PONTE DO SOR: 100 MIL NOVOS DESEMPREGADOS

04-08-2010
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Quem pára o desemprego?Não são angustiantes os novos dados que nos dizem que todos os dias mais 50 portugueses ficam sem emprego. A continuar a este ritmo, serão necessários mais seis anos para que mais 100 mil trabalhadores fiquem desempregados. O que é dramático é que o desemprego tenha subido 16% para os quadros qualificados.A quantidade de licenciados desempregados que é excluída do mercado de trabalho é, em si, um facto muito mais preocupante que a actual sangria continuada. Porque isto significa que o desajustamento entre a procura e a oferta de trabalho não é repartido igualmente pelos vários níveis profissionais e, sobretudo, porque prova que Portugal está a ter demasiadas dificuldades para encontrar uma linha de desenvolvimento económico assente na qualificação dos recursos humanos.Ora este até é o ponto central da política económica do Governo. Qualificação dos recursos humanos, sociedade do conhecimento, plano tecnológico, investigação e desenvolvimento?Neste aspecto, pelo menos em teoria, o Governo compreende o que se está a passar.No entanto, de que servirá uma injecção de qualificação em recursos humanos de baixa formação quando temos inúmeros recursos com elevada formação que são encostados ao desemprego? Fará algum sentido económico que o dinheiro, que o Estado e as famílias investiram na formação superior, seja remetido para a inutilidade do desemprego? Fará sentido que as prioridades se concentrem em habilitar os que são trabalhadores, de alguma forma, indiferenciados mas que, pelos vistos, têm muito mais facilidade em manter os seus empregos e em encontrar novos quando estão desempregados?Dir-nos-ão que Portugal está a sofrer as consequências de ter andado a ministrar durante anos cursos superiores sem saída profissional, pois serão esses o tipo dominante de licenciados desempregados.Porém, mais uma vez, não será preferível apostar em quem já tem capacidades decorrentes de uma formação superior? Não seria mais útil enfrentar a questão do que continuar a olhar para a permanente subida do termómetro do desemprego como se este fosse apenas consequência de uma gripe e não a manifestação de um profundo desequilíbrio de qualificações?É claro que o Governo tem uma resposta para isto. O ministro do Trabalho repetiu-o a propósito dos novos dados do IEFP. Vieira da Silva disse que o Governo espera inverter o crescimento do desemprego através dos novos investimentos públicos e das políticas públicas.Mas leia-se o programa do Governo e alguém acredita que a panaceia seja através de sistemas de microcrédito, de unidades cooperativas ou de um controlo mais apertado, ainda que fundamental, do recurso ao subsídio de desemprego?Alguém acredita que a Ota e o TGV sejam a solução para o desemprego?Excluindo o recurso ao aumento das contratações na função pública, remédio para o desemprego utilizado longamente por vários governos, alguém duvida que só o aumento geral e continuado do investimento das empresas conseguirá inverter a actual escalada?Portanto, o que vai o Governo fazer para estimular as empresas a investir?Eduardo Moura

Quem pára o desemprego?Não são angustiantes os novos dados que nos dizem que todos os dias mais 50 portugueses ficam sem emprego. A continuar a este ritmo, serão necessários mais seis anos para que mais 100 mil trabalhadores fiquem desempregados. O que é dramático é que o desemprego tenha subido 16% para os quadros qualificados.A quantidade de licenciados desempregados que é excluída do mercado de trabalho é, em si, um facto muito mais preocupante que a actual sangria continuada. Porque isto significa que o desajustamento entre a procura e a oferta de trabalho não é repartido igualmente pelos vários níveis profissionais e, sobretudo, porque prova que Portugal está a ter demasiadas dificuldades para encontrar uma linha de desenvolvimento económico assente na qualificação dos recursos humanos.Ora este até é o ponto central da política económica do Governo. Qualificação dos recursos humanos, sociedade do conhecimento, plano tecnológico, investigação e desenvolvimento?Neste aspecto, pelo menos em teoria, o Governo compreende o que se está a passar.No entanto, de que servirá uma injecção de qualificação em recursos humanos de baixa formação quando temos inúmeros recursos com elevada formação que são encostados ao desemprego? Fará algum sentido económico que o dinheiro, que o Estado e as famílias investiram na formação superior, seja remetido para a inutilidade do desemprego? Fará sentido que as prioridades se concentrem em habilitar os que são trabalhadores, de alguma forma, indiferenciados mas que, pelos vistos, têm muito mais facilidade em manter os seus empregos e em encontrar novos quando estão desempregados?Dir-nos-ão que Portugal está a sofrer as consequências de ter andado a ministrar durante anos cursos superiores sem saída profissional, pois serão esses o tipo dominante de licenciados desempregados.Porém, mais uma vez, não será preferível apostar em quem já tem capacidades decorrentes de uma formação superior? Não seria mais útil enfrentar a questão do que continuar a olhar para a permanente subida do termómetro do desemprego como se este fosse apenas consequência de uma gripe e não a manifestação de um profundo desequilíbrio de qualificações?É claro que o Governo tem uma resposta para isto. O ministro do Trabalho repetiu-o a propósito dos novos dados do IEFP. Vieira da Silva disse que o Governo espera inverter o crescimento do desemprego através dos novos investimentos públicos e das políticas públicas.Mas leia-se o programa do Governo e alguém acredita que a panaceia seja através de sistemas de microcrédito, de unidades cooperativas ou de um controlo mais apertado, ainda que fundamental, do recurso ao subsídio de desemprego?Alguém acredita que a Ota e o TGV sejam a solução para o desemprego?Excluindo o recurso ao aumento das contratações na função pública, remédio para o desemprego utilizado longamente por vários governos, alguém duvida que só o aumento geral e continuado do investimento das empresas conseguirá inverter a actual escalada?Portanto, o que vai o Governo fazer para estimular as empresas a investir?Eduardo Moura

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