Octávio V Gonçalves: Sacudir a política do capote

03-08-2010
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Sempre que o PGR, Dr. Pinto Monteiro, transporta para a praça pública os problemas e as disfunções do Ministério Público [MP], a credibilidade da estrutura que dirige vai-se desvanecendo aos olhos dos portugueses de boa fé, ou seja, daqueles que tinham a expectativa de ver todos os cidadãos tratados de igual forma pela justiça, que não, propriamente, daqueles que o primeiro-ministro invoca, vulgo néscios que pactuam com o proteccionismo e a intocabilidade de que Sócrates tem usufruído por parte da justiça portuguesa.
É preciso uma grande lata para vir acusar, em entrevista ao DN, o Sindicato dos Magistrados do MP de "pequeno partido político", quando os cidadãos têm a percepção de uma agenda política permanente por parte da cúpula do MP (Drs. Pinto Monteiro e Cândida Almeida), na forma como têm poupado Sócrates à investigação judicial, desde o caso "Freeport" até à recusa na disponibilização dos despachos relativos às escutas no caso "Face Oculta", com implicações no caso "PT/TVI".
Só a simulação de incomensurável estupidez de alguns comentadores e opinadores da nossa comunicação social não lhes tem permitido enxergar que o acto corajoso dos Procuradores que investigaram o caso "Freeport", ao incluírem as questões que deveriam ter sido colocadas a Sócrates e ao seu clone político, Silva Pereira, carrega consigo uma preocupante mensagem simbólica que nos remete para a existência de entropias e condicionalismos ao mais alto nível na investigação total e completa deste caso (como o próprio advogado de Lopes da Mota havia sugerido). Mas, os cidadãos esclarecidos não são os totós que muito jornalismo de encomenda pretende que sejam.
E para aqueles que tanto se escandalizam com o envolvimento de Sócrates no caso "Freeport" recordo, apenas, alguns factos iniludíveis:
- o envolvimento de Sócrates no caso "Freeport" não partiu de denúncias anónimas (a tal perseguição política e o móbil que dá sempre jeito invocar da campanha negra), mas dos próprios envolvidos, como Charles Smith ou o primo e o tio do primeiro-ministro;
- não restam dúvidas que este caso envolveu quantias avultadas de dinheiro, movimentações em contas de suspeitos, verbas não declaradas, sem que daqui tenha resultado qualquer investigação adicional ou consequências sancionatórias;
- a obrigação ética de um primeiro-ministro era, perante insinuações ou acusações deste tipo, colocar-se totalmente à disposição da justiça, abrindo de forma transparente a sua vida e exigindo a clarificação cabal e até ao fim de qualquer suspeita, ao invés de procurar condicionar o trabalho da justiça com a tese da campanha negra e da perseguição;
- é curioso que para qualquer cidadão as provas testemunhais sejam peças importantes da sua acusação, mas quando se referem a Sócrates são sempre calúnias, lapsos, faltas de memória, confusões ou invocações abusivas;
- é mentira que a justiça tenha ilibado Sócrates, porque, ao contrário do que seria a vontade dos procuradores do MP, nem sequer nunca o investigou, como lhe competia ter feito.
Demitir-se era o mínimo de dignidade que se esperaria do Dr. Pinto Monteiro.


Sempre que o PGR, Dr. Pinto Monteiro, transporta para a praça pública os problemas e as disfunções do Ministério Público [MP], a credibilidade da estrutura que dirige vai-se desvanecendo aos olhos dos portugueses de boa fé, ou seja, daqueles que tinham a expectativa de ver todos os cidadãos tratados de igual forma pela justiça, que não, propriamente, daqueles que o primeiro-ministro invoca, vulgo néscios que pactuam com o proteccionismo e a intocabilidade de que Sócrates tem usufruído por parte da justiça portuguesa.
É preciso uma grande lata para vir acusar, em entrevista ao DN, o Sindicato dos Magistrados do MP de "pequeno partido político", quando os cidadãos têm a percepção de uma agenda política permanente por parte da cúpula do MP (Drs. Pinto Monteiro e Cândida Almeida), na forma como têm poupado Sócrates à investigação judicial, desde o caso "Freeport" até à recusa na disponibilização dos despachos relativos às escutas no caso "Face Oculta", com implicações no caso "PT/TVI".
Só a simulação de incomensurável estupidez de alguns comentadores e opinadores da nossa comunicação social não lhes tem permitido enxergar que o acto corajoso dos Procuradores que investigaram o caso "Freeport", ao incluírem as questões que deveriam ter sido colocadas a Sócrates e ao seu clone político, Silva Pereira, carrega consigo uma preocupante mensagem simbólica que nos remete para a existência de entropias e condicionalismos ao mais alto nível na investigação total e completa deste caso (como o próprio advogado de Lopes da Mota havia sugerido). Mas, os cidadãos esclarecidos não são os totós que muito jornalismo de encomenda pretende que sejam.
E para aqueles que tanto se escandalizam com o envolvimento de Sócrates no caso "Freeport" recordo, apenas, alguns factos iniludíveis:
- o envolvimento de Sócrates no caso "Freeport" não partiu de denúncias anónimas (a tal perseguição política e o móbil que dá sempre jeito invocar da campanha negra), mas dos próprios envolvidos, como Charles Smith ou o primo e o tio do primeiro-ministro;
- não restam dúvidas que este caso envolveu quantias avultadas de dinheiro, movimentações em contas de suspeitos, verbas não declaradas, sem que daqui tenha resultado qualquer investigação adicional ou consequências sancionatórias;
- a obrigação ética de um primeiro-ministro era, perante insinuações ou acusações deste tipo, colocar-se totalmente à disposição da justiça, abrindo de forma transparente a sua vida e exigindo a clarificação cabal e até ao fim de qualquer suspeita, ao invés de procurar condicionar o trabalho da justiça com a tese da campanha negra e da perseguição;
- é curioso que para qualquer cidadão as provas testemunhais sejam peças importantes da sua acusação, mas quando se referem a Sócrates são sempre calúnias, lapsos, faltas de memória, confusões ou invocações abusivas;
- é mentira que a justiça tenha ilibado Sócrates, porque, ao contrário do que seria a vontade dos procuradores do MP, nem sequer nunca o investigou, como lhe competia ter feito.
Demitir-se era o mínimo de dignidade que se esperaria do Dr. Pinto Monteiro.

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