Primeiro teste no mercado após o pedido de ajuda

20-04-2011
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Com a ajuda externa a ser negociada em Lisboa e as taxas de juro dos títulos de dívida pública portuguesa perto de níveis-recorde em todos os prazos, o Estado português volta hoje a pedir dinheiro emprestado aos mercados.

O resultado deverá ser uma emissão de dívida de pequena dimensão e a taxas elevadas. aquilo que é possível quando muitos investidores temem que Portugal acabe, tal como a Grécia, por não cumprir integralmente os seus compromissos com os credores. O objectivo é apenas o de garantir que o acesso do país aos mercados não fica totalmente fechado.

É que, se é verdade que, com a perspectiva de chegada do financiamento dos parceiros da zona euro e do Fundo Monetário Internacional já durante o próximo mês de Maio, Portugal deixa de ter necessidade de recorrer aos mercados para evitar uma ruptura financeira, é importante para o Estado que os mercados continuem habituados a ter títulos portugueses nos seus portfólios para garantir que, mais tarde, quando a ajuda externa expirar, o regresso seja mais fácil.

É isso que a Grécia tem estado a fazer. Ainda ontem realizou uma emissão de dívida pública a três meses, conseguindo obter fundos a uma taxa de 4,1 por cento. Os valores são reduzidos e o custo assumido muito elevado (a taxa está próxima do dinheiro que é emprestado pela zona euro e pelo FMI a um prazo de três anos), mas a Grécia mantém um contacto com os investidores e vai conseguindo avaliar de que forma evolui a procura no mercado obrigacionista primário.

É esta também a intenção do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), a entidade encarregada de garantir o financiamento do Estado português nos mercados internacionais. A operação marcada para hoje consiste na realização de dois leilões de Bilhetes do Tesouro, um com um prazo a três meses e outro a seis meses. No total, o objectivo é o de garantir um financiamento situado entre os 750 e os 1000 milhões de euros. No mínimo, garante o IGCP, cada uma das linhas atingirá os 300 milhões de euros.

Em termos de custos potenciais e de procura, não poderia acontecer em pior altura. O receio generalizado no mercado de que os países periféricos da zona euro (principalmente a Grécia) acabem por ter de realizar uma reestruturação da sua dívida tem feito com que, nos mercados secundários, as taxas de juro tenham subido a níveis nunca vistos, principalmente nas dívidas de prazos mais curtos. Os investidores, mesmo nestes empréstimos de tão curto prazo, temem não receber dos Estados a totalidade do valor dos títulos obrigacionistas que detêm e, por isso, estão dispostos a vendê-los já a outros investidores por um valor muito mais baixo.

Isto faz com que, potencialmente, a taxa de juro exigida hoje por quem decidir comprar hoje títulos de dívida directamente aos Estado português seja muito elevada. No mercado secundário, a taxa de juro média nos títulos de dívida portugueses a seis meses cifrou-se ontem em 7,3 por cento, mesmo assim uma descida face aos quase nove por cento atingidos no dia anterior.

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Dependentes da ajuda

Esse receio de uma reestruturação domina por completo a estratégia daqueles que investem em dívida pública dos países periféricos da zona euro. Ontem, a Economist Intelligence Unit (EIU) publicou uma análise sobre Portugal em que se aponta para a existência de um "risco elevado" de ocorrência de um incumprimento ou uma reestruturação da dívida pública portuguesa.

O problema, diz esta entidade, é que mesmo com a ajuda externa agora a ser discutida Portugal vai ter de garantir que a economia é capaz de gerar os recursos suficientes para que o Estado obtenha as receitas necessárias para ir reduzindo o seu stock de dívida pública. Uma vez que se espera, para Portugal, "um processo de ajustamento extremamente doloroso e demorado", o endividamento "pode aumentar rapidamente para níveis insustentáveis, agravando a perspectiva de uma reestruturação de dívida pública no futuro", diz a EIU.

A alternativa a uma reestruturação é a manutenção, por vários anos, da ajuda externa, um cenário em que Portugal ficaria "dependente" da vontade dos seus parceiros do euro e do FMI de lhe continuar a emprestar dinheiro.

Com a ajuda externa a ser negociada em Lisboa e as taxas de juro dos títulos de dívida pública portuguesa perto de níveis-recorde em todos os prazos, o Estado português volta hoje a pedir dinheiro emprestado aos mercados.

O resultado deverá ser uma emissão de dívida de pequena dimensão e a taxas elevadas. aquilo que é possível quando muitos investidores temem que Portugal acabe, tal como a Grécia, por não cumprir integralmente os seus compromissos com os credores. O objectivo é apenas o de garantir que o acesso do país aos mercados não fica totalmente fechado.

É que, se é verdade que, com a perspectiva de chegada do financiamento dos parceiros da zona euro e do Fundo Monetário Internacional já durante o próximo mês de Maio, Portugal deixa de ter necessidade de recorrer aos mercados para evitar uma ruptura financeira, é importante para o Estado que os mercados continuem habituados a ter títulos portugueses nos seus portfólios para garantir que, mais tarde, quando a ajuda externa expirar, o regresso seja mais fácil.

É isso que a Grécia tem estado a fazer. Ainda ontem realizou uma emissão de dívida pública a três meses, conseguindo obter fundos a uma taxa de 4,1 por cento. Os valores são reduzidos e o custo assumido muito elevado (a taxa está próxima do dinheiro que é emprestado pela zona euro e pelo FMI a um prazo de três anos), mas a Grécia mantém um contacto com os investidores e vai conseguindo avaliar de que forma evolui a procura no mercado obrigacionista primário.

É esta também a intenção do Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público (IGCP), a entidade encarregada de garantir o financiamento do Estado português nos mercados internacionais. A operação marcada para hoje consiste na realização de dois leilões de Bilhetes do Tesouro, um com um prazo a três meses e outro a seis meses. No total, o objectivo é o de garantir um financiamento situado entre os 750 e os 1000 milhões de euros. No mínimo, garante o IGCP, cada uma das linhas atingirá os 300 milhões de euros.

Em termos de custos potenciais e de procura, não poderia acontecer em pior altura. O receio generalizado no mercado de que os países periféricos da zona euro (principalmente a Grécia) acabem por ter de realizar uma reestruturação da sua dívida tem feito com que, nos mercados secundários, as taxas de juro tenham subido a níveis nunca vistos, principalmente nas dívidas de prazos mais curtos. Os investidores, mesmo nestes empréstimos de tão curto prazo, temem não receber dos Estados a totalidade do valor dos títulos obrigacionistas que detêm e, por isso, estão dispostos a vendê-los já a outros investidores por um valor muito mais baixo.

Isto faz com que, potencialmente, a taxa de juro exigida hoje por quem decidir comprar hoje títulos de dívida directamente aos Estado português seja muito elevada. No mercado secundário, a taxa de juro média nos títulos de dívida portugueses a seis meses cifrou-se ontem em 7,3 por cento, mesmo assim uma descida face aos quase nove por cento atingidos no dia anterior.

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Dependentes da ajuda

Esse receio de uma reestruturação domina por completo a estratégia daqueles que investem em dívida pública dos países periféricos da zona euro. Ontem, a Economist Intelligence Unit (EIU) publicou uma análise sobre Portugal em que se aponta para a existência de um "risco elevado" de ocorrência de um incumprimento ou uma reestruturação da dívida pública portuguesa.

O problema, diz esta entidade, é que mesmo com a ajuda externa agora a ser discutida Portugal vai ter de garantir que a economia é capaz de gerar os recursos suficientes para que o Estado obtenha as receitas necessárias para ir reduzindo o seu stock de dívida pública. Uma vez que se espera, para Portugal, "um processo de ajustamento extremamente doloroso e demorado", o endividamento "pode aumentar rapidamente para níveis insustentáveis, agravando a perspectiva de uma reestruturação de dívida pública no futuro", diz a EIU.

A alternativa a uma reestruturação é a manutenção, por vários anos, da ajuda externa, um cenário em que Portugal ficaria "dependente" da vontade dos seus parceiros do euro e do FMI de lhe continuar a emprestar dinheiro.

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