Origanum vulgare L.Turismo gastronómico não é coisa que nos seduza: podemos fazer umas centenas de quilómetros para fotografar umas ervinhas na Serra dos Candeeiros, mas não para provar de um prato com elas confeccionado. E, se não viajamos para comer em Portugal, seria de todo inconcebível ir a Londres com esse propósito. Entendamo-nos: cada um tem o paladar moldado pelo país onde nasceu e cresceu, e parece haver uma incompatibilidade radical de gostos culinários entre portugueses e britânicos. É esta a maneira airosa de despachar um assunto embaraçoso, evitando comentar o fish & chips encharcado em vinagre, os legumes ultracozidos sem ponta de tempero, os molhos agressivos que obliteram o sabor da comida (se é que ela tem algum), as versões desenxabidas dos «pratos étnicos». Longe de nós afirmar que tudo isso demonstra uma desafinação grave dos orgãos gustativos dos britânicos. Não, mil vezes não. Acontece simplesmente que tais orgãos foram regulados de modo diferente dos nossos.Os restaurantes indianos, italianos, gregos, chineses e de não sei quantas mais nacionalidades que proliferam em Londres são a escolha natural do visitante para fugir à comida britânica. Acontece que muitos deles praticam uma cozinha preguiçosa e aculturada. Não têm de fidelizar uma clientela exigente, seja porque ela não existe ou porque o afluxo de turistas incautos é inesgotável. É assim uma verdadeira surpresa encontrar um restaurante como o Da Mario, em Gloucester Road (Kensington), que não cobra preços astronómicos, não é chique nem exige reserva de mesa, e serve comida deliciosa. As pizzas, que há muito desisti de comer nos nossos restaurantes ditos italianos, são aqui autênticos tratados de apuro culinário. O que mais nos atrai ao Da Mario são porém as saladas, em especial a incomparável insalata tricolore: mozarela, tomate, abacate, azeitonas, manjericão fresco, tudo regado com um dourado fio de azeite. Nada mais seria preciso para uma refeição perfeita.O manjericão ou alfavaca (Ocimum basilicum L.), a que os ingleses chamam basil, é a erva aromática mais usada em cozinha italiana; poucas são as pizzas que a dispensam. Como não tenho à mão uma foto dessa planta, decidi convocar o orégão (Origanum vulgare L.), que casa especialmente bem com o tomate e as azeitonas. Pode assim, numa emergência, substituir o manjericão numa versão caseira da insalata tricolore.O orégão é um pequeno arbusto compacto (até 30 cm de altura), muito ramificado e aromático, com galhos aveludados, que ocorre naturalmente no norte de Portugal e nos países da bacia mediterrânica. As flores tubulares, de corola penugenta, são brancas ou cor-de-rosa, agrupam-se em cachos cimeiros, e medem cerca de 4 mm cada.
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Origanum vulgare L.Turismo gastronómico não é coisa que nos seduza: podemos fazer umas centenas de quilómetros para fotografar umas ervinhas na Serra dos Candeeiros, mas não para provar de um prato com elas confeccionado. E, se não viajamos para comer em Portugal, seria de todo inconcebível ir a Londres com esse propósito. Entendamo-nos: cada um tem o paladar moldado pelo país onde nasceu e cresceu, e parece haver uma incompatibilidade radical de gostos culinários entre portugueses e britânicos. É esta a maneira airosa de despachar um assunto embaraçoso, evitando comentar o fish & chips encharcado em vinagre, os legumes ultracozidos sem ponta de tempero, os molhos agressivos que obliteram o sabor da comida (se é que ela tem algum), as versões desenxabidas dos «pratos étnicos». Longe de nós afirmar que tudo isso demonstra uma desafinação grave dos orgãos gustativos dos britânicos. Não, mil vezes não. Acontece simplesmente que tais orgãos foram regulados de modo diferente dos nossos.Os restaurantes indianos, italianos, gregos, chineses e de não sei quantas mais nacionalidades que proliferam em Londres são a escolha natural do visitante para fugir à comida britânica. Acontece que muitos deles praticam uma cozinha preguiçosa e aculturada. Não têm de fidelizar uma clientela exigente, seja porque ela não existe ou porque o afluxo de turistas incautos é inesgotável. É assim uma verdadeira surpresa encontrar um restaurante como o Da Mario, em Gloucester Road (Kensington), que não cobra preços astronómicos, não é chique nem exige reserva de mesa, e serve comida deliciosa. As pizzas, que há muito desisti de comer nos nossos restaurantes ditos italianos, são aqui autênticos tratados de apuro culinário. O que mais nos atrai ao Da Mario são porém as saladas, em especial a incomparável insalata tricolore: mozarela, tomate, abacate, azeitonas, manjericão fresco, tudo regado com um dourado fio de azeite. Nada mais seria preciso para uma refeição perfeita.O manjericão ou alfavaca (Ocimum basilicum L.), a que os ingleses chamam basil, é a erva aromática mais usada em cozinha italiana; poucas são as pizzas que a dispensam. Como não tenho à mão uma foto dessa planta, decidi convocar o orégão (Origanum vulgare L.), que casa especialmente bem com o tomate e as azeitonas. Pode assim, numa emergência, substituir o manjericão numa versão caseira da insalata tricolore.O orégão é um pequeno arbusto compacto (até 30 cm de altura), muito ramificado e aromático, com galhos aveludados, que ocorre naturalmente no norte de Portugal e nos países da bacia mediterrânica. As flores tubulares, de corola penugenta, são brancas ou cor-de-rosa, agrupam-se em cachos cimeiros, e medem cerca de 4 mm cada.