A Cinco Tons: Évora cidade-Museu ?

03-08-2010
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Para além dos marxistas "valor de uso" e "valor de troca", Walter Benjamin criou o conceito de "valor de exposição", que, segundo Giorgio Agamben, é o conceito charneira para o entendimento do nosso tempo de capitalismo total. Neste momento bem sei que estão a perguntar-se, e bem, onde é que o gajo quer chegar...Ora bem, aqui:"A musealização do mundo é hoje um dado adquirido. Uma após a outra, progressivamente, as potências espirituais que definiam a vida dos homens- a arte, a religião, a filosofia, a ideia de natureza, a política, até- retiraram-se para o Museu. Museu não significa aqui um lugar ou um espaço físico determinado, mas a dimensão separada para a qual se transfere aquilo que, em tempos, era sentido como verdadeiro e decisivo e, agora, já não é. O Museu pode coincidir, neste sentido, com uma cidade inteira(Évora, Veneza, declaradas património mundial), com uma região (declarada parque ou oásis natural) e, inclusivamente, com um grupo de indivíduos(enquanto representantes de uma forma de vida desaparecida). Mas , mais geralmente, tudo hoje se pode tornar Museu, porque este termo designa simplesmente a exposição de uma impossibilidade de usar, de habitar, de experimentar."(G. Agamben,pp.119-120, "Profanações", livros cotovia; sublinhados meus.)Desculpem a longa citação, mas tenho a impressão que os candidatos à CME poderiam ler com proveito este livrito, de um dos mais conceituados, lidos e estudados filósofos da política de hoje. À margem, poderei dizer que se fica sempre um bocado orgulhoso de Évora emparelhar com Veneza na obra de um distinto e famoso filósofo. Já agora, os candidatos à câmara municipal de Lisboa também poderiam inspirarar-se no livro citado, pois a Baixa está deserta(como dizia o O'Neill, "Veneza aos gatos, Lisboa às moscas"...)


Para além dos marxistas "valor de uso" e "valor de troca", Walter Benjamin criou o conceito de "valor de exposição", que, segundo Giorgio Agamben, é o conceito charneira para o entendimento do nosso tempo de capitalismo total. Neste momento bem sei que estão a perguntar-se, e bem, onde é que o gajo quer chegar...Ora bem, aqui:"A musealização do mundo é hoje um dado adquirido. Uma após a outra, progressivamente, as potências espirituais que definiam a vida dos homens- a arte, a religião, a filosofia, a ideia de natureza, a política, até- retiraram-se para o Museu. Museu não significa aqui um lugar ou um espaço físico determinado, mas a dimensão separada para a qual se transfere aquilo que, em tempos, era sentido como verdadeiro e decisivo e, agora, já não é. O Museu pode coincidir, neste sentido, com uma cidade inteira(Évora, Veneza, declaradas património mundial), com uma região (declarada parque ou oásis natural) e, inclusivamente, com um grupo de indivíduos(enquanto representantes de uma forma de vida desaparecida). Mas , mais geralmente, tudo hoje se pode tornar Museu, porque este termo designa simplesmente a exposição de uma impossibilidade de usar, de habitar, de experimentar."(G. Agamben,pp.119-120, "Profanações", livros cotovia; sublinhados meus.)Desculpem a longa citação, mas tenho a impressão que os candidatos à CME poderiam ler com proveito este livrito, de um dos mais conceituados, lidos e estudados filósofos da política de hoje. À margem, poderei dizer que se fica sempre um bocado orgulhoso de Évora emparelhar com Veneza na obra de um distinto e famoso filósofo. Já agora, os candidatos à câmara municipal de Lisboa também poderiam inspirarar-se no livro citado, pois a Baixa está deserta(como dizia o O'Neill, "Veneza aos gatos, Lisboa às moscas"...)

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