A Cinco Tons: O outro lado do filme com Baniel Bessa.

24-05-2011
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Hilariante!Delirei com aquele filme. O estilo parecia-me não ser compatível com os dias de hoje, mas isso deve ser porque percebo pouco de cinema.Saímos da Évora histórica, eu e um camarada vestido de calças de ganga que lhe caiam, com ele a queixar-se que o cinto se tinha acabado de partir. Tomamos a estrada da Igejinha até ao Louredo, sem sabermos bem onde procurar, mas logo as bandeiras vermelhas anunciavam "Millennium". A estrada de terra era estreita até que avistamos um senhor vestido de mordomo que nos indicava o lugar de estacionar. Afinal havia vários. Vestidos de calça preta e casaco branco. Era cedo e eu comecei a rir-me para dentro."O cerise (cereja) é a cor da fruta suculenta...O cerise é um vermelho luminoso...O cerise revela saúde e vitalidade...O cerise atrai o olhar de quem passa...O cerise destaca-se de todas as outras cores...O cerise tem carácter."E havia cerise salpicando os predominantes escuros e brancos com que todos, a rigor, estavam vestidos. Ainda pensei que aquilo devia ser um elogio a um dos meus blogs preferidos, o "tempo das cerejas" de Vitor Dias, mas não.A documentação que me foi entregue falava ainda de "Vontade de viver; de alegria em ser útil; abertura ao novo; seriedade e sinceridade; sentido de justiça".E eu olhava à minha volta e só via gente a fazer de conta, uns com mais à vontade, outros visivelmente embaraçados. Cerca de uns quinhentos actores num cenário criado para o filme. Duas tendas gigantes de plástico branco, devidamente climatizadas, alcatifadas, sonorizadas, encadeiradas, etc. Numa delas passava-se o filme com Daniel Bessa, na outra o jantar a que não assisti porque o camarada com quem ia não resiste a tanto. Quando saíu do filme só se queixava de sono e dor de cabeça. E eu muito divertida com aquilo tudo. Já vos disse que os meus filmes preferidos não são os melhores. Sãos mesmos estes. Parecia-me que tinha ido ao futebol, onde o que menos me interessa é o que se passa no campo, mas a envolvência, senhores, aquela envolvência.Aquela conversa cerise e bons princípios, não foi invenção minha, que eu não chegaria a tanto...Está escrita, tenho provas que se referia ao Millennium bcp. Acreditam ? Eu estava divertidissima.A única coisa de que não me consegui rir foi do facto de entre várias centenas de homens estarem muito poucas mulheres. Comecei por tentar consolar-me, dizendo-me que elas não querem mesmo frequentar meios daqueles. Mas não pude evitar ver que existiam algumas. Todas bonitas. Novas. Altas, magras e de cabelo comprido. Muito direitas. Vestidas com saia curta, cor de caqui, e casaquinhos cerise. O que fariam ali? Perguntei ao camarada com quem lá fui. "Ficam cá bem, servem para alegrar a vista", respondeu-me a rir.Mas eu não. Não me consigo rir de que no meio do muito dinheiro, da sofisticação, de uma suposta amostra do Portugal da frente, as mulheres sejam usadas para decorar, tanto como os desenhos de cerejas que por ali havia.Não sei como escrever isto, mas não engulo. Repugna-me muito. E todos a compactuar.Lembrei-me que o meu filho, de 6 anos, continua a dizer que a sua música preferida é a Teresa Torga do Zeca Afonso. Ninguém percebe a preferência, mas ontem era gritante que ele está surpreendentemente actualizado.


Hilariante!Delirei com aquele filme. O estilo parecia-me não ser compatível com os dias de hoje, mas isso deve ser porque percebo pouco de cinema.Saímos da Évora histórica, eu e um camarada vestido de calças de ganga que lhe caiam, com ele a queixar-se que o cinto se tinha acabado de partir. Tomamos a estrada da Igejinha até ao Louredo, sem sabermos bem onde procurar, mas logo as bandeiras vermelhas anunciavam "Millennium". A estrada de terra era estreita até que avistamos um senhor vestido de mordomo que nos indicava o lugar de estacionar. Afinal havia vários. Vestidos de calça preta e casaco branco. Era cedo e eu comecei a rir-me para dentro."O cerise (cereja) é a cor da fruta suculenta...O cerise é um vermelho luminoso...O cerise revela saúde e vitalidade...O cerise atrai o olhar de quem passa...O cerise destaca-se de todas as outras cores...O cerise tem carácter."E havia cerise salpicando os predominantes escuros e brancos com que todos, a rigor, estavam vestidos. Ainda pensei que aquilo devia ser um elogio a um dos meus blogs preferidos, o "tempo das cerejas" de Vitor Dias, mas não.A documentação que me foi entregue falava ainda de "Vontade de viver; de alegria em ser útil; abertura ao novo; seriedade e sinceridade; sentido de justiça".E eu olhava à minha volta e só via gente a fazer de conta, uns com mais à vontade, outros visivelmente embaraçados. Cerca de uns quinhentos actores num cenário criado para o filme. Duas tendas gigantes de plástico branco, devidamente climatizadas, alcatifadas, sonorizadas, encadeiradas, etc. Numa delas passava-se o filme com Daniel Bessa, na outra o jantar a que não assisti porque o camarada com quem ia não resiste a tanto. Quando saíu do filme só se queixava de sono e dor de cabeça. E eu muito divertida com aquilo tudo. Já vos disse que os meus filmes preferidos não são os melhores. Sãos mesmos estes. Parecia-me que tinha ido ao futebol, onde o que menos me interessa é o que se passa no campo, mas a envolvência, senhores, aquela envolvência.Aquela conversa cerise e bons princípios, não foi invenção minha, que eu não chegaria a tanto...Está escrita, tenho provas que se referia ao Millennium bcp. Acreditam ? Eu estava divertidissima.A única coisa de que não me consegui rir foi do facto de entre várias centenas de homens estarem muito poucas mulheres. Comecei por tentar consolar-me, dizendo-me que elas não querem mesmo frequentar meios daqueles. Mas não pude evitar ver que existiam algumas. Todas bonitas. Novas. Altas, magras e de cabelo comprido. Muito direitas. Vestidas com saia curta, cor de caqui, e casaquinhos cerise. O que fariam ali? Perguntei ao camarada com quem lá fui. "Ficam cá bem, servem para alegrar a vista", respondeu-me a rir.Mas eu não. Não me consigo rir de que no meio do muito dinheiro, da sofisticação, de uma suposta amostra do Portugal da frente, as mulheres sejam usadas para decorar, tanto como os desenhos de cerejas que por ali havia.Não sei como escrever isto, mas não engulo. Repugna-me muito. E todos a compactuar.Lembrei-me que o meu filho, de 6 anos, continua a dizer que a sua música preferida é a Teresa Torga do Zeca Afonso. Ninguém percebe a preferência, mas ontem era gritante que ele está surpreendentemente actualizado.

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