Cãocompulgas

23-12-2009
marcar artigo


Para variar[Há dias, a minha filha e duas amigas pediram-me ajuda para um trabalho escolar sobre xenofobia, queriam um conto mas que fosse simultaneamente um texto que pudessem representar com fantoches e destinado aos pequenitos da pré-primária. A pedido delas - Beatriz, Ângela e Sandra -, aqui fica a história]João Pedro ia pela primeira vez à escola. Estava radiante, nervoso mas muito entusiasmado. Tomou o pequeno-almoço num ápice e pegou na pequena mochila. Esperava na sala pela mãe que parecia nunca mais estar pronta. Com seis anos, João Pedro sentia-se um homenzinho com os seus livros novos e muitos lápis de cor prontos a serem estreados.A mãe apareceu mais bonita que nunca. Pelo menos, aos olhos do João Pedro. Deu a mão à mãe e sorriu ao pai. Iam os dois levá-lo no seu primeiro dia de escola. Estava muito feliz e orgulhoso.A caminho da escola, que é perto de casa, o João Pedro até tinha cuidado para não sujar os sapatos e ia muito direito e aprumado. Era o primeiro dia de escola e os seus pais iam com ele! João Pedro sentia-se o menino mais feliz do mundo.O seu pequeno coração estremeceu à vista do portão. De repente, tinha medo de não ser capaz de aprender; como seria a professora? O pai apercebeu-se, apertou-lhe a mão e a sorrir disse-lhe:- Calma, filho. Não tenhas medo. Vais gostar muito. É tão bonita a escola, não é?O João Pedro observou as árvores e as flores à entrada da escola e os outros meninos todos que, também, iam pela primeira vez e encheu-se de coragem, ergueu a cabeça e compôs o sorriso nos lábios.Entraram na escola e indicaram a sala aos pais. Lá foram. A sala cheia de mesas e cadeiras pequeninas cheirava a lavado e a mundo novo para descobrir. João Pedro sentou-se numa cadeira, com a mesa à frente, e ao seu lado o menino loiro que já lá estava olhou-o muito sério e desatou a chorar aos berros. A mãe tentava acalmá-lo, até que o menino gritou:- Não quero o preto aqui!O coração do João Pedro apertou-se e percebeu, pela primeira vez, que tinha uma cor de pele diferente dos outros meninos.


Para variar[Há dias, a minha filha e duas amigas pediram-me ajuda para um trabalho escolar sobre xenofobia, queriam um conto mas que fosse simultaneamente um texto que pudessem representar com fantoches e destinado aos pequenitos da pré-primária. A pedido delas - Beatriz, Ângela e Sandra -, aqui fica a história]João Pedro ia pela primeira vez à escola. Estava radiante, nervoso mas muito entusiasmado. Tomou o pequeno-almoço num ápice e pegou na pequena mochila. Esperava na sala pela mãe que parecia nunca mais estar pronta. Com seis anos, João Pedro sentia-se um homenzinho com os seus livros novos e muitos lápis de cor prontos a serem estreados.A mãe apareceu mais bonita que nunca. Pelo menos, aos olhos do João Pedro. Deu a mão à mãe e sorriu ao pai. Iam os dois levá-lo no seu primeiro dia de escola. Estava muito feliz e orgulhoso.A caminho da escola, que é perto de casa, o João Pedro até tinha cuidado para não sujar os sapatos e ia muito direito e aprumado. Era o primeiro dia de escola e os seus pais iam com ele! João Pedro sentia-se o menino mais feliz do mundo.O seu pequeno coração estremeceu à vista do portão. De repente, tinha medo de não ser capaz de aprender; como seria a professora? O pai apercebeu-se, apertou-lhe a mão e a sorrir disse-lhe:- Calma, filho. Não tenhas medo. Vais gostar muito. É tão bonita a escola, não é?O João Pedro observou as árvores e as flores à entrada da escola e os outros meninos todos que, também, iam pela primeira vez e encheu-se de coragem, ergueu a cabeça e compôs o sorriso nos lábios.Entraram na escola e indicaram a sala aos pais. Lá foram. A sala cheia de mesas e cadeiras pequeninas cheirava a lavado e a mundo novo para descobrir. João Pedro sentou-se numa cadeira, com a mesa à frente, e ao seu lado o menino loiro que já lá estava olhou-o muito sério e desatou a chorar aos berros. A mãe tentava acalmá-lo, até que o menino gritou:- Não quero o preto aqui!O coração do João Pedro apertou-se e percebeu, pela primeira vez, que tinha uma cor de pele diferente dos outros meninos.

marcar artigo