Octávio V. Gonçalves: Vinde a mim, os milhares de funcionários públicos

22-01-2011
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De todas as intervenções públicas de Cavaco Silva, nesta campanha presidencial, a referência feita ontem, em Arcos de Valdevez, aos cortes salariais na Função Pública, constituiu, do meu ponto de vista, o momento mais infeliz e incompreensível do candidato.
A referência foi tão contranatura e tão pouco convicta que Cavaco Silva evitou ser claro e incisivo na denúncia da injustiça consubstanciada nos cortes salariais e nos congelamentos das progressões dos funcionários públicos (que no caso da esmagadora maioria dos professores, entre os quais me incluo, já remontam a 2005), refugiando-se num "talvez", "nalguns casos" ou "com alguma injustiça".
Também convém não omitir ou disfarçar que o verdadeiro responsável pela cobardia política que conduziu, já por duas vezes, ao saque aos funcionários públicos e, especificamente aos professores, tem um nome e um rosto: José Sócrates. Foi esta evidência que, hoje, o capturado Manuel Alegre não teve a coragem de admitir ao criticar a demagogia de Cavaco Silva, perdendo-se em referências ao passado de primeiro-ministro do seu rival, quando devia ter denunciado a  cumplicidade (quem cala consente) entre Cavaco Silva e Sócrates, no ataque aos rendimentos dos funcionários públicos, libertando-se do medo de embaraçar o seu partido. Assim, acabou por ser pior o poeta que o soneto.
Todavia, quem se gaba de ter tido um papel decisivo na aprovação do Orçamento para 2011, que consuma mais um espezinhar dos funcionários públicos, sem uma nota pública de discordância face às opções feitas pelo governo, não tem agora margem para este piscar de olhos aos funcionários públicos, pois o gesto será sempre interpretado como uma espécie de assédio ocasional.

De todas as intervenções públicas de Cavaco Silva, nesta campanha presidencial, a referência feita ontem, em Arcos de Valdevez, aos cortes salariais na Função Pública, constituiu, do meu ponto de vista, o momento mais infeliz e incompreensível do candidato.
A referência foi tão contranatura e tão pouco convicta que Cavaco Silva evitou ser claro e incisivo na denúncia da injustiça consubstanciada nos cortes salariais e nos congelamentos das progressões dos funcionários públicos (que no caso da esmagadora maioria dos professores, entre os quais me incluo, já remontam a 2005), refugiando-se num "talvez", "nalguns casos" ou "com alguma injustiça".
Também convém não omitir ou disfarçar que o verdadeiro responsável pela cobardia política que conduziu, já por duas vezes, ao saque aos funcionários públicos e, especificamente aos professores, tem um nome e um rosto: José Sócrates. Foi esta evidência que, hoje, o capturado Manuel Alegre não teve a coragem de admitir ao criticar a demagogia de Cavaco Silva, perdendo-se em referências ao passado de primeiro-ministro do seu rival, quando devia ter denunciado a  cumplicidade (quem cala consente) entre Cavaco Silva e Sócrates, no ataque aos rendimentos dos funcionários públicos, libertando-se do medo de embaraçar o seu partido. Assim, acabou por ser pior o poeta que o soneto.
Todavia, quem se gaba de ter tido um papel decisivo na aprovação do Orçamento para 2011, que consuma mais um espezinhar dos funcionários públicos, sem uma nota pública de discordância face às opções feitas pelo governo, não tem agora margem para este piscar de olhos aos funcionários públicos, pois o gesto será sempre interpretado como uma espécie de assédio ocasional.

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