Fotos: pva 0508 - castanheiro monumental na rua do Pinheiro Manso, PortoQuando desta vez visitei o castanheiro o local apresentava ar de festa, enfeitado com tiras de cores garridas. Mesas e cadeiras de plástico - restos de alguma esplanada - distribuíam-se sem ordem visível. A ausência de guarda-sóis tem três explicações possíveis, não sei qual delas a correcta: 1) o dono da tal esplanada trocou de mobília mas não substituiu os guarda-sóis; 2) as árvores do local fornecem sombra que baste; 3) a(s) festa(s) realiza(m)-se à noite.Prefiro a terceira explicação: a da festa nocturna, à semelhança dos velhos arraiais de província. Pois o castanheiro, com a capela dedicada a Santo António a fazer-lhe companhia, quase não pertence à cidade nem a esta época; e, quando a noite desce sobre ele, sairão da sombra como de uma fábula seres e cenas improváveis.Como não assisti a essas festas - pois nos contos de fadas, ao inverso do que postula a mecânica quântica, as coisas interessantes só acontecem quando não estamos presentes -, apenas posso dar do castanheiro o prosaico retrato diurno. Primeiro a localização: à rua do Pinheiro Manso, no delapidado jardim de uma mansão convertida em sede partidária. A entrada faz-se por um portão, ao lado da esquadra da PSP, que abre para um terreiro usado como estacionamento; ao fundo uma rede de ferro delimita um talhão com couves e árvores de fruto; à esquerda um tabique separa parcialmente o terreiro do jardim.Além do castanheiro - grande, alto, forte, portentoso -, há árvores ornamentais que falam da antiga opulência: um ácer japonês, canforeiras, palmeiras de várias espécies, camélias (incluindo uma reticulata). O castanheiro aproveitou a ausência de vigilância humana para criar prole, e há até uma estranha touceira com três troncos, formada por um castanheiro e duas palmeiras (Phoenix canariensis).São estas árvores nos antigos jardins, ocultas por muros ou fachadas tantas vezes decrépitos, que ajudam a cidade a respirar. Como poucos as vêem, também poucos dão pela sua falta quando as obras de reconstrução lhes ditam a morte. Mas são cento e tantos anos de vida que se perdem - anos que nunca em nossa vida serão recuperados.Outro castanheiro monumental a sul
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Fotos: pva 0508 - castanheiro monumental na rua do Pinheiro Manso, PortoQuando desta vez visitei o castanheiro o local apresentava ar de festa, enfeitado com tiras de cores garridas. Mesas e cadeiras de plástico - restos de alguma esplanada - distribuíam-se sem ordem visível. A ausência de guarda-sóis tem três explicações possíveis, não sei qual delas a correcta: 1) o dono da tal esplanada trocou de mobília mas não substituiu os guarda-sóis; 2) as árvores do local fornecem sombra que baste; 3) a(s) festa(s) realiza(m)-se à noite.Prefiro a terceira explicação: a da festa nocturna, à semelhança dos velhos arraiais de província. Pois o castanheiro, com a capela dedicada a Santo António a fazer-lhe companhia, quase não pertence à cidade nem a esta época; e, quando a noite desce sobre ele, sairão da sombra como de uma fábula seres e cenas improváveis.Como não assisti a essas festas - pois nos contos de fadas, ao inverso do que postula a mecânica quântica, as coisas interessantes só acontecem quando não estamos presentes -, apenas posso dar do castanheiro o prosaico retrato diurno. Primeiro a localização: à rua do Pinheiro Manso, no delapidado jardim de uma mansão convertida em sede partidária. A entrada faz-se por um portão, ao lado da esquadra da PSP, que abre para um terreiro usado como estacionamento; ao fundo uma rede de ferro delimita um talhão com couves e árvores de fruto; à esquerda um tabique separa parcialmente o terreiro do jardim.Além do castanheiro - grande, alto, forte, portentoso -, há árvores ornamentais que falam da antiga opulência: um ácer japonês, canforeiras, palmeiras de várias espécies, camélias (incluindo uma reticulata). O castanheiro aproveitou a ausência de vigilância humana para criar prole, e há até uma estranha touceira com três troncos, formada por um castanheiro e duas palmeiras (Phoenix canariensis).São estas árvores nos antigos jardins, ocultas por muros ou fachadas tantas vezes decrépitos, que ajudam a cidade a respirar. Como poucos as vêem, também poucos dão pela sua falta quando as obras de reconstrução lhes ditam a morte. Mas são cento e tantos anos de vida que se perdem - anos que nunca em nossa vida serão recuperados.Outro castanheiro monumental a sul