Eu tenho uma especial ternura por Euskadi e por aquilo que são as nacionalidades dentro do Estado Espanhol, especialmente o País Basco, os Países Catalães e a Galiza. Conheço relativamente bem a Catalunha e certas zonas do País Basco. Menos a Galiza. Mas regularmente, quase todos os dias, passo os olhos pela imprensa que se publica aqui ao lado e surpreende-me que tantos portugueses, até dos que diariamente emitem opiniões ou estão alinhados politicamente, desconheçam totalmente a realidade do resto da Península Ibérica.Esta prosa tem a ver com a noticia que os jornais espanhóis e a imprensa internacional estão a destacar nas últimas horas, ou seja "mais uma decapitação da ETA" e a prisão do porta-voz da esquerda nacionalista. Tenho para mim que o País Basco é um território de excepção, onde o Estado Espanhol suprime as liberdades e os direitos e garantias universais em nome de uma suposta luta contra o terrorismo. As arbitrariedades, a proibição de organizações políticas independentistas existirem, a dispersão dos presos pelo território espanhol, são, entre outras, limitações fortes à cidadania e à liberdade de expressão. Vem isto também a propósito de um basco que sempre foi um dos maiores exemplos de liberdade que conheci. Anarquista, ecologista, mas também profundamente basco - embora cidadão do mundo Conheci-o aqui em Portugal nos idos de 74/75. Por aqui esteve uns anos. Esteve ligado à Comuna Cronstadt - um palacete ocupado na zona das Janelas Verdes, em Lisboa - e onde tantos de nós vivemos. Esteve também ligado ao colectivo do jornal A Batalha. Estive depois várias vezes com o Fernando Arrikagoitia (é assim que se chama) em Vitória, numa casa que tinha numa das ruas do Casco Viejo - a Calle Cuchilleria - onde se alojava gente de todo o lado. Uma grande cama ocupava todo um quarto e quem chegasse, fosse a que horas fosse, ia-se deitando. Sei agora que ele é o responsável pela Biblioteca Ecologista de Vitória, que fundou, e destacado militante ecologista. Não sei o que pensa da ETA, de Otegui, do nacionalismo. Mas sei que o Fernando Arrikagoitia é profundamente basco e imensamente livre. E que, nós portugueses, não perdíamos nada - antes pelo contrário - se acompanhássemos as realidades tão diferentes do Estado Espanhol. Afinal, geograficamente tão perto, mas, no fundo, tão longe que estamos. Senão todos, muitos de nós.(quem quiser saber mais sobre a situação basca, do ponto de vista do nacionalismo. AQUI e AQUI)
Categorias
Entidades
Eu tenho uma especial ternura por Euskadi e por aquilo que são as nacionalidades dentro do Estado Espanhol, especialmente o País Basco, os Países Catalães e a Galiza. Conheço relativamente bem a Catalunha e certas zonas do País Basco. Menos a Galiza. Mas regularmente, quase todos os dias, passo os olhos pela imprensa que se publica aqui ao lado e surpreende-me que tantos portugueses, até dos que diariamente emitem opiniões ou estão alinhados politicamente, desconheçam totalmente a realidade do resto da Península Ibérica.Esta prosa tem a ver com a noticia que os jornais espanhóis e a imprensa internacional estão a destacar nas últimas horas, ou seja "mais uma decapitação da ETA" e a prisão do porta-voz da esquerda nacionalista. Tenho para mim que o País Basco é um território de excepção, onde o Estado Espanhol suprime as liberdades e os direitos e garantias universais em nome de uma suposta luta contra o terrorismo. As arbitrariedades, a proibição de organizações políticas independentistas existirem, a dispersão dos presos pelo território espanhol, são, entre outras, limitações fortes à cidadania e à liberdade de expressão. Vem isto também a propósito de um basco que sempre foi um dos maiores exemplos de liberdade que conheci. Anarquista, ecologista, mas também profundamente basco - embora cidadão do mundo Conheci-o aqui em Portugal nos idos de 74/75. Por aqui esteve uns anos. Esteve ligado à Comuna Cronstadt - um palacete ocupado na zona das Janelas Verdes, em Lisboa - e onde tantos de nós vivemos. Esteve também ligado ao colectivo do jornal A Batalha. Estive depois várias vezes com o Fernando Arrikagoitia (é assim que se chama) em Vitória, numa casa que tinha numa das ruas do Casco Viejo - a Calle Cuchilleria - onde se alojava gente de todo o lado. Uma grande cama ocupava todo um quarto e quem chegasse, fosse a que horas fosse, ia-se deitando. Sei agora que ele é o responsável pela Biblioteca Ecologista de Vitória, que fundou, e destacado militante ecologista. Não sei o que pensa da ETA, de Otegui, do nacionalismo. Mas sei que o Fernando Arrikagoitia é profundamente basco e imensamente livre. E que, nós portugueses, não perdíamos nada - antes pelo contrário - se acompanhássemos as realidades tão diferentes do Estado Espanhol. Afinal, geograficamente tão perto, mas, no fundo, tão longe que estamos. Senão todos, muitos de nós.(quem quiser saber mais sobre a situação basca, do ponto de vista do nacionalismo. AQUI e AQUI)