Octávio V Gonçalves: Solidariedade com a ala monárquica do 31 da Armada

03-08-2010
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Não sou monárquico, pela elementar razão de defender que qualquer cidadão deve gozar, por lei, das mesmas prerrogativas e oportunidades de acesso ao exercício do poder político, mesmo que tal signifique correr-se o risco (que na monarquia também não está salvaguardado) de, por vezes, nos vermos constrangidos a carregar com governantes de predicados insuportavelmente medíocres, prepotentes e pouco dados à probidade política, como ocorre com Sócrates.Mas também é verdade que me exasperam as ameaças legalistas e penalistas que se vão por aí brandindo a propósito do acto subversivo de substituição temporária da bandeira republicana pela bandeira monárquica na emblemática varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa, alegadamente levado a cabo por um grupo de indivíduos ligados ao blogue 31 da Armada.Os dispositivos da ameaça e da indução do medo já se agitam na comunicação social a pretexto do crime de profanação de símbolo nacional, apontando-se para o limite de dois anos de prisão para os transgressores.Num país em que muitos marginais que atentam contra a ordem e a tranquilidade públicas e ameaçam a vida e o património das pessoas andam à solta, a rapidez com que se pretende dar a ideia de retaliação destes actos simbólicos que interferem com os princípios organizativos da “quinta política” é bem o sintoma da fragilidade racional e da fraqueza moral em que, muitas vezes, assentam as nossas convicções políticas, sempre predispostas a banir a diferença pela força do “direito”, princípio de actuação que só vale em determinadas circunstâncias. Pois, convém não fazermos profissão de ignorância sobre as condições subversivas e violadoras da lei que deram corpo ao acto fundacional da República.É, neste âmbito específico, que manifesto aqui a minha total solidariedade aos elementos que concretizaram o acto, ainda por cima tratando-se de uma acção meramente simbólica de rebeldia ideológica, sem consequências políticas e sociais, esperando que a Justiça canalize os seus meios e oriente a sua motivação para os casos e as situações que minam, verdadeiramente, a credibilidade da República, como a corrupção e as decisões políticas levianas e/ou de favor que, essas sim, comprometem, irresponsavelmente, a vida das pessoas e a viabilidade futura do país (agravando o endividamento dos portugueses e arruinando o sentido de decência e moralidade públicas), e que, regra geral, tendem a gozar de uma indigna impunidade.


Não sou monárquico, pela elementar razão de defender que qualquer cidadão deve gozar, por lei, das mesmas prerrogativas e oportunidades de acesso ao exercício do poder político, mesmo que tal signifique correr-se o risco (que na monarquia também não está salvaguardado) de, por vezes, nos vermos constrangidos a carregar com governantes de predicados insuportavelmente medíocres, prepotentes e pouco dados à probidade política, como ocorre com Sócrates.Mas também é verdade que me exasperam as ameaças legalistas e penalistas que se vão por aí brandindo a propósito do acto subversivo de substituição temporária da bandeira republicana pela bandeira monárquica na emblemática varanda do edifício da Câmara Municipal de Lisboa, alegadamente levado a cabo por um grupo de indivíduos ligados ao blogue 31 da Armada.Os dispositivos da ameaça e da indução do medo já se agitam na comunicação social a pretexto do crime de profanação de símbolo nacional, apontando-se para o limite de dois anos de prisão para os transgressores.Num país em que muitos marginais que atentam contra a ordem e a tranquilidade públicas e ameaçam a vida e o património das pessoas andam à solta, a rapidez com que se pretende dar a ideia de retaliação destes actos simbólicos que interferem com os princípios organizativos da “quinta política” é bem o sintoma da fragilidade racional e da fraqueza moral em que, muitas vezes, assentam as nossas convicções políticas, sempre predispostas a banir a diferença pela força do “direito”, princípio de actuação que só vale em determinadas circunstâncias. Pois, convém não fazermos profissão de ignorância sobre as condições subversivas e violadoras da lei que deram corpo ao acto fundacional da República.É, neste âmbito específico, que manifesto aqui a minha total solidariedade aos elementos que concretizaram o acto, ainda por cima tratando-se de uma acção meramente simbólica de rebeldia ideológica, sem consequências políticas e sociais, esperando que a Justiça canalize os seus meios e oriente a sua motivação para os casos e as situações que minam, verdadeiramente, a credibilidade da República, como a corrupção e as decisões políticas levianas e/ou de favor que, essas sim, comprometem, irresponsavelmente, a vida das pessoas e a viabilidade futura do país (agravando o endividamento dos portugueses e arruinando o sentido de decência e moralidade públicas), e que, regra geral, tendem a gozar de uma indigna impunidade.

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