perde-te na minha sombra: março 2008 Archives

07-01-2010
marcar artigo

o grito é mudo...

as asas não vooam...

A maioria das vezes converso comigo às escuras. Converso a verdade e o sonho, digo-me o que penso e nunca digo, penso para mim e para ti aquilo que nunca chegará a sair de um rascunho. Palavras expectantes na coragem de as estampar numa outra tela enquanto a memória se não apagar e elas não tiverem perdido o seu significado...

Esquecer o que faz doer

Não morrer por dentro

Tento de todas as formas

Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua.

"Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem.

Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento.

Sim: existo dentro do meu corpo.

Não trago o sol nem a lua na algibeira.

Não quero conquistar mundos porque dormi mal,

Nem almoçar o mundo por causa do estômago.

Indiferente?

Não: filho da terra, que se der um salto, está em falso,

Um momento no ar que não é para nós,

E só contente quando os pés lhe batem outra vez na terra,

Traz! na realidade que não falta!

Não tenho pressa.

Pressa de quê? Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.

Ter pressa é crer que a gente passe adiante das pernas,

Ou que, dando um pulo, salte por cima da sombra.

Não; não tenho pressa.

Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega

Nem um centímetro mais longe.

Toco só aonde toco, não aonde penso.

Só me posso sentar aonde estou.

E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,

Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,

E somos vadios do nosso corpo.

E estamos sempre fora dele porque estamos aqui..."

o grito é mudo...

as asas não vooam...

A maioria das vezes converso comigo às escuras. Converso a verdade e o sonho, digo-me o que penso e nunca digo, penso para mim e para ti aquilo que nunca chegará a sair de um rascunho. Palavras expectantes na coragem de as estampar numa outra tela enquanto a memória se não apagar e elas não tiverem perdido o seu significado...

Esquecer o que faz doer

Não morrer por dentro

Tento de todas as formas

Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua.

"Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem.

Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento.

Sim: existo dentro do meu corpo.

Não trago o sol nem a lua na algibeira.

Não quero conquistar mundos porque dormi mal,

Nem almoçar o mundo por causa do estômago.

Indiferente?

Não: filho da terra, que se der um salto, está em falso,

Um momento no ar que não é para nós,

E só contente quando os pés lhe batem outra vez na terra,

Traz! na realidade que não falta!

Não tenho pressa.

Pressa de quê? Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.

Ter pressa é crer que a gente passe adiante das pernas,

Ou que, dando um pulo, salte por cima da sombra.

Não; não tenho pressa.

Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega

Nem um centímetro mais longe.

Toco só aonde toco, não aonde penso.

Só me posso sentar aonde estou.

E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,

Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,

E somos vadios do nosso corpo.

E estamos sempre fora dele porque estamos aqui..."

marcar artigo