Dias com árvores: Dragoeiros nos Açores

19-12-2009
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Fotos: pva 0509 - Dracaena draco no Jardim Duque da Terceira, Angra do HeroísmoAinda que haja dúvidas de que o dragoeiro (Dracaena draco) seja endémico dos Açores, ele é tão característico dessas ilhas como da Madeira e das Canárias, de onde é seguramente originário: não há verdadeiro jardim açoriano onde ele não compareça. Este exemplar, que mora no patamar superior do Jardim Duque da Terceira, terá decerto idade considerável, embora não atinja o porte monumental de alguns na Madeira e nos jardins botânicos de Lisboa. O que nele há de assinável é que, ao invés do que é típico da espécie, se ramifica quase a partir da base. De resto a ramificação segue a regra dicotómica ditada pela genética: cada ramada se vai bifurcando sucessivamente, com as folhas pontiagudas dispondo-se em coroas nas extremidades dos ramos mais jovens; o efeito do conjunto, com a copa perfeitamente circular, é semelhante ao de um amplo guarda-sol de varetas intumescidas.O estatuto do dragoeiro na iconografia açoriana é confirmado por um livro que comprei na livraria In-Fólio (na Rua da Guarita, em Angra): editado em 2005 pela Presidência do Governo Regional dos Açores, e com o título Dragoeiros do Museu do Vinho, o volume - encadernado, 72 páginas - reúne excelentes fotos da autoria de António Araújo e alguns breves textos introdutórios. Pela clareza e rigor, realço o de João Paulo Constância, de que aqui transcrevo um excerto: «Esta espécie de dragoeiro foi uma das principais espécies tintureiras, com interesse comercial, utilizadas entre os séculos XV e XIX. A sua resina, transparente e de cor vermelho sangue, é conhecida por sangue de dragão ou drago, tendo sido utilizada como substância corante e na produção de tintas, lacas e vernizes. Há também referência ao uso da resina em medicina popular.»O Museu do Vinho fica na Vila da Madalena, Ilha do Pico. Visitei a ilha há uns anos de corrida, mas não vi o museu. Há agora mais motivos para lá voltar, mesmo para quem, desprovido como eu de ambições políticas, se iniba de ascender ao cume da ilha.P.S. (2 de Novembro): Veja aqui os notáveis dragoeiros do Museu do Vinho. Obrigado, Pedro.


Fotos: pva 0509 - Dracaena draco no Jardim Duque da Terceira, Angra do HeroísmoAinda que haja dúvidas de que o dragoeiro (Dracaena draco) seja endémico dos Açores, ele é tão característico dessas ilhas como da Madeira e das Canárias, de onde é seguramente originário: não há verdadeiro jardim açoriano onde ele não compareça. Este exemplar, que mora no patamar superior do Jardim Duque da Terceira, terá decerto idade considerável, embora não atinja o porte monumental de alguns na Madeira e nos jardins botânicos de Lisboa. O que nele há de assinável é que, ao invés do que é típico da espécie, se ramifica quase a partir da base. De resto a ramificação segue a regra dicotómica ditada pela genética: cada ramada se vai bifurcando sucessivamente, com as folhas pontiagudas dispondo-se em coroas nas extremidades dos ramos mais jovens; o efeito do conjunto, com a copa perfeitamente circular, é semelhante ao de um amplo guarda-sol de varetas intumescidas.O estatuto do dragoeiro na iconografia açoriana é confirmado por um livro que comprei na livraria In-Fólio (na Rua da Guarita, em Angra): editado em 2005 pela Presidência do Governo Regional dos Açores, e com o título Dragoeiros do Museu do Vinho, o volume - encadernado, 72 páginas - reúne excelentes fotos da autoria de António Araújo e alguns breves textos introdutórios. Pela clareza e rigor, realço o de João Paulo Constância, de que aqui transcrevo um excerto: «Esta espécie de dragoeiro foi uma das principais espécies tintureiras, com interesse comercial, utilizadas entre os séculos XV e XIX. A sua resina, transparente e de cor vermelho sangue, é conhecida por sangue de dragão ou drago, tendo sido utilizada como substância corante e na produção de tintas, lacas e vernizes. Há também referência ao uso da resina em medicina popular.»O Museu do Vinho fica na Vila da Madalena, Ilha do Pico. Visitei a ilha há uns anos de corrida, mas não vi o museu. Há agora mais motivos para lá voltar, mesmo para quem, desprovido como eu de ambições políticas, se iniba de ascender ao cume da ilha.P.S. (2 de Novembro): Veja aqui os notáveis dragoeiros do Museu do Vinho. Obrigado, Pedro.

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