Octávio V. Gonçalves: As reacções ao fim da ADD: da satisfação à ignorância, passando pelo conselheiro (sem) Esperança

21-05-2011
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Fonte: Público
As reacções ao fim da farsa consubstanciada no modelo de avaliação do desempenho docente, que finalmente se viu remetido ao caixote do lixo como seu lugar natural, são susceptíveis de poderem ser distinguidas e categorizadas na forma que se segue:

- o alívio e a satisfação da esmagadora maioria dos professores (porque também há uma minoria com sentimentos ad contrarium, como aqueles que não tinham turmas atribuídas e nada faziam, os que beneficiavam dos cambalachos e da arbitrariedade reinante ou os oportunistas que procuravam ganhar uma vantagem ao arrepio da banalidade diária da sua docência) que, nas escolas, eram vítimas quotidianas de uma demência e de uma artificialidade, sob a forma de práticas e de procedimentos aberrantes do ponto de vista técnico, pedagógico, moral e relacional;
- o entusiasmo e a sensação de dever cumprido, por parte dos movimentos de professores e dos bloggers que não deixaram arrefecer o combate e fizeram o que puderam, às claras e nos undergrounds da influência e da persuasão, para se chegar a este resultado;
- mesmo que dúbios e pouco convictos na contestação ao defunto modelo de ADD, ressalvo a manifestação pública de regozijo dos representantes sindicais e do presidente da ANDE (vide notícia em cima);

- a histeria, a demagogia e o ressabiamento expectáveis e típicos da trupe socratina que, com esta revogação, se sentiu ferida de morte no coração da sua maior aldrabice política, outrora considerada desígnio da governação;
- a ligeireza, ignorante do modelo e falaciosa na argumentação, porque confunde "avaliação" com "classificação" (têm desculpa porque estas tecnicidades transcendem as limitações das suas formações em achismos) e com "este" modelo de avaliação em concreto, com que os comentadores e os opinadores papagueiam alarvidades acerca da educação e da avaliação dos professores;
- o rosto pungido de Pacheco Pereira, alardeando o seu desconhecimento da natureza do modelo de avaliação e das perturbações e arbitrariedades que estava a gerar nas escolas (porque os professores não são um bando de estúpidos, arruaceiros e irresponsáveis, ao invés são gente superiormente habilitada e eticamente exigente, não tendo por hábito mimetizar o facilitismo inerente aos seus comentários e julgamentos), mas, acima de tudo, escancarando a incomodidade de quem tem rabo preso no actual ministério da Educação e, mais grave, de quem, dadas as responsabilidades políticas, como próximo de Manuela Ferreira Leite e como candidato a deputado, aldrabou os professores ao não denunciar, na campanha eleitoral das últimas legislativas, o compromisso do PSD com os professores, com vista à suspensão do modelo de avaliação (o incómodo sentido em relação a Passos Coelho, não legitima que valha tudo e o seu contrário, Senhor Dr. Pacheco Pereira);

- por fim, há a reacção infeliz e mistificadora da realidade, devida ao presidente do Conselho de Escolas (vide notícia em cima), própria de quem ainda não percebeu que as atitudes servis face à governação socrática têm os dias contados e que o futuro da educação e do ensino público, em Portugal, não passará, certamente, pela continuidade dessa estrutura inventada pelo capricho de Maria de Lurdes Rodrigues, ou seja, a restauração da exigência e da decência na escola pública construir-se-à com transparência e entusiasmo, mas sem este Esperança.

Fonte: Público
As reacções ao fim da farsa consubstanciada no modelo de avaliação do desempenho docente, que finalmente se viu remetido ao caixote do lixo como seu lugar natural, são susceptíveis de poderem ser distinguidas e categorizadas na forma que se segue:

- o alívio e a satisfação da esmagadora maioria dos professores (porque também há uma minoria com sentimentos ad contrarium, como aqueles que não tinham turmas atribuídas e nada faziam, os que beneficiavam dos cambalachos e da arbitrariedade reinante ou os oportunistas que procuravam ganhar uma vantagem ao arrepio da banalidade diária da sua docência) que, nas escolas, eram vítimas quotidianas de uma demência e de uma artificialidade, sob a forma de práticas e de procedimentos aberrantes do ponto de vista técnico, pedagógico, moral e relacional;
- o entusiasmo e a sensação de dever cumprido, por parte dos movimentos de professores e dos bloggers que não deixaram arrefecer o combate e fizeram o que puderam, às claras e nos undergrounds da influência e da persuasão, para se chegar a este resultado;
- mesmo que dúbios e pouco convictos na contestação ao defunto modelo de ADD, ressalvo a manifestação pública de regozijo dos representantes sindicais e do presidente da ANDE (vide notícia em cima);

- a histeria, a demagogia e o ressabiamento expectáveis e típicos da trupe socratina que, com esta revogação, se sentiu ferida de morte no coração da sua maior aldrabice política, outrora considerada desígnio da governação;
- a ligeireza, ignorante do modelo e falaciosa na argumentação, porque confunde "avaliação" com "classificação" (têm desculpa porque estas tecnicidades transcendem as limitações das suas formações em achismos) e com "este" modelo de avaliação em concreto, com que os comentadores e os opinadores papagueiam alarvidades acerca da educação e da avaliação dos professores;
- o rosto pungido de Pacheco Pereira, alardeando o seu desconhecimento da natureza do modelo de avaliação e das perturbações e arbitrariedades que estava a gerar nas escolas (porque os professores não são um bando de estúpidos, arruaceiros e irresponsáveis, ao invés são gente superiormente habilitada e eticamente exigente, não tendo por hábito mimetizar o facilitismo inerente aos seus comentários e julgamentos), mas, acima de tudo, escancarando a incomodidade de quem tem rabo preso no actual ministério da Educação e, mais grave, de quem, dadas as responsabilidades políticas, como próximo de Manuela Ferreira Leite e como candidato a deputado, aldrabou os professores ao não denunciar, na campanha eleitoral das últimas legislativas, o compromisso do PSD com os professores, com vista à suspensão do modelo de avaliação (o incómodo sentido em relação a Passos Coelho, não legitima que valha tudo e o seu contrário, Senhor Dr. Pacheco Pereira);

- por fim, há a reacção infeliz e mistificadora da realidade, devida ao presidente do Conselho de Escolas (vide notícia em cima), própria de quem ainda não percebeu que as atitudes servis face à governação socrática têm os dias contados e que o futuro da educação e do ensino público, em Portugal, não passará, certamente, pela continuidade dessa estrutura inventada pelo capricho de Maria de Lurdes Rodrigues, ou seja, a restauração da exigência e da decência na escola pública construir-se-à com transparência e entusiasmo, mas sem este Esperança.

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