o grito é mudo...
as asas não vooam...
A maioria das vezes converso comigo às escuras. Converso a verdade e o sonho, digo-me o que penso e nunca digo, penso para mim e para ti aquilo que nunca chegará a sair de um rascunho. Palavras expectantes na coragem de as estampar numa outra tela enquanto a memória se não apagar e elas não tiverem perdido o seu significado...
Esquecer o que faz doer
Não morrer por dentro
Tento de todas as formas
Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua.
"Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem.
Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento.
Sim: existo dentro do meu corpo.
Não trago o sol nem a lua na algibeira.
Não quero conquistar mundos porque dormi mal,
Nem almoçar o mundo por causa do estômago.
Indiferente?
Não: filho da terra, que se der um salto, está em falso,
Um momento no ar que não é para nós,
E só contente quando os pés lhe batem outra vez na terra,
Traz! na realidade que não falta!
Não tenho pressa.
Pressa de quê? Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passe adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salte por cima da sombra.
Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega
Nem um centímetro mais longe.
Toco só aonde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E somos vadios do nosso corpo.
E estamos sempre fora dele porque estamos aqui..."
o grito é mudo...
as asas não vooam...
A maioria das vezes converso comigo às escuras. Converso a verdade e o sonho, digo-me o que penso e nunca digo, penso para mim e para ti aquilo que nunca chegará a sair de um rascunho. Palavras expectantes na coragem de as estampar numa outra tela enquanto a memória se não apagar e elas não tiverem perdido o seu significado...
Esquecer o que faz doer
Não morrer por dentro
Tento de todas as formas
Não tenho pressa: não a têm o sol e a lua.
"Ninguém anda mais depressa do que as pernas que tem.
Se onde quero estar é longe, não estou lá num momento.
Sim: existo dentro do meu corpo.
Não trago o sol nem a lua na algibeira.
Não quero conquistar mundos porque dormi mal,
Nem almoçar o mundo por causa do estômago.
Indiferente?
Não: filho da terra, que se der um salto, está em falso,
Um momento no ar que não é para nós,
E só contente quando os pés lhe batem outra vez na terra,
Traz! na realidade que não falta!
Não tenho pressa.
Pressa de quê? Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passe adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salte por cima da sombra.
Não; não tenho pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega
Nem um centímetro mais longe.
Toco só aonde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E somos vadios do nosso corpo.
E estamos sempre fora dele porque estamos aqui..."