shwan. A cerimónia está marcada para sexta-feira. "É um dia grande, vêm os pais todos e amigos também. Eu estou a prepará-los para receberem Cristo na vida deles."

Ibba, que estudou três anos em Itália e fala italiano, sorri muito e diz-se "feliz pelas crianças". "Ensinamo-las a darem os primeiros passos na vida. A saber como mudar. Queremos que elas saibam como ajudar a mãe e como ajudar o pai. É fácil - se lhes ensinamos uma forma simples de serem úteis, eles ficam felizes e recebem-na", acrescenta Shwan.

Uma vila à parte

Estamos na Igreja de S. José dos cristãos caldeus de Ankawa, um bairro de Erbil, a capital do Curdistão iraquiano. Há quem chame bairro a Ankawa, há quem lhe chame vila. Na verdade, é uma espécie de subúrbio de Erbil, uma cidade que cresceu em círculos e tem estradas com nomes de metros, cada vez mais metros à medida que o centro fica para trás. Ankawa é quase arredores. Ainda em Erbil, mas é a Erbil dos cristãos, com sons, cheiros e cores só suas.

As crianças que se estão a preparar para receber o corpo de Cristo vestem roupas coloridas. As miúdas usam brincos e elásticos e ganchos e têm quase todas cabelos compridos. Os miúdos têm T-shirts dos Iron Man e calções e camisas. Imaginamos que vão a pé até às suas casas, sozinhos, porque Ankawa é segura. Erbil também, mas Ankawa ainda parece mais. Tranquila de dia. Animada à noite, com restaurantes em pátios e bares onde há televisões ligadas em canais desportivos e do balcão saem copos de gin e de whisky e pratos de amendoins.

Ankawa tem sete mil cristãos e muitas igrejas. A de S. José foi construída em 1980. Os caldeus têm outra igreja em Ankawa, mais velha. Há também a Igreja de S. João. E outras, S. Jorge, S. Elias, de cristãos caldeus e de cristãos assírios.

Os caldeus respondem a Roma e ao Papa. Luis Kakos é padre há 28 anos e o pai dele já nasceu em Ankawa.

"Depois dos problemas de segurança nas outras áreas, muitos cristãos vieram para aqui. Tantos, vieram de Mossul, vieram de Bagdad e de outros sítios. Há muitas crianças a vir aqui. Os cristãos também fugiram do Iraque, mas muitos vieram para aqui", diz o padre, no seu gabinete. Ankawa é uma vila curda, claro está, e o padre fala curdo. Mas há palavras que os árabes e os curdos, muçulmanos ou cristãos, partilham, muitas. Como inshallah (se Deus quiser) e hamdulillah (Graças a Deus).

Hamdulillah

O padre Luis Kakos diz: "Agradecemos a Deus, hamdulillah, foi uma grande misericórdia, especialmente para nós, cristãos, Ankawa é o ideal."

"Há um grande desenvolvimento no Curdistão, especialmente em Erbil. Nos últimos quatro, cinco anos, fizeram-se estradas, construíram-se centros comerciais. As pessoas vivem em segurança. Não é como Bagdad e Mossul, cidades que foram destruídas. Aqui, graças a Deus, as pessoas vivem bem, em segurança", descreve o padre. "Agradecemos ao Governo do Curdistão e a Deus."

Luis Kakos repete que em Ankawa "a vida é ideal" e explica que isso "é possível" por causa das boas relações: "Temos muito boas relações com o islão em Erbil. Noutras zonas, os terroristas e os extremistas ameaçam os padres e as igrejas. Mas aqui temos boas relações, há muito tempo. Nunca foi diferente. Aqui, os muçulmanos protegem-nos. Esta é a verdade." Hamdulillah.

O padre Kakos que já nasceu em Ankawa recebe quem quer que lhe apareça à porta da sua igreja. Mas acredita que a maioria das pessoas que ali chegou, em fuga de outras cidades do Iraque, "quer voltar à sua cidade original, assim que haja segurança e que isso seja possível". As pessoas que vieram para Ankawa vão agradecer viver em segurança, mas "vão sentir a falta das suas casas, da sua terra".

"Nós, os orientais, temos uma paixão pela nossa terra. No nosso coração, pensamos sempre na nossa terra. É algo sagrado", diz Kakos.

Um dia, talvez Daniel sinta a falta da sua casa em Bagdad. Mas ainda vai demorar.

Até há nove meses, Daniel vivia em Bagdad, em Zahwa, perto do bairro de Nova Bagdad. Os pais já morreram e Daniel, de 24 anos, vivia com as duas irmãs e com a mulher, Rita, de 22 anos, e um filho a caminho, uma gravidez já de Ankawa, com três meses ainda. Daniel ainda vive com Rita, só já não vive em Bagdad. Uma das irmãs casou-se e veio antes dele, com o marido; a outra ficou na capital. Daniel é o segurança da Igreja de S. José.

Vontade de emigrar

"A vida era muito difícil. Quando saíamos, pensávamos que podíamos nunca mais voltar. Podia haver uma explosão e era o fim. A vida era horrível", diz Daniel. Mesmo assim, foi ficando em Bagdad, na sua cidade, a trabalhar como segurança na sua igreja, a Igreja de S. Gregório, arménia.

Depois, vieram as ameaças. "Fui ameaçado duas vezes. Uma vez foi só uma coisa simples, vieram e falaram. Na segunda vez tinham armas. Saí da igreja para ir a casa almoçar e quando voltei, às 15h30, eles estavam lá. Começaram a falar comigo e depois percebi que tinham armas e encostaram as armas à minha barriga. Disseram palavras feias. Disseram: "Não fiques aqui." Perguntei porquê e eles disseram só: "Esta é a nossa decisão, nós é que decidimos." Não me disseram mais nada. Eu ainda lhes disse que nunca trabalhei para os americanos", conta Daniel.

O melhor do Público no email Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público. Subscrever ×

Os homens que o ameaçaram eram "muito normais" e "nem taparam as caras". Mas tinham armas que encostaram à barriga de Daniel e então Daniel decidiu que já chegava da vida horrível, das explosões e de nunca saber se voltava a casa de cada vez que saía.

Agora, a vida também não é fácil. Daniel trabalha das cinco da manhã às nove da noite. Na igreja e depois numa fábrica de doces, a partir do meio-dia. Em Bagdad a casa era dele, aqui tem de pagar renda.

"Se eu tivesse dinheiro, ia-me embora já", diz. Daniel veio para Ankawa, mas preferia ter saído do Iraque: "A maioria dos cristãos que eu conheço fugiu. Foram para a Síria, para a Turquia, para a Alemanha, para os Estados Unidos. Pelo menos encontraram um sítio para assentarem, para recomeçarem", diz. "Eu para Bagdad não volto. Passei lá a minha infância. Custou-me vir-me embora. Mas não podia fazer nada, não decidi assim. Agora não, nunca mais."

marcar artigo