Ao ler (via PJ ) na página da Associação dos Amigos do Mindelo a relação da incrível quantidade de detritos que encontraram ao longo do areal, lembrei-me com nostalgia do belo poema de José Régio. Será que ele se conformaria? E que diria deste megaprojecto?«Vila de Conde, espraiadaEntre pinhais, rio e mar...- Lembra-me Vila do Conde,Já me ponho a suspirar.Vento norte, ai vento norte,Ventinho da beira-mar,Vento de Vila do Conde,Que é minha terra natal!,Nenhum remédio me valeSe me não vens cá buscar,Venta norte, ai vento norte,Que em sonhos sinto assoprar...Bom cheirinho dos pinheiros,A que não sei outro igual,Do pinheiral de Mindelo,Que é um belo pinheiralque em Azurara começaE ao Porto vai acabar...,Se me não vens cá buscar,Nenhum remédio me vale!Nenhum remédio me vale,Se te não posso cheirar...Vila do Conde, espraiadaEntre pinhais, rio e mar!- Lembra-me Vila do Conde,Mais nada posso lembrar.Bom cheirinho dos pinheiros..Sei de um que quase te vale:É o cheiro da maresia,- Sargaços, névoas e sal -A que cheira toda a vilaNas manhãs de temporal.Ai mar de Vila do Conde~,Ai mar dos mares, meu mar!,Se me não vens cá buscar,Nenhum remédio me vale.Nenhum remédio me vale,Nem chega a remediar...Abria de manhãzinhaAs vidraças par em par.Entrava o mar no meu quartoSó pelo cheiro do ar.Ia à praia, e via a espumaRolando pelo areal,Espuma verde e amarelaDa noite de temporal!Empurrada pelo vento,Que em sonhos ouço ventar,Ia à praia, e via a espumaPelo areal a rolar...(...)Vila do Conde, espraiadaEntre pinhais, rio e mar!- Lembra-me Vila do Conde,Não me posso conformar... » José Régio>"Romance do Vila de Conde", in Fado (1941)
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Ao ler (via PJ ) na página da Associação dos Amigos do Mindelo a relação da incrível quantidade de detritos que encontraram ao longo do areal, lembrei-me com nostalgia do belo poema de José Régio. Será que ele se conformaria? E que diria deste megaprojecto?«Vila de Conde, espraiadaEntre pinhais, rio e mar...- Lembra-me Vila do Conde,Já me ponho a suspirar.Vento norte, ai vento norte,Ventinho da beira-mar,Vento de Vila do Conde,Que é minha terra natal!,Nenhum remédio me valeSe me não vens cá buscar,Venta norte, ai vento norte,Que em sonhos sinto assoprar...Bom cheirinho dos pinheiros,A que não sei outro igual,Do pinheiral de Mindelo,Que é um belo pinheiralque em Azurara começaE ao Porto vai acabar...,Se me não vens cá buscar,Nenhum remédio me vale!Nenhum remédio me vale,Se te não posso cheirar...Vila do Conde, espraiadaEntre pinhais, rio e mar!- Lembra-me Vila do Conde,Mais nada posso lembrar.Bom cheirinho dos pinheiros..Sei de um que quase te vale:É o cheiro da maresia,- Sargaços, névoas e sal -A que cheira toda a vilaNas manhãs de temporal.Ai mar de Vila do Conde~,Ai mar dos mares, meu mar!,Se me não vens cá buscar,Nenhum remédio me vale.Nenhum remédio me vale,Nem chega a remediar...Abria de manhãzinhaAs vidraças par em par.Entrava o mar no meu quartoSó pelo cheiro do ar.Ia à praia, e via a espumaRolando pelo areal,Espuma verde e amarelaDa noite de temporal!Empurrada pelo vento,Que em sonhos ouço ventar,Ia à praia, e via a espumaPelo areal a rolar...(...)Vila do Conde, espraiadaEntre pinhais, rio e mar!- Lembra-me Vila do Conde,Não me posso conformar... » José Régio>"Romance do Vila de Conde", in Fado (1941)