Dias com árvores: Rezo, dobrado, aos Anjos da manhã.

28-05-2010
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O céu é fosco e o coração sonoroComo a chuva que cai na telha vãE o verbo com que imploro.Terra de lume implantaO meu corpo de velhoEnrolado na manta.As minhas mãos estão postas ou podadas?Sou gente ou vide?O chão, com minhas folhas amontoadas,Do Inferno me divide. Mas rezo sempre, como o fio da fonteTeima na rocha viva ao mar viradaNa esperança de que um cântaro desponteE o apare ainda - ou a covinha breveQue, tremendo o queimor da água salgada,Ele próprio em pedra abriuComo na terra leve,Ajudado dos álamos, o rio.Vitorino Nemésio"Terra de Lume", in O Pão e a Culpa (1955 )


O céu é fosco e o coração sonoroComo a chuva que cai na telha vãE o verbo com que imploro.Terra de lume implantaO meu corpo de velhoEnrolado na manta.As minhas mãos estão postas ou podadas?Sou gente ou vide?O chão, com minhas folhas amontoadas,Do Inferno me divide. Mas rezo sempre, como o fio da fonteTeima na rocha viva ao mar viradaNa esperança de que um cântaro desponteE o apare ainda - ou a covinha breveQue, tremendo o queimor da água salgada,Ele próprio em pedra abriuComo na terra leve,Ajudado dos álamos, o rio.Vitorino Nemésio"Terra de Lume", in O Pão e a Culpa (1955 )

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