Mesmo estando identificado e reconhecendo justeza a algumas das reivindicações que constam na agenda da manifestação, que me parecem transversais às preocupações e às exigências de todos os trabalhadores, decidi não participar, com base em duas razões que entroncam nas vicissitudes das reivindicações dos professores e outras duas que são de natureza mais política e ideológica.
Razões ligadas à contestação dos professores:
- não aceito que as reivindicações do fim do actual modelo de avaliação de professores e da anulação das vantagens e penalizações do 1º ciclo de avaliação tenham sido varridas da agenda sindical, pois estas realidades constituem elementos de perturbação nas escolas e de coacção, prepotências ou favorecimentos injustificados/incontrolados entre professores, a que acresce a minha convicção pessoal de que as reivindicações dos professores perdem visibilidade e força se transferidas, diluídas e confundidas na agenda da CGTP;
- não participo mais em lutas com a Fenprof, sem que os compromissos de não se abdicar das reivindicações centrais estejam notarialmente firmados. Duas vezes enganado, já chega.
Razões de natureza política e ideológica:
- compreendi desde muito cedo que as políticas educativas de Sócrates eram injustas, destituídas de seriedade e ofensivas da dignidade dos professores, pelo que deixei de me sentir confortável ao lado daqueles que, no limite, preferem a continuidade ou perpetuação de Sócrates a outras alternativas políticas, funcionando numa lógica de esquerdas-direitas, que desculpam ou toleram o tratamento de enxovalho aos professores protagonizado pelo socratismo;
- embora discorde da equidade das soluções encontradas para responder à crise em que nos encontramos, compreendo a necessidade de o país não viver acima das suas possibilidades (sobretudo em gastos supérfluos e incontrolados do Estado ou em vencimentos/prémios excessivos dos seus gestores e recrutas partidários) e, como tal, de reduzir o seu endividamento externo, pelo que não comungo da visão daqueles que defendem aumentos de impostos para sustentar um Estado esbanjador ou que, como hoje se viu no Parlamento, estão do lado de investimentos públicos megalómanos que apenas servem para endividar ainda mais o país e para alimentar o ego de Sócrates, não tendo nenhuma repercussão na dinamização económica e na valorização do emprego e da qualidade de vida das classes baixa, média e até média alta do país.
Podia aprofundar os fundamentos de cada uma das razões aventadas, mas tal parece-me desnecessário pela circunstância de não perseguir nenhuma intenção exegética que procure influenciar/converter quem quer que seja, compreendendo e respeitando opções e razões diferentes das minhas.
Todavia, não deixa de ser sintomático que a minha escola (Secundária de S. Pedro - Vila Real), que esteve na primeira linha da contestação dos professores, quer em termos de posições colectivas, quer em mobilizações esmagadoras nas idas às manifestações, apenas tenha dois inscritos para a participação na manifestação de amanhã.
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Mesmo estando identificado e reconhecendo justeza a algumas das reivindicações que constam na agenda da manifestação, que me parecem transversais às preocupações e às exigências de todos os trabalhadores, decidi não participar, com base em duas razões que entroncam nas vicissitudes das reivindicações dos professores e outras duas que são de natureza mais política e ideológica.
Razões ligadas à contestação dos professores:
- não aceito que as reivindicações do fim do actual modelo de avaliação de professores e da anulação das vantagens e penalizações do 1º ciclo de avaliação tenham sido varridas da agenda sindical, pois estas realidades constituem elementos de perturbação nas escolas e de coacção, prepotências ou favorecimentos injustificados/incontrolados entre professores, a que acresce a minha convicção pessoal de que as reivindicações dos professores perdem visibilidade e força se transferidas, diluídas e confundidas na agenda da CGTP;
- não participo mais em lutas com a Fenprof, sem que os compromissos de não se abdicar das reivindicações centrais estejam notarialmente firmados. Duas vezes enganado, já chega.
Razões de natureza política e ideológica:
- compreendi desde muito cedo que as políticas educativas de Sócrates eram injustas, destituídas de seriedade e ofensivas da dignidade dos professores, pelo que deixei de me sentir confortável ao lado daqueles que, no limite, preferem a continuidade ou perpetuação de Sócrates a outras alternativas políticas, funcionando numa lógica de esquerdas-direitas, que desculpam ou toleram o tratamento de enxovalho aos professores protagonizado pelo socratismo;
- embora discorde da equidade das soluções encontradas para responder à crise em que nos encontramos, compreendo a necessidade de o país não viver acima das suas possibilidades (sobretudo em gastos supérfluos e incontrolados do Estado ou em vencimentos/prémios excessivos dos seus gestores e recrutas partidários) e, como tal, de reduzir o seu endividamento externo, pelo que não comungo da visão daqueles que defendem aumentos de impostos para sustentar um Estado esbanjador ou que, como hoje se viu no Parlamento, estão do lado de investimentos públicos megalómanos que apenas servem para endividar ainda mais o país e para alimentar o ego de Sócrates, não tendo nenhuma repercussão na dinamização económica e na valorização do emprego e da qualidade de vida das classes baixa, média e até média alta do país.
Podia aprofundar os fundamentos de cada uma das razões aventadas, mas tal parece-me desnecessário pela circunstância de não perseguir nenhuma intenção exegética que procure influenciar/converter quem quer que seja, compreendendo e respeitando opções e razões diferentes das minhas.
Todavia, não deixa de ser sintomático que a minha escola (Secundária de S. Pedro - Vila Real), que esteve na primeira linha da contestação dos professores, quer em termos de posições colectivas, quer em mobilizações esmagadoras nas idas às manifestações, apenas tenha dois inscritos para a participação na manifestação de amanhã.