A que vens, solidão, com teu relógiode ponteiros de visgo, de bater de feltro?Ombro nenhum ao meu ombro encostado,a que vens, ó camarada solidão?Companheira, amiga, até amante,até ausente, ó solidão, te amei,como se ama o frio até o frio dara chama que tu dás, ó solidão!A que vens, enfermeira? Não sabes que estou morto,que se digo o meu sim ou o meu nãoé só para que os outros me julguem mais um outro,é só para que um morto não tire o sono aos outros?A que vens, solidão? Vai antes possuiros que amam sem esperança e sem saber esperam,dá-lhes o teu conforto, encosta-lhes ao ombroo teu ombro nenhum, ó solidão!Alexandre O'Neill
Categorias
Entidades
A que vens, solidão, com teu relógiode ponteiros de visgo, de bater de feltro?Ombro nenhum ao meu ombro encostado,a que vens, ó camarada solidão?Companheira, amiga, até amante,até ausente, ó solidão, te amei,como se ama o frio até o frio dara chama que tu dás, ó solidão!A que vens, enfermeira? Não sabes que estou morto,que se digo o meu sim ou o meu nãoé só para que os outros me julguem mais um outro,é só para que um morto não tire o sono aos outros?A que vens, solidão? Vai antes possuiros que amam sem esperança e sem saber esperam,dá-lhes o teu conforto, encosta-lhes ao ombroo teu ombro nenhum, ó solidão!Alexandre O'Neill