A ciência não é neutra: Portugal e Espanha, unidos na mesma fantasia (e na mesma recessão)!

05-08-2010
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Dizem-me que o actual Secretário de Estado da Energia, Carlos Zorrinho, é boa pessoa. E isso ainda mais triste me deixa quanto à existência de uma mente delirante que o que ele diz manifesta.
Ao que parece, Zorrinho acha que não é precisa mais energia na rede eléctrica para abastecer os (inexistentes) carros eléctricos, e parece que partilha essa ideia com o seu congénere espanhol. Mas como não é precisa mais energia, se a energia não se cria nem se gasta, apenas se transforma? Para a meter nos (inexistentes) automóveis eléctricos, é preciso ir buscá-la a algum lado, quando eles existirem!
Se viermos a ter todos automóveis eléctricos, uns 4 milhões em circulação a uma média de 12 mil km /ano, com um consumo de 15 kWh /100 km, mais os transportes comerciais, será preciso gerar como ordem de grandeza, em média, uns 900 MW de electricidade, pelo menos mais 1/6 do que o consumo anual actual de energia eléctrica.
É verdade que isso não acontecerá antes de daqui a 25 anos, já supondo muito optimisticamente que se inventam novas baterias que resolvam o problema das de iões de lítio nos próximos 10 anos, que os veículos eléctricos começam a substituir no mercado os com motores de combustão daqui a 5 a 10 anos e que depois serão precisos mais 15 a 20 para a substituição de toda a frota automóvel existente, ao ritmo anual normal com que compram automóveis novos em Portugal...
O que Zorrinho quer dizer, porém, só pode ser outra coisa que a sua manifesta incompetência no assunto não lhe permite explicar com clareza (acreditando na sua boa fé). O que ele quer dizer é que não serão precisas outras fontes de energia a não ser as renováveis que o Governo planeia instalar. Ou mais exactamente, as eólicas, já que as outras são pura ficção (caso do solar em grande escala) ou requerem um planeamento que este Governo é incapaz de fazer (casos da biomassa, biogás, biocombustíveis, etc) e de qualquer modo de custo exorbitante.
E como a energia eólica é altamente intermitente e aleatória, é aí que entram as "redes inteligentes" desta visão eco-utópica, que terão por papel adaptar o consumo à produção, que é pôr as pessoas ao serviço de uma forma de energia. Coisa que, nos automóveis eléctricos, exige além do mais que toda a gente tenha garagem onde possa deixar o carro ligado à tomada durante a madrugada, quando o vento sopra mais, garagem que a maior parte dos portugueses não tem...
Tudo isto manifesta é a aflição do Governo e outros responsáveis pela nossa política energética perante a incontrolável intermitência do vento, e o seu desespero por ainda não existirem os tais carros eléctricos que Zorrinho e o 1º Ministro querem para logo à noite (wishful thinking)!
Entretanto, o que a notícia que menciono testemunha de realmente importante é a tomada de corpo da proposta de um verdadeiro mercado europeu de energia, com vocação inter-continental, e de construção da sofisticada Super-Rede (smart Super-grid) que o infra-estruture e para que tenho vindo a chamar a atenção!...


Dizem-me que o actual Secretário de Estado da Energia, Carlos Zorrinho, é boa pessoa. E isso ainda mais triste me deixa quanto à existência de uma mente delirante que o que ele diz manifesta.
Ao que parece, Zorrinho acha que não é precisa mais energia na rede eléctrica para abastecer os (inexistentes) carros eléctricos, e parece que partilha essa ideia com o seu congénere espanhol. Mas como não é precisa mais energia, se a energia não se cria nem se gasta, apenas se transforma? Para a meter nos (inexistentes) automóveis eléctricos, é preciso ir buscá-la a algum lado, quando eles existirem!
Se viermos a ter todos automóveis eléctricos, uns 4 milhões em circulação a uma média de 12 mil km /ano, com um consumo de 15 kWh /100 km, mais os transportes comerciais, será preciso gerar como ordem de grandeza, em média, uns 900 MW de electricidade, pelo menos mais 1/6 do que o consumo anual actual de energia eléctrica.
É verdade que isso não acontecerá antes de daqui a 25 anos, já supondo muito optimisticamente que se inventam novas baterias que resolvam o problema das de iões de lítio nos próximos 10 anos, que os veículos eléctricos começam a substituir no mercado os com motores de combustão daqui a 5 a 10 anos e que depois serão precisos mais 15 a 20 para a substituição de toda a frota automóvel existente, ao ritmo anual normal com que compram automóveis novos em Portugal...
O que Zorrinho quer dizer, porém, só pode ser outra coisa que a sua manifesta incompetência no assunto não lhe permite explicar com clareza (acreditando na sua boa fé). O que ele quer dizer é que não serão precisas outras fontes de energia a não ser as renováveis que o Governo planeia instalar. Ou mais exactamente, as eólicas, já que as outras são pura ficção (caso do solar em grande escala) ou requerem um planeamento que este Governo é incapaz de fazer (casos da biomassa, biogás, biocombustíveis, etc) e de qualquer modo de custo exorbitante.
E como a energia eólica é altamente intermitente e aleatória, é aí que entram as "redes inteligentes" desta visão eco-utópica, que terão por papel adaptar o consumo à produção, que é pôr as pessoas ao serviço de uma forma de energia. Coisa que, nos automóveis eléctricos, exige além do mais que toda a gente tenha garagem onde possa deixar o carro ligado à tomada durante a madrugada, quando o vento sopra mais, garagem que a maior parte dos portugueses não tem...
Tudo isto manifesta é a aflição do Governo e outros responsáveis pela nossa política energética perante a incontrolável intermitência do vento, e o seu desespero por ainda não existirem os tais carros eléctricos que Zorrinho e o 1º Ministro querem para logo à noite (wishful thinking)!
Entretanto, o que a notícia que menciono testemunha de realmente importante é a tomada de corpo da proposta de um verdadeiro mercado europeu de energia, com vocação inter-continental, e de construção da sofisticada Super-Rede (smart Super-grid) que o infra-estruture e para que tenho vindo a chamar a atenção!...

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