Os alarmes que nunca tiveram de disparar

20-04-2011
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Dizem que é uma sala banal, com computadores. E que, junto à porta, num corredor, há um sinal luminoso e uma sirene prontos a disparar. Até agora, nunca houve motivo real, desde a entrada em funcionamento do sistema, em 1992, para o alerta.

Se a luz laranja tivesse disparado e a sirene tocado, uma das 13 estações, em território português, da Rede de Alerta de Radioactividade no Ar (RadNet) teria detectado níveis três vezes acima da radiação de fundo, ou natural, no local onde se encontra. "Continua a ser um valor muito baixo, sem problemas na saúde", realça João Martins, da RadNet. "Três vezes o valor da radiação de fundo num sítio pode ser o valor de fundo noutro sítio." Em regiões graníticas, por exemplo, a radioactividade natural é mais elevada.

Mas seria uma anomalia, que seria comunicada à estação central, na Agência Portuguesa do Ambiente (APA), em Lisboa. Então os sinais sonoros e visuais, na porta de uma das salas do Centro de Resposta às Emergências Radiológicas, seriam accionados e a situação analisada.

Nunca houve um alerta real. Os alarmes já dispararam, mas em testes. Ou porque as estações mais antigas, substituídas até 2008, conta João Martins, eram sensíveis às tempestades electromagnéticas. "A nossa rede nunca mediu nada que se configurasse com um alerta radiológico. Ainda bem."

Às 13 estações juntou-se outra, em 1996, em território espanhol, tal como Espanha tem uma cá. Em testes está agora uma estação de alerta no Tejo (barragem de Fratel), pois é neste rio que a central espanhola de Almaraz é refrigerada.

A esta rede de alerta junta-se a monitorização regular da radioactividade pelo Instituto Tecnológico e Nuclear, em Sacavém, com recolha pelo país de água, solo, alimentos ou ar.

Na rede de emergência, o ar é "o mais preocupante", diz João Martins, porque "é imediato". Os ventos costumam soprar de Portugal para Espanha. Mas num cenário de vento forte e desfavorável, em caso de fuga em Almaraz, a nuvem chegará depressa. "Se a velocidade do vento for de nove metros por segundo, a nuvem levará três horas a percorrer 100 quilómetros, a distância à fronteira da central de Almaraz", diz a APA na Internet.

Noutra das salas do Centro de Resposta às Emergências Radiológicas também nunca se recebeu de Espanha uma notificação de um acidente com efeitos transfronteiriços potenciais ou reais, diz João Martins, lembrando que há um acordo bilateral para essa notificação. "Seremos informados imediatamente de qualquer coisa que possa atingir o território português."

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Desde a catástrofe de Tchernobil, na origem da criação de redes de alerta e sistemas de notificação de acidentes, que não havia nada com efeitos transfronteiriços. A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) recebe as notificações e informa os países. E a Europa tem o seu sistema de notificação rápida, o ECURIE. "Em Fukushima, houve uma comunicação imediata: as autoridades japonesas, muito antes de haver libertação [de radiação], notificaram a AIEA. A comunidade internacional foi avisada. O sistema funcionou bem."

Se um dia chegar a Portugal uma notificação que implique efeitos no país ou se a RadNet detectar uma emergência, a informação passa para a Protecção Civil. E então, noutra sala ainda, o sistema Rodos, de modelação de acidentes nucleares, simulará os efeitos a esperar.

Dizem que as salas onde tudo isto se passa são banais. Dizem, porque a APA, invocando motivos de segurança, não permitiu a visita.

Dizem que é uma sala banal, com computadores. E que, junto à porta, num corredor, há um sinal luminoso e uma sirene prontos a disparar. Até agora, nunca houve motivo real, desde a entrada em funcionamento do sistema, em 1992, para o alerta.

Se a luz laranja tivesse disparado e a sirene tocado, uma das 13 estações, em território português, da Rede de Alerta de Radioactividade no Ar (RadNet) teria detectado níveis três vezes acima da radiação de fundo, ou natural, no local onde se encontra. "Continua a ser um valor muito baixo, sem problemas na saúde", realça João Martins, da RadNet. "Três vezes o valor da radiação de fundo num sítio pode ser o valor de fundo noutro sítio." Em regiões graníticas, por exemplo, a radioactividade natural é mais elevada.

Mas seria uma anomalia, que seria comunicada à estação central, na Agência Portuguesa do Ambiente (APA), em Lisboa. Então os sinais sonoros e visuais, na porta de uma das salas do Centro de Resposta às Emergências Radiológicas, seriam accionados e a situação analisada.

Nunca houve um alerta real. Os alarmes já dispararam, mas em testes. Ou porque as estações mais antigas, substituídas até 2008, conta João Martins, eram sensíveis às tempestades electromagnéticas. "A nossa rede nunca mediu nada que se configurasse com um alerta radiológico. Ainda bem."

Às 13 estações juntou-se outra, em 1996, em território espanhol, tal como Espanha tem uma cá. Em testes está agora uma estação de alerta no Tejo (barragem de Fratel), pois é neste rio que a central espanhola de Almaraz é refrigerada.

A esta rede de alerta junta-se a monitorização regular da radioactividade pelo Instituto Tecnológico e Nuclear, em Sacavém, com recolha pelo país de água, solo, alimentos ou ar.

Na rede de emergência, o ar é "o mais preocupante", diz João Martins, porque "é imediato". Os ventos costumam soprar de Portugal para Espanha. Mas num cenário de vento forte e desfavorável, em caso de fuga em Almaraz, a nuvem chegará depressa. "Se a velocidade do vento for de nove metros por segundo, a nuvem levará três horas a percorrer 100 quilómetros, a distância à fronteira da central de Almaraz", diz a APA na Internet.

Noutra das salas do Centro de Resposta às Emergências Radiológicas também nunca se recebeu de Espanha uma notificação de um acidente com efeitos transfronteiriços potenciais ou reais, diz João Martins, lembrando que há um acordo bilateral para essa notificação. "Seremos informados imediatamente de qualquer coisa que possa atingir o território português."

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Desde a catástrofe de Tchernobil, na origem da criação de redes de alerta e sistemas de notificação de acidentes, que não havia nada com efeitos transfronteiriços. A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) recebe as notificações e informa os países. E a Europa tem o seu sistema de notificação rápida, o ECURIE. "Em Fukushima, houve uma comunicação imediata: as autoridades japonesas, muito antes de haver libertação [de radiação], notificaram a AIEA. A comunidade internacional foi avisada. O sistema funcionou bem."

Se um dia chegar a Portugal uma notificação que implique efeitos no país ou se a RadNet detectar uma emergência, a informação passa para a Protecção Civil. E então, noutra sala ainda, o sistema Rodos, de modelação de acidentes nucleares, simulará os efeitos a esperar.

Dizem que as salas onde tudo isto se passa são banais. Dizem, porque a APA, invocando motivos de segurança, não permitiu a visita.

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