Octávio V. Gonçalves: O insustentável peso de Cavaco

21-05-2011
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A não ser que o caso das pretensas "escutas a Belém" ainda venha a ter desenvolvimentos surpreendentes antes do dia 27 de Setembro, é a segunda vez que, de forma consciente ou inadvertida, Cavaco Silva prejudica extensivamente o PSD.A primeira ocorreu com o tristemente célebre artigo da "boa moeda e da má moeda" publicado no Expresso em 2004, o qual foi por todos interpretado como uma crítica acintosa e uma estocada fatal em Santana Lopes. E, de facto, cumprida a legislatura entregue de mão beijada a Sócrates, os portugueses mais esclarecidos questionam-se, legitimamente, sobre a mais valia que a moeda socrática trouxe ao país: mais desemprego, mais endividamento, mais buracos financeiros, mais défice do Estado, mais falências, maior empobrecimento, mais degradação da educação, mais crispação social, mais medo e menos transparência.Cavaco achará, hoje, que valeu a pena o impulso dado à "nova política monetária"?A segunda intervenção, que é susceptível de redundar em prejuízo das expectativas eleitorais do PSD e de milhões de portugueses que têm a esperança de se verem livres de Sócrates, ocorre agora com a estratégia de protelar uma intervenção resoluta e esclarecedora sobre as insinuações da existência de escutas telefónicas em Belém, ao mesmo tempo que demite com um silêncio atordoante o seu assessor de imprensa.Com esta demissão, em plena última semana de campanha eleitoral, o presidente da República interferiu objectivamente na luta partidária, alimentando rumores e ataques ao PSD (ensaiados já por Santos Silva e por Francisco Louçã) e comprometendo o seu dever de equidistância.Não quero acreditar em agendas inconfessadas ou em estratégias de auto-interesse, motivadas pelo mito “dos mesmos ovos na mesma cesta”, mas em política o que parece também é.Seria, absolutamente, condenável que, tanto Sócrates, como Cavaco, hipotecassem, cada um a seu modo, o futuro do país e a salubridade da democracia, apenas por fidelidade a agendas ocultas de projectos de poder pessoal.É crucial que Cavaco Silva dê explicações antes de 27 de Setembro, pois caso contrário estará a prejudicar objectivamente o PSD, porque os portugueses têm memória curta e já se vão esquecendo de suspeitas de cariz idêntico lançadas pelo Procurador-Geral da República ou de pressões e intimidações ocorridas ao longo da legislatura em vários sectores da vida pública.


A não ser que o caso das pretensas "escutas a Belém" ainda venha a ter desenvolvimentos surpreendentes antes do dia 27 de Setembro, é a segunda vez que, de forma consciente ou inadvertida, Cavaco Silva prejudica extensivamente o PSD.A primeira ocorreu com o tristemente célebre artigo da "boa moeda e da má moeda" publicado no Expresso em 2004, o qual foi por todos interpretado como uma crítica acintosa e uma estocada fatal em Santana Lopes. E, de facto, cumprida a legislatura entregue de mão beijada a Sócrates, os portugueses mais esclarecidos questionam-se, legitimamente, sobre a mais valia que a moeda socrática trouxe ao país: mais desemprego, mais endividamento, mais buracos financeiros, mais défice do Estado, mais falências, maior empobrecimento, mais degradação da educação, mais crispação social, mais medo e menos transparência.Cavaco achará, hoje, que valeu a pena o impulso dado à "nova política monetária"?A segunda intervenção, que é susceptível de redundar em prejuízo das expectativas eleitorais do PSD e de milhões de portugueses que têm a esperança de se verem livres de Sócrates, ocorre agora com a estratégia de protelar uma intervenção resoluta e esclarecedora sobre as insinuações da existência de escutas telefónicas em Belém, ao mesmo tempo que demite com um silêncio atordoante o seu assessor de imprensa.Com esta demissão, em plena última semana de campanha eleitoral, o presidente da República interferiu objectivamente na luta partidária, alimentando rumores e ataques ao PSD (ensaiados já por Santos Silva e por Francisco Louçã) e comprometendo o seu dever de equidistância.Não quero acreditar em agendas inconfessadas ou em estratégias de auto-interesse, motivadas pelo mito “dos mesmos ovos na mesma cesta”, mas em política o que parece também é.Seria, absolutamente, condenável que, tanto Sócrates, como Cavaco, hipotecassem, cada um a seu modo, o futuro do país e a salubridade da democracia, apenas por fidelidade a agendas ocultas de projectos de poder pessoal.É crucial que Cavaco Silva dê explicações antes de 27 de Setembro, pois caso contrário estará a prejudicar objectivamente o PSD, porque os portugueses têm memória curta e já se vão esquecendo de suspeitas de cariz idêntico lançadas pelo Procurador-Geral da República ou de pressões e intimidações ocorridas ao longo da legislatura em vários sectores da vida pública.

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