Octávio V. Gonçalves: Tirem-lhe a febre, afugentem-lhe os carrapatos e fujam da piolheira em que deseja permanecer

25-01-2011
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In Público, 17/10/2010 (Clicar na imagem para aumentar)
Obrigado, Zé!
Se não fossem por demais conhecidos os maus humores e as azias do cronista, seria caso para se admitir que, desta vez, o homem teria caído aos trambolhões do lugar do seu juízo escorreito ou teria, mesmo, senilizado. Mas, não! É apenas um assomo de pedantismo intelectual que despreza o povo e a sua vida quotidiana empenhada, digna e sacrificada. A este snobismo ainda acrescenta uma visão ignorante do funcionalismo público, que confunde com a rapaziada recrutada nos partidos, esquecendo-se que uma parte substantiva destas pessoas, muito acima do seu um quinto, são professores, enfermeiros, médicos, polícias, juízes e outros profissionais dignos que desempenham funções da máxima relevância para o Estado e para a sociedade (e para ele próprio, presumo) e que, regra geral, acederam aos seus lugares por concursos públicos ou colocações de mérito e transparentes.Vasco Pulido Valente empreende, pois, nesta crónica, um ataque absolutamente delirante, vesgo e equivocado à classe média e à função pública (e que, na prática, apenas colhe como mais um pretexto para a desresponsabilização do governo, a somar a outros).É cómodo, e até cobarde, procurar bater em quem paga, com os rendimentos do seu trabalho, a incompetência e a irresponsabilidade dos governantes, as mordomias obscenas de gestores públicos e demais "boys", os avençados políticos, muita parasitária social e empresarial que engorda à custa das parcerias com o Estado ou até, indirectamente, muito proto-intelectual que é pago milionariamente para debitar umas opinadas nos meios de comunicação social. Acredito que o universo subconsciente e subliminar que levou Vasco Pulido Valente a redigir esta crónica estivesse, antes, povoado deste grupo de piranhas, mas que, por sublimações e deslocamentos que se percebem, escaparam, desta vez, à acrimónia e à comichão do autor.
Depois, escreve o autor sobre a piolheira em que o país está transformado, e tem razão. Não se compreende é porque insiste na aprovação da rede orçamental que nos mantém aprisionados e que assegurará a manutenção no poder daquele que nos conduziu para o beco, onde medra a piolheira (à semelhança de outros opinadores que falam de Orçamento catastrófico, mas resignam-se aos ditames externos e à inevitabilidade da sua aprovação).Num ponto, Vasco Pulido Valente tem razão: Sócrates é uma emanação daqueles que o têm elegido para primeiro-ministro (nem toda, ou sequer, a maioria da classe média), apesar dos desvios de carácter, dos embustes das promessas eleitorais incumpridas e das políticas erráticas e erradas, os quais, conhecendo-lhe a natureza, deveriam agora, se a democracia fosse a plena assunção das responsabilidades individuais, suportar-lhe os desmandos com dinheiros dos seus próprios bolsos, mais do que aqueles que nunca lhe confiariam a guarda de coisa alguma, quanto mais o voto.

In Público, 17/10/2010 (Clicar na imagem para aumentar)
Obrigado, Zé!
Se não fossem por demais conhecidos os maus humores e as azias do cronista, seria caso para se admitir que, desta vez, o homem teria caído aos trambolhões do lugar do seu juízo escorreito ou teria, mesmo, senilizado. Mas, não! É apenas um assomo de pedantismo intelectual que despreza o povo e a sua vida quotidiana empenhada, digna e sacrificada. A este snobismo ainda acrescenta uma visão ignorante do funcionalismo público, que confunde com a rapaziada recrutada nos partidos, esquecendo-se que uma parte substantiva destas pessoas, muito acima do seu um quinto, são professores, enfermeiros, médicos, polícias, juízes e outros profissionais dignos que desempenham funções da máxima relevância para o Estado e para a sociedade (e para ele próprio, presumo) e que, regra geral, acederam aos seus lugares por concursos públicos ou colocações de mérito e transparentes.Vasco Pulido Valente empreende, pois, nesta crónica, um ataque absolutamente delirante, vesgo e equivocado à classe média e à função pública (e que, na prática, apenas colhe como mais um pretexto para a desresponsabilização do governo, a somar a outros).É cómodo, e até cobarde, procurar bater em quem paga, com os rendimentos do seu trabalho, a incompetência e a irresponsabilidade dos governantes, as mordomias obscenas de gestores públicos e demais "boys", os avençados políticos, muita parasitária social e empresarial que engorda à custa das parcerias com o Estado ou até, indirectamente, muito proto-intelectual que é pago milionariamente para debitar umas opinadas nos meios de comunicação social. Acredito que o universo subconsciente e subliminar que levou Vasco Pulido Valente a redigir esta crónica estivesse, antes, povoado deste grupo de piranhas, mas que, por sublimações e deslocamentos que se percebem, escaparam, desta vez, à acrimónia e à comichão do autor.
Depois, escreve o autor sobre a piolheira em que o país está transformado, e tem razão. Não se compreende é porque insiste na aprovação da rede orçamental que nos mantém aprisionados e que assegurará a manutenção no poder daquele que nos conduziu para o beco, onde medra a piolheira (à semelhança de outros opinadores que falam de Orçamento catastrófico, mas resignam-se aos ditames externos e à inevitabilidade da sua aprovação).Num ponto, Vasco Pulido Valente tem razão: Sócrates é uma emanação daqueles que o têm elegido para primeiro-ministro (nem toda, ou sequer, a maioria da classe média), apesar dos desvios de carácter, dos embustes das promessas eleitorais incumpridas e das políticas erráticas e erradas, os quais, conhecendo-lhe a natureza, deveriam agora, se a democracia fosse a plena assunção das responsabilidades individuais, suportar-lhe os desmandos com dinheiros dos seus próprios bolsos, mais do que aqueles que nunca lhe confiariam a guarda de coisa alguma, quanto mais o voto.

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