Octávio V Gonçalves: O PS lança Canas e acaba a apanhar foguetes

03-08-2010
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Na sequência da infeliz decisão dos militantes do PSD de silenciarem as críticas públicas às linhas de orientação estratégica da direcção partidária num período de 60 dias antes de um acto eleitoral, influenciados por um Santana Lopes que necessita, urgentemente, de ultrapassar os traumas e as fixações da sua infância política, o PS lançou Vitalino Canas (já saudoso) a fazer acusações de estalinismo e de asfixia democrática à norma aprovada no congresso do PSD, como jogada desesperada para desviar as atenções de uma tentativa (felizmente, falhada) de domesticação pró-socrática da comunicação social - a grande rolha socrática.
O libelo acusatório de Canas era já de si caricato, pois remetia para uma espécie de roto que procura passar disfarçado ao apontar o dedo ao remendado.
Mas, acontece que o próprio PS tem nos seus estatutos algo muito semelhante à rolha laranja (como o PCP e o CDS/PP também têm), a que falta apenas o pormenor das balizas temporais. Como tal, o PS lançou precipitadamente Canas, mas também possui os seus foguetes a rebentarem-lhes nas mãos, como a generalidade dos outros partidos.
Passar a ideia de que no PS se respira liberdade de expressão e de contestação à linha estratégica definida por Sócrates, sem que tal signifique sanções/penalizações políticas reais - perdas de lugares de deputado, ostracização política ou exílios (mesmo que dourados), corresponde a um acto falhado da mesma dimensão psicanalítica que as regressões onírico-políticas de Santana. São conhecidas as reacções de Lello e quejandos às dissidências de Manuel Alegre, a penalização fáctica a que foram sujeitos os deputados que votaram a favor da suspensão do modelo de avaliação do desempenho dos professores - não integrando as listas do PS às legislativas de 2009, o carreirismo que Sócrates imprimiu ao partido, o exílio de João Cravinho, etc.
Evidentemente que a lealdade e a solidariedade políticas em momento de combate eleitoral (não apenas Cavaco Silva, Pacheco Pereira, Manuela Ferreira Leite ou Luís Filipe Menezes, mas também Passos Coelho na campanha para as europeias em relação a Paulo Rangel) são valores a cultivar nos partidos, sobretudo não fazendo em momentos eleitorais o jogo dos adversários políticos, mas isto, obviamente, não pode ser conseguido à custa da liberdade de opinião e expressão, ou seja, à bomba.


Na sequência da infeliz decisão dos militantes do PSD de silenciarem as críticas públicas às linhas de orientação estratégica da direcção partidária num período de 60 dias antes de um acto eleitoral, influenciados por um Santana Lopes que necessita, urgentemente, de ultrapassar os traumas e as fixações da sua infância política, o PS lançou Vitalino Canas (já saudoso) a fazer acusações de estalinismo e de asfixia democrática à norma aprovada no congresso do PSD, como jogada desesperada para desviar as atenções de uma tentativa (felizmente, falhada) de domesticação pró-socrática da comunicação social - a grande rolha socrática.
O libelo acusatório de Canas era já de si caricato, pois remetia para uma espécie de roto que procura passar disfarçado ao apontar o dedo ao remendado.
Mas, acontece que o próprio PS tem nos seus estatutos algo muito semelhante à rolha laranja (como o PCP e o CDS/PP também têm), a que falta apenas o pormenor das balizas temporais. Como tal, o PS lançou precipitadamente Canas, mas também possui os seus foguetes a rebentarem-lhes nas mãos, como a generalidade dos outros partidos.
Passar a ideia de que no PS se respira liberdade de expressão e de contestação à linha estratégica definida por Sócrates, sem que tal signifique sanções/penalizações políticas reais - perdas de lugares de deputado, ostracização política ou exílios (mesmo que dourados), corresponde a um acto falhado da mesma dimensão psicanalítica que as regressões onírico-políticas de Santana. São conhecidas as reacções de Lello e quejandos às dissidências de Manuel Alegre, a penalização fáctica a que foram sujeitos os deputados que votaram a favor da suspensão do modelo de avaliação do desempenho dos professores - não integrando as listas do PS às legislativas de 2009, o carreirismo que Sócrates imprimiu ao partido, o exílio de João Cravinho, etc.
Evidentemente que a lealdade e a solidariedade políticas em momento de combate eleitoral (não apenas Cavaco Silva, Pacheco Pereira, Manuela Ferreira Leite ou Luís Filipe Menezes, mas também Passos Coelho na campanha para as europeias em relação a Paulo Rangel) são valores a cultivar nos partidos, sobretudo não fazendo em momentos eleitorais o jogo dos adversários políticos, mas isto, obviamente, não pode ser conseguido à custa da liberdade de opinião e expressão, ou seja, à bomba.

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