Voando Pela Vida: Resposta

21-05-2011
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Creio que já algumas vezes Vos disse que criei este Blog afim de exteriorizar o que me vai na alma. Escrevo o que sinto no momento, com toda a verdade e sinceridade, sem contudo achar que tenha propriamente que me justificar. Não tenho, e só o faço, quando vejo que as questões que me são colocadas, o são por alguém que segue o Blog e as coloca com correcção e educação. Por isso, hoje, e embora sem vontade alguma de escrever, venho com este post tentar dar resposta, não á minha vizinha anónima (para bom entendedor meia palavra basta) mas sim, à anónima que me coloca algumas questões.1ª PerguntaComo permitiram que alguem boicotasse o vosso papel de pais?Aqui está uma pergunta bastante pertinente. Acredite que ainda hoje (e sabendo o que sei hoje) essa interrogação ainda se me coloca. Eu tinha 16 anos o pai do André 19, ambos estávamos dependentes economicamente dos nossos pais, sem que da parte deles houvesse alguma intenção de nos ajudarem. Como construir uma família, com a estabilidade que ela deve ter, sem dinheiro, sem apoio familiar, sem casa ou rendimentos? Optámos por ficar em casa dos nossos pais, tentando ganhar alguma maturidade e munirmo-nos do necessário para podermos iniciar a nossa vida em comum. Naturalmente que ao fazê-lo, nunca pensámos que os nossos pais, especialmente a minha mãe, quisesse boicotar o meu papel de mãe. Para ela foi fácil. Eu trabalhava e estudava, para poder garantir ao meu filho, tudo o que ele necessitava. Ela tomava conta dele, como muitas avós o fazem, contudo exigia-me o pagamento de uma prestação de 25.000$00 para o fazer. Acredite que é verdade!!! Estou convicta que de uma forma ou de outra eu seria sempre acusada, pois se optasse por estar mais presente, não estudando, provavelmente seria acusada de ter faltado a todos os bens que nós hoje como pais, gostamos de proporcionar aos nossos filhos. Não são bens essenciais, mas é assim que presentemente os classificamos. Concerteza que o André teria ficado com traumas, ao perceber que não poderia ter o que os amigos tinham. Tive de tomar uma opção. Investi na minha formação, para lhe poder garantir aquilo a que teria a meu ver direito.Teve também carinho e amor, provavelmente em excesso e talvez seja também por isso que tem usado e abusado do amor, tolerância e dedicação da família.Se errámos por permitir que esse boicote acontecesse? Sim. Esse foi talvez o nosso maior erro. Mas infelizmente, na altura, não conseguimos prever que com essa opção poderíamos desencadear toda esta problemática. Mas será que foi isso? Não tenho certezas. Penso que muitos de nós também tem problemas, traumas, situações complicadas, mas não são elas que fazem de nós pessoas de má índole, e ainda bem que assim é.Será que não ter os pais tão presentes quanto seria de desejar dá origem a um jovem problemático, cleptomaníaco e mentiroso compulsivo? É bom que assim não seja, pois se for, este mundo está perdido!!2ª Questão … a determinada altura desiste de lutar por fazer dele um homem pk? Então mas um filho deixa a determinada altura de valer a pena?Um filho nunca deixa de valer a pena. Mas infelizmente, por vezes, temos que lhes mostrar que desistimos, como prova do nosso amor. É complicado de entender? Acredito que sim.Tentámos de tudo. Posso com orgulho dizer que como mãe (e desculpe a pouca modéstia) fiz de tudo para ajudar o meu filho. Não me vou repetir, muitas coisas estão transcritas neste blog. Acredito, não só porque o sinto de forma consciente, mas também, porque me foi dito por professores, psicólogos, pedopsiquiatras, juízes, amigos, conhecidos e vizinhos.Quando temos um filho que não quer estudar o que fazemos?Tentar descobrir o porquê. Como? Com muito dialogo, com muitas reuniões com os directores de turma e docentes, com idas ao psicólogo, com muitas noites e dias sentada a dar-lhe explicações. Ele sabia a matéria toda de cor, mas não queria ir à escola. Alvitrei frequentar a escola com ele, como se uma colega de turma eu fosse. Recusaram. Todos os meus esforços foram em vão. Ele não queria estudar, não gostava da escola, passava semanas sem lá ir.Queria andar na casa dos amigos a fazer sabe-se lá o quê, a jogar à bola, a passear-se pela localidade. Não queria, não ia, e não havia ninguém que o obrigasse.Retirei-o da escola publica, coloquei-o na escola privada, pensando que talvez fosse diferente. Quase que me endividei para pagar a mensalidade. Nada mudou.Quem pensa que uma criança de 6 anos que vai à carteira da avó durante a noite roubar 500$00, se torna num cleptomaníaco? Pensamos que foi uma atitude impensada. Mas não. Foi repreendido com muito diálogo para que percebesse que essa atitude era condenável. Continuou. Intimidamo-lo com a ida a uma esquadra. Não resultou. Todos os anos era inscrito na escola mas em vez da frequentar, ia apenas para roubar os colegas, danificar as instalações escolares e partir o carro às professoras. O que é que acontecia? Tínhamos de pagar,. Ou seja, havia dias, em que o nosso dia de trabalho não era suficiente para a despesa que ele tinha feito.E então que se faz agora? Quando todos aqueles que nos poderiam ajudar se mostram impotentes para o fazer, pois nunca tinham apanhado um miúdo assim!!!Foram dezenas de reuniões e centenas de horas de dialogo.A permanência na escola acabou, e eu desisti, quando alguém responsável na escola, após eu ter feito andado dias a fio a fazer-lhe os resumos e as respostas e perguntas que teria de enfrentar no exame (que ele não fiz pelos motivos que já expus neste Blog) me disse: Mas você ainda anda nisso?. Desista, ele não quer!!E se um filho diz que não quer estudar, o que fazemos para além de todas estas “dermaches”?Pois então tentamos que aprenda um oficio, já que o 5º ano completo não permitia o recurso a um curso técnico-profissional.Aí, deparamos-nos com uma serie de patrões, trabalhos, mentiras, investimentos para que fosse trabalhar (passe, fardamentos, dinheiro para alimentação) e ele ia um dia, faltava três, era despedido, recebia o dinheiro dos dias que tinha trabalhado e desaparecia por uns dias. Quando o dinheiro acabava, regressava a casa da avó implorando que lhe desse guarida. Deixava acalmar a nossa revolta, pedia desculpa, voltava a procurar trabalho e um novo processo começava …Não me posso esquecer que entretanto os nossos cartões multibanco eram furtados, gastava o dinheiro que podia, até darmos conta da falta do cartão isto quer em minha casa, quer na casa da avó.Agora pergunto eu: O que fazemos quando um filho não quer estudar, não quer trabalhar, quer roubar, não quer ter regras, não quer dar satisfações a ninguém, não quer ter horários e não quer tomar a medicação que o ajudaria? Que se faz a um filho que não quer ser ajudado? Aqui deixo a interrogação.As mágoas ficam, a desconfiança instala-se, os problemas acumulam-se e os roubos são diários, e eu já tinha uma criança pequena que não podia estar a assistir a discussões e gritaria que toda esta problemática envolve.Pedi ajuda à Protecção de Menores. Não conseguiram. Pedi ajuda ao Tribunal de menores. Institucionalizaram-no e sabe porquê? Para que ele finalmente que o nosso amor de pais tem limites … tem, quando está em causa a sobrevivência da família.Coloco outra questão. Que fazem os pais de um toxicodependente? Tentam ajudá-lo. Mas quando ele não quer ser ajudado, serão bons pais ao sustentarem-lhe diariamente o vicio?Deverão os pais trabalhar de sol a sol, para permitirem aos filhos, que conscientemente afirmam que não gostam e não querem trabalhar, estar o dia a dormir a jogar à playstation aguardando a chegada dos amigos para uma longa noitada com todos os gastos associados? Então? Andamos a trabalhar para que brinquem com o nosso esforço?Acabei por constatar que a institucionalização foi prejudicial, já que o fez contactar com o mundo da criminalidade e não alterou o seu comportamento.Decidi vender a minha casa em 2006, afim de vir morar para um meio rural para o afastar do meio a que se tinha habituado, e para que tivesse oportunidade de conseguir trabalho. Teve várias oportunidades (ele tem tido sorte nesse sentido) mas mais uma vez confirmei que não queria trabalhar.Claro que podia colocar a hipótese de esquecer que é necessário trabalhar-se, fazer de conta que ele é um incapaz, e mentalizar-me que teria que o sustentar a ele e aos vícios por toda a vida. Se calhar isso faria de mim uma mãe mártir. Provavelmente seria elogiada por todos quantos me lêem. Mas o amor que tenho ao meu filho, faz-me dar-lhe um “pontapé” no rabo, para que perceba que nesta vida, nesta sociedade há o minino que temos que conseguir … sobreviver.Ele sabe que estou aqui, sempre disponível para o acolher, quando a vida lhe seja madrasta, mas estou de portas fechadas para o sustentar e para o “ajudar” enquanto ele não tiver uma vontade séria de trabalhar e se fazer um homem.Porque frases como:Eu não trabalho para ganhar o ordenado minino nacional;Eu recuso-me a dormir num contentor;Preferir andar a vaguear pelas ruas desde as 7:00 da manhã, andar todo o dia sem comer, em vez de ir para ao pé dos avós (paternos) onde lhe seria dada alimentação, para se escusar a ter de os ajudar no restaurante;Aparecer com bens que não consegue justificar de onde provêem …fazem-me pensar que ainda não chegou a hora.Para mim, esta “não ajuda” é um gesto de amor … pode ser complicado de ser aceite por quem me lê, mas é assim que sinto, e quero que saibam que a opinião dos psicólogos que o acompanharam vai nesse sentido!!!Eu desisti de lutar no verão de 2008. Agora limito-me a assistir, aconselhá-lo, e a deixá-lo voar!!!3ª Questão… mas axo muito mais que insensibilidade da parte do seu marido o comentário que teve á partida do filho... Desculpe mas vou partilhar a sensação com que estou neste momento....o Pai do André não o pode ser nos 1ºs anos de vida dele não é? Talvez não sinta o apego que sente pelos outros 2 filhos que tiveram a felicidade de nascer e crescer com o pai e a mãe presentes e juntos …Bom, aqui está de facto um tema delicado, que me coloca grandes constrangimentos. Já me perguntaram por diversas vezes se o André é filho biológico do meu marido. Sim é. Esteve privado do contacto com o filho durante os primeiros anos de vida do André. Contou com a ajuda da minha mãe fazendo a cabeça ao filho, para que nunca fosse possível um bom relacionamento.Durante todos estes anos o meu marido tentou aliviar a relação, mas o facto de não estar muito presente (pq o horário de trabalho é muito sobrecarregado), a voz maléfica da minha mãe, e os sucessivos maus comportamentos e desrespeito do André frustraram essas tentativas. Se houve culpa do meu marido? Sim! Talvez devesse ter-se esforçado mais. Creio que ele nunca investiu o suficiente. Desistiu cedo, rendeu-se!!!Hoje, diz com um à vontade que me dói … que não sente nada pelo filho, e demonstra isso nos seus comentários. Não sei se sente tão pouco como afirma (esta noite também ele não conseguiu dormir), mas não sente o que eu sinto, nem o que sente pelos outros filhos. É esquisito, é estranho. Uma vezes parece que o entendo, quando oiço os seus fortes argumentos, mas acabo sempre por sentir que falhou, falhámos!!!4ª QuestãoEstranho nunca mostrou uma foto do André com o pai?É verdade. Há pouco tempo é que me dedico à fotografia. É certo que há fotografias do André com o pai. São fotos que se tiram mas que não se sentem … são fotos de circunstância, pelo que não as considerando verdadeiras optei por nunca as publicar!!!Talvez num destes dias!!!À Anónima:Acredite que respondi/justifiquei, porque creio que se limitou a afirmar o que sentia, sem qualquer intenção de me “julgar”, embora perceba que tendo um blog e ainda mais publico me coloco “a jeito”, mas estou preparada para isso.Sinta-se à vontade para opinar. A troca de opiniões e experiências é sempre uma mais valia!!!Peço desculpa pelo texto, hoje não estou de facto muito dada à escrita, mas não quis que pensasse que não estava disponível para responder às questões que me colocou!!!Um abraço de mãe …Filipa


Creio que já algumas vezes Vos disse que criei este Blog afim de exteriorizar o que me vai na alma. Escrevo o que sinto no momento, com toda a verdade e sinceridade, sem contudo achar que tenha propriamente que me justificar. Não tenho, e só o faço, quando vejo que as questões que me são colocadas, o são por alguém que segue o Blog e as coloca com correcção e educação. Por isso, hoje, e embora sem vontade alguma de escrever, venho com este post tentar dar resposta, não á minha vizinha anónima (para bom entendedor meia palavra basta) mas sim, à anónima que me coloca algumas questões.1ª PerguntaComo permitiram que alguem boicotasse o vosso papel de pais?Aqui está uma pergunta bastante pertinente. Acredite que ainda hoje (e sabendo o que sei hoje) essa interrogação ainda se me coloca. Eu tinha 16 anos o pai do André 19, ambos estávamos dependentes economicamente dos nossos pais, sem que da parte deles houvesse alguma intenção de nos ajudarem. Como construir uma família, com a estabilidade que ela deve ter, sem dinheiro, sem apoio familiar, sem casa ou rendimentos? Optámos por ficar em casa dos nossos pais, tentando ganhar alguma maturidade e munirmo-nos do necessário para podermos iniciar a nossa vida em comum. Naturalmente que ao fazê-lo, nunca pensámos que os nossos pais, especialmente a minha mãe, quisesse boicotar o meu papel de mãe. Para ela foi fácil. Eu trabalhava e estudava, para poder garantir ao meu filho, tudo o que ele necessitava. Ela tomava conta dele, como muitas avós o fazem, contudo exigia-me o pagamento de uma prestação de 25.000$00 para o fazer. Acredite que é verdade!!! Estou convicta que de uma forma ou de outra eu seria sempre acusada, pois se optasse por estar mais presente, não estudando, provavelmente seria acusada de ter faltado a todos os bens que nós hoje como pais, gostamos de proporcionar aos nossos filhos. Não são bens essenciais, mas é assim que presentemente os classificamos. Concerteza que o André teria ficado com traumas, ao perceber que não poderia ter o que os amigos tinham. Tive de tomar uma opção. Investi na minha formação, para lhe poder garantir aquilo a que teria a meu ver direito.Teve também carinho e amor, provavelmente em excesso e talvez seja também por isso que tem usado e abusado do amor, tolerância e dedicação da família.Se errámos por permitir que esse boicote acontecesse? Sim. Esse foi talvez o nosso maior erro. Mas infelizmente, na altura, não conseguimos prever que com essa opção poderíamos desencadear toda esta problemática. Mas será que foi isso? Não tenho certezas. Penso que muitos de nós também tem problemas, traumas, situações complicadas, mas não são elas que fazem de nós pessoas de má índole, e ainda bem que assim é.Será que não ter os pais tão presentes quanto seria de desejar dá origem a um jovem problemático, cleptomaníaco e mentiroso compulsivo? É bom que assim não seja, pois se for, este mundo está perdido!!2ª Questão … a determinada altura desiste de lutar por fazer dele um homem pk? Então mas um filho deixa a determinada altura de valer a pena?Um filho nunca deixa de valer a pena. Mas infelizmente, por vezes, temos que lhes mostrar que desistimos, como prova do nosso amor. É complicado de entender? Acredito que sim.Tentámos de tudo. Posso com orgulho dizer que como mãe (e desculpe a pouca modéstia) fiz de tudo para ajudar o meu filho. Não me vou repetir, muitas coisas estão transcritas neste blog. Acredito, não só porque o sinto de forma consciente, mas também, porque me foi dito por professores, psicólogos, pedopsiquiatras, juízes, amigos, conhecidos e vizinhos.Quando temos um filho que não quer estudar o que fazemos?Tentar descobrir o porquê. Como? Com muito dialogo, com muitas reuniões com os directores de turma e docentes, com idas ao psicólogo, com muitas noites e dias sentada a dar-lhe explicações. Ele sabia a matéria toda de cor, mas não queria ir à escola. Alvitrei frequentar a escola com ele, como se uma colega de turma eu fosse. Recusaram. Todos os meus esforços foram em vão. Ele não queria estudar, não gostava da escola, passava semanas sem lá ir.Queria andar na casa dos amigos a fazer sabe-se lá o quê, a jogar à bola, a passear-se pela localidade. Não queria, não ia, e não havia ninguém que o obrigasse.Retirei-o da escola publica, coloquei-o na escola privada, pensando que talvez fosse diferente. Quase que me endividei para pagar a mensalidade. Nada mudou.Quem pensa que uma criança de 6 anos que vai à carteira da avó durante a noite roubar 500$00, se torna num cleptomaníaco? Pensamos que foi uma atitude impensada. Mas não. Foi repreendido com muito diálogo para que percebesse que essa atitude era condenável. Continuou. Intimidamo-lo com a ida a uma esquadra. Não resultou. Todos os anos era inscrito na escola mas em vez da frequentar, ia apenas para roubar os colegas, danificar as instalações escolares e partir o carro às professoras. O que é que acontecia? Tínhamos de pagar,. Ou seja, havia dias, em que o nosso dia de trabalho não era suficiente para a despesa que ele tinha feito.E então que se faz agora? Quando todos aqueles que nos poderiam ajudar se mostram impotentes para o fazer, pois nunca tinham apanhado um miúdo assim!!!Foram dezenas de reuniões e centenas de horas de dialogo.A permanência na escola acabou, e eu desisti, quando alguém responsável na escola, após eu ter feito andado dias a fio a fazer-lhe os resumos e as respostas e perguntas que teria de enfrentar no exame (que ele não fiz pelos motivos que já expus neste Blog) me disse: Mas você ainda anda nisso?. Desista, ele não quer!!E se um filho diz que não quer estudar, o que fazemos para além de todas estas “dermaches”?Pois então tentamos que aprenda um oficio, já que o 5º ano completo não permitia o recurso a um curso técnico-profissional.Aí, deparamos-nos com uma serie de patrões, trabalhos, mentiras, investimentos para que fosse trabalhar (passe, fardamentos, dinheiro para alimentação) e ele ia um dia, faltava três, era despedido, recebia o dinheiro dos dias que tinha trabalhado e desaparecia por uns dias. Quando o dinheiro acabava, regressava a casa da avó implorando que lhe desse guarida. Deixava acalmar a nossa revolta, pedia desculpa, voltava a procurar trabalho e um novo processo começava …Não me posso esquecer que entretanto os nossos cartões multibanco eram furtados, gastava o dinheiro que podia, até darmos conta da falta do cartão isto quer em minha casa, quer na casa da avó.Agora pergunto eu: O que fazemos quando um filho não quer estudar, não quer trabalhar, quer roubar, não quer ter regras, não quer dar satisfações a ninguém, não quer ter horários e não quer tomar a medicação que o ajudaria? Que se faz a um filho que não quer ser ajudado? Aqui deixo a interrogação.As mágoas ficam, a desconfiança instala-se, os problemas acumulam-se e os roubos são diários, e eu já tinha uma criança pequena que não podia estar a assistir a discussões e gritaria que toda esta problemática envolve.Pedi ajuda à Protecção de Menores. Não conseguiram. Pedi ajuda ao Tribunal de menores. Institucionalizaram-no e sabe porquê? Para que ele finalmente que o nosso amor de pais tem limites … tem, quando está em causa a sobrevivência da família.Coloco outra questão. Que fazem os pais de um toxicodependente? Tentam ajudá-lo. Mas quando ele não quer ser ajudado, serão bons pais ao sustentarem-lhe diariamente o vicio?Deverão os pais trabalhar de sol a sol, para permitirem aos filhos, que conscientemente afirmam que não gostam e não querem trabalhar, estar o dia a dormir a jogar à playstation aguardando a chegada dos amigos para uma longa noitada com todos os gastos associados? Então? Andamos a trabalhar para que brinquem com o nosso esforço?Acabei por constatar que a institucionalização foi prejudicial, já que o fez contactar com o mundo da criminalidade e não alterou o seu comportamento.Decidi vender a minha casa em 2006, afim de vir morar para um meio rural para o afastar do meio a que se tinha habituado, e para que tivesse oportunidade de conseguir trabalho. Teve várias oportunidades (ele tem tido sorte nesse sentido) mas mais uma vez confirmei que não queria trabalhar.Claro que podia colocar a hipótese de esquecer que é necessário trabalhar-se, fazer de conta que ele é um incapaz, e mentalizar-me que teria que o sustentar a ele e aos vícios por toda a vida. Se calhar isso faria de mim uma mãe mártir. Provavelmente seria elogiada por todos quantos me lêem. Mas o amor que tenho ao meu filho, faz-me dar-lhe um “pontapé” no rabo, para que perceba que nesta vida, nesta sociedade há o minino que temos que conseguir … sobreviver.Ele sabe que estou aqui, sempre disponível para o acolher, quando a vida lhe seja madrasta, mas estou de portas fechadas para o sustentar e para o “ajudar” enquanto ele não tiver uma vontade séria de trabalhar e se fazer um homem.Porque frases como:Eu não trabalho para ganhar o ordenado minino nacional;Eu recuso-me a dormir num contentor;Preferir andar a vaguear pelas ruas desde as 7:00 da manhã, andar todo o dia sem comer, em vez de ir para ao pé dos avós (paternos) onde lhe seria dada alimentação, para se escusar a ter de os ajudar no restaurante;Aparecer com bens que não consegue justificar de onde provêem …fazem-me pensar que ainda não chegou a hora.Para mim, esta “não ajuda” é um gesto de amor … pode ser complicado de ser aceite por quem me lê, mas é assim que sinto, e quero que saibam que a opinião dos psicólogos que o acompanharam vai nesse sentido!!!Eu desisti de lutar no verão de 2008. Agora limito-me a assistir, aconselhá-lo, e a deixá-lo voar!!!3ª Questão… mas axo muito mais que insensibilidade da parte do seu marido o comentário que teve á partida do filho... Desculpe mas vou partilhar a sensação com que estou neste momento....o Pai do André não o pode ser nos 1ºs anos de vida dele não é? Talvez não sinta o apego que sente pelos outros 2 filhos que tiveram a felicidade de nascer e crescer com o pai e a mãe presentes e juntos …Bom, aqui está de facto um tema delicado, que me coloca grandes constrangimentos. Já me perguntaram por diversas vezes se o André é filho biológico do meu marido. Sim é. Esteve privado do contacto com o filho durante os primeiros anos de vida do André. Contou com a ajuda da minha mãe fazendo a cabeça ao filho, para que nunca fosse possível um bom relacionamento.Durante todos estes anos o meu marido tentou aliviar a relação, mas o facto de não estar muito presente (pq o horário de trabalho é muito sobrecarregado), a voz maléfica da minha mãe, e os sucessivos maus comportamentos e desrespeito do André frustraram essas tentativas. Se houve culpa do meu marido? Sim! Talvez devesse ter-se esforçado mais. Creio que ele nunca investiu o suficiente. Desistiu cedo, rendeu-se!!!Hoje, diz com um à vontade que me dói … que não sente nada pelo filho, e demonstra isso nos seus comentários. Não sei se sente tão pouco como afirma (esta noite também ele não conseguiu dormir), mas não sente o que eu sinto, nem o que sente pelos outros filhos. É esquisito, é estranho. Uma vezes parece que o entendo, quando oiço os seus fortes argumentos, mas acabo sempre por sentir que falhou, falhámos!!!4ª QuestãoEstranho nunca mostrou uma foto do André com o pai?É verdade. Há pouco tempo é que me dedico à fotografia. É certo que há fotografias do André com o pai. São fotos que se tiram mas que não se sentem … são fotos de circunstância, pelo que não as considerando verdadeiras optei por nunca as publicar!!!Talvez num destes dias!!!À Anónima:Acredite que respondi/justifiquei, porque creio que se limitou a afirmar o que sentia, sem qualquer intenção de me “julgar”, embora perceba que tendo um blog e ainda mais publico me coloco “a jeito”, mas estou preparada para isso.Sinta-se à vontade para opinar. A troca de opiniões e experiências é sempre uma mais valia!!!Peço desculpa pelo texto, hoje não estou de facto muito dada à escrita, mas não quis que pensasse que não estava disponível para responder às questões que me colocou!!!Um abraço de mãe …Filipa

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