XimPi

27-12-2009
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PSP : agentes em tribunalSuspeitos de assaltos e extorsão* Carlos TomásAs investigações às actividades dos agentes da PSP já duravam há vários meses e foram desencadeadas por ordem da directora da inspecção de Setúbal da Judiciária, Maria Alice. Os indivíduos são suspeitos de fortes ligações às casas de diversão nocturna, locais onde faziam segurança, chegando mesmo, segundo informações do Ministério Público, a extorquir dinheiro a empresários, funcionários daquelas casas, imigrantes ilegais. Num dos casos terão mesmo sequestrado um traficante de droga que só foi posto em liberdade em troca de uma avultada quantia monetária. A detenção dos dois agentes provocou, no entanto, uma verdadeira guerra surda entre a PJ e a PSP, apesar de oficialmente ninguém o admitir. A verdade, porém, é que existe um profundo mal-estar entre os efectivos do Comando de Setúbal da PSP, da inspecção de Setúbal da PJ e na própria Direcção Nacional da Polícia. É que um dos agentes detidos, de nome Matos, com 36 anos e 16 de polícia, trabalhava na área dos furtos, burlas e roubos. Terá interceptado uma carrinha carregada de droga há cerca de um mês e foi confrontado com dois agentes da PJ que lhe disseram estar tudo bem e que estavam a trabalhar como infiltrados. O caso ocorreu em Maio, mas o agente suspeitou das verdadeiras intenções dos inspectores e prosseguiu as investigações até ser preso. Além disso, quer os agentes da PSP quer os da PJ estranham o facto de que, tratando-se de uma investigação que teve início em Setúbal, tenha sido a Direcção Central de Combate ao Banditismo a efectuar as detenções e que a PSP só ontem tenha sido informada da situação. Porém, em comunicado, aquela força policial diz “que prestou toda a colaboração à PJ em buscas e revistas que tiveram lugar”. “Trata-se de uma grande coincidência. Tanto o Matos como o Freire eram pessoas espectaculares. Não sei se faziam segurança ilegal a bares nocturnos, mas no serviço eram excelentes. A investigação do Matos e a prisão são uma grande coincidência”, desabafou um elemento do Grupo de Operações Especiais da PSP. Além dos crimes de extorsão, furto roubo e favorecimento pessoal – avisavam os estabelecimentos de operações policiais de combate à imigração ilegal –, o Ministério Público suspeita ainda que os dois indivíduos poderão ter ligações ao tráfico de armas e à venda de anfetaminas. Os polícias detidos têm um percurso sem mácula na instituição que servem e são responsáveis por inúmeras detenções de criminosos. Um estava a exercer funções nas Brigadas de Investigação Criminal que a PSP tem a funcionar em Pegões, após ter passado pelo GOE, enquanto o outro trabalhava nos serviços de apoio daquela unidade especial (manutenção de meios). GUERRA ENTRE GANGS DO MUNDO DA NOITE Está instalada uma verdadeira guerra no mundo da noite, com vários gangs a tentarem controlar o negócio da imigração ilegal, a colocação de strippers e de seguranças em bares de diversão nocturna, bem como a área das denominadas alternadeiras, sendo que algumas acabam mesmo por se prostituir. A batalha em causa, segundo revelou um responsável do Ministério Público contactado pelo Correio da Manhã, envolve um bando conhecido como ‘aperta ao papo’, do qual fazem parte, entre outros indivíduos já constituídos arguidos no conhecido processo Passerelle, o empresário Vítor Trindade e o ex-agente da PSP Alfredo Morais, sendo que existem fortes indícios de que este último, actualmente em prisão domiciliária, continua a controlar uma vasta rede de angariação e exploração de mulheres e de seguranças. As autoridades têm também na sua posse fortes indícios de que neste meio existe um intenso negócio de tráfico de droga. Aquando da detenção deste gang, rapidamente outros grupos, nomeadamente da Margem Sul, tentaram tomar conta da segurança e da colocação de mulheres em alguns dos estabelecimentos de diversão nocturna da Grande Lisboa. Segundo fonte judicial, um desses grupos seria liderado pelos dois agentes da PSP agora detidos no Barreiro, sendo que também existem fortes suspeitas de ligações destes elementos à venda ilegal de armas, muitas delas introduzidas no País por militares e polícias que participaram em missões no estrangeiro, como, por exemplo, na Bósnia e no Iraque. ESTRANHAS MORTES E ARMAS ENTERRADAS Dois elementos do Grupo de Operações Especiais da PSP morreram em circunstâncias estranhas nos últimos dois anos. Ambos tinham ligações com os polícias anteontem detidos na Amadora e também com Alfredo Morais, o alegado rei da noite. Um dos indivíduos era chefe naquela força policial e o outro um simples agente. Num dos casos as autoridades concluíram que tinha sido um acidente de viação ocorrido precisamente no local onde morreu Francisco Adam, conhecido actor da telenovela ‘Morangos com Açúcar’. O outro caso foi considerado suicídio. Em nenhum dos casos se realizou a autópsia, embora seja obrigatória por lei no caso do acidente. Segundo fontes policiais, a viatura onde seguia a vítima do referido acidente estava repleta de armas, que foram retiradas do local por ordem de um alto responsável da PSP. Apenas foi encontrada uma arma de guerra que tinha sido roubada do GOE. CORRUPÇÃO NAS ARMAS No início de 2006 vários polícias e funcionários civis do Departamento de Armas e Explosivos da PSP foram detidos por alegada corrupção. POLÍCIA FAZIA ASSALTOS Em 2002, um polícia foi detido por populares após ter assaltado uma mulher que levantava dinheiro numa caixa multibanco da Amadora. SAIBA MAIS - 200 São os elementos do Grupo de Operações Especiais da PSP, que se encontra instalado na Quinta das Águas Livres, em Belas, concelho de Sintra. - 6 Foram os efectivos dos serviços prisionais que ontem escoltaram os dois elementos da PSP ao Tribunal de Setúbal, onde entraram às 09h30 e permaneceram o dia todo. - 3 É o número de unidades especiais de que a PSP dispõe e que estão sob a tutela do respectivo director nacional, o procurador-geral adjunto Orlando Romano. Tratam-se do Corpo de Intervenção, do Grupo de Operações Especiais e do Corpo de Segurança Pessoal. ARTES MARCIAIS Os elementos agora detidos, bem como outros polícias ligados a casos semelhantes envolvendo grupos com ligações aos negócios da noite, têm uma particularidade: todos são especialistas em artes marciais e adeptos fanáticos de ginásio de culturismo. TREINO PROIBIDO A perícia em armas dos elementos do GOE levou-os a fazer uma demonstração ao antigo ministro Jorge Coelho de fogo cruzado. Era feito com balas reais e era a única força policial no Mundo que o realizava. Foi proibido. NOTAS SURPRESA NA ESQUADRA A detenção dos agentes da PSP, ocorrida na zona do Barreiro, surpreendeu todos os colegas do comando local, onde eram tidos como bons profissionais. JUDICIÁRIA SILENCIOSA A PJ não teceu qualquer comentário sobre o caso. Foram várias as solicitações ao Gabinete de Imprensa. Mas a resposta foi o silêncio. JUIZ DECIDE-SE PELA PRISÃO PREVENTIVA Após o término do interrogatório, o juiz encarregue do caso decretou como medida de coacção a prisão preventiva para os dois elementos. Será no Estabelecimento Prisional de Santarém que os agentes da PSP aguardarão julgamento.in Correio da Manhã 2007.07.06Foto Ricardo Cabral


PSP : agentes em tribunalSuspeitos de assaltos e extorsão* Carlos TomásAs investigações às actividades dos agentes da PSP já duravam há vários meses e foram desencadeadas por ordem da directora da inspecção de Setúbal da Judiciária, Maria Alice. Os indivíduos são suspeitos de fortes ligações às casas de diversão nocturna, locais onde faziam segurança, chegando mesmo, segundo informações do Ministério Público, a extorquir dinheiro a empresários, funcionários daquelas casas, imigrantes ilegais. Num dos casos terão mesmo sequestrado um traficante de droga que só foi posto em liberdade em troca de uma avultada quantia monetária. A detenção dos dois agentes provocou, no entanto, uma verdadeira guerra surda entre a PJ e a PSP, apesar de oficialmente ninguém o admitir. A verdade, porém, é que existe um profundo mal-estar entre os efectivos do Comando de Setúbal da PSP, da inspecção de Setúbal da PJ e na própria Direcção Nacional da Polícia. É que um dos agentes detidos, de nome Matos, com 36 anos e 16 de polícia, trabalhava na área dos furtos, burlas e roubos. Terá interceptado uma carrinha carregada de droga há cerca de um mês e foi confrontado com dois agentes da PJ que lhe disseram estar tudo bem e que estavam a trabalhar como infiltrados. O caso ocorreu em Maio, mas o agente suspeitou das verdadeiras intenções dos inspectores e prosseguiu as investigações até ser preso. Além disso, quer os agentes da PSP quer os da PJ estranham o facto de que, tratando-se de uma investigação que teve início em Setúbal, tenha sido a Direcção Central de Combate ao Banditismo a efectuar as detenções e que a PSP só ontem tenha sido informada da situação. Porém, em comunicado, aquela força policial diz “que prestou toda a colaboração à PJ em buscas e revistas que tiveram lugar”. “Trata-se de uma grande coincidência. Tanto o Matos como o Freire eram pessoas espectaculares. Não sei se faziam segurança ilegal a bares nocturnos, mas no serviço eram excelentes. A investigação do Matos e a prisão são uma grande coincidência”, desabafou um elemento do Grupo de Operações Especiais da PSP. Além dos crimes de extorsão, furto roubo e favorecimento pessoal – avisavam os estabelecimentos de operações policiais de combate à imigração ilegal –, o Ministério Público suspeita ainda que os dois indivíduos poderão ter ligações ao tráfico de armas e à venda de anfetaminas. Os polícias detidos têm um percurso sem mácula na instituição que servem e são responsáveis por inúmeras detenções de criminosos. Um estava a exercer funções nas Brigadas de Investigação Criminal que a PSP tem a funcionar em Pegões, após ter passado pelo GOE, enquanto o outro trabalhava nos serviços de apoio daquela unidade especial (manutenção de meios). GUERRA ENTRE GANGS DO MUNDO DA NOITE Está instalada uma verdadeira guerra no mundo da noite, com vários gangs a tentarem controlar o negócio da imigração ilegal, a colocação de strippers e de seguranças em bares de diversão nocturna, bem como a área das denominadas alternadeiras, sendo que algumas acabam mesmo por se prostituir. A batalha em causa, segundo revelou um responsável do Ministério Público contactado pelo Correio da Manhã, envolve um bando conhecido como ‘aperta ao papo’, do qual fazem parte, entre outros indivíduos já constituídos arguidos no conhecido processo Passerelle, o empresário Vítor Trindade e o ex-agente da PSP Alfredo Morais, sendo que existem fortes indícios de que este último, actualmente em prisão domiciliária, continua a controlar uma vasta rede de angariação e exploração de mulheres e de seguranças. As autoridades têm também na sua posse fortes indícios de que neste meio existe um intenso negócio de tráfico de droga. Aquando da detenção deste gang, rapidamente outros grupos, nomeadamente da Margem Sul, tentaram tomar conta da segurança e da colocação de mulheres em alguns dos estabelecimentos de diversão nocturna da Grande Lisboa. Segundo fonte judicial, um desses grupos seria liderado pelos dois agentes da PSP agora detidos no Barreiro, sendo que também existem fortes suspeitas de ligações destes elementos à venda ilegal de armas, muitas delas introduzidas no País por militares e polícias que participaram em missões no estrangeiro, como, por exemplo, na Bósnia e no Iraque. ESTRANHAS MORTES E ARMAS ENTERRADAS Dois elementos do Grupo de Operações Especiais da PSP morreram em circunstâncias estranhas nos últimos dois anos. Ambos tinham ligações com os polícias anteontem detidos na Amadora e também com Alfredo Morais, o alegado rei da noite. Um dos indivíduos era chefe naquela força policial e o outro um simples agente. Num dos casos as autoridades concluíram que tinha sido um acidente de viação ocorrido precisamente no local onde morreu Francisco Adam, conhecido actor da telenovela ‘Morangos com Açúcar’. O outro caso foi considerado suicídio. Em nenhum dos casos se realizou a autópsia, embora seja obrigatória por lei no caso do acidente. Segundo fontes policiais, a viatura onde seguia a vítima do referido acidente estava repleta de armas, que foram retiradas do local por ordem de um alto responsável da PSP. Apenas foi encontrada uma arma de guerra que tinha sido roubada do GOE. CORRUPÇÃO NAS ARMAS No início de 2006 vários polícias e funcionários civis do Departamento de Armas e Explosivos da PSP foram detidos por alegada corrupção. POLÍCIA FAZIA ASSALTOS Em 2002, um polícia foi detido por populares após ter assaltado uma mulher que levantava dinheiro numa caixa multibanco da Amadora. SAIBA MAIS - 200 São os elementos do Grupo de Operações Especiais da PSP, que se encontra instalado na Quinta das Águas Livres, em Belas, concelho de Sintra. - 6 Foram os efectivos dos serviços prisionais que ontem escoltaram os dois elementos da PSP ao Tribunal de Setúbal, onde entraram às 09h30 e permaneceram o dia todo. - 3 É o número de unidades especiais de que a PSP dispõe e que estão sob a tutela do respectivo director nacional, o procurador-geral adjunto Orlando Romano. Tratam-se do Corpo de Intervenção, do Grupo de Operações Especiais e do Corpo de Segurança Pessoal. ARTES MARCIAIS Os elementos agora detidos, bem como outros polícias ligados a casos semelhantes envolvendo grupos com ligações aos negócios da noite, têm uma particularidade: todos são especialistas em artes marciais e adeptos fanáticos de ginásio de culturismo. TREINO PROIBIDO A perícia em armas dos elementos do GOE levou-os a fazer uma demonstração ao antigo ministro Jorge Coelho de fogo cruzado. Era feito com balas reais e era a única força policial no Mundo que o realizava. Foi proibido. NOTAS SURPRESA NA ESQUADRA A detenção dos agentes da PSP, ocorrida na zona do Barreiro, surpreendeu todos os colegas do comando local, onde eram tidos como bons profissionais. JUDICIÁRIA SILENCIOSA A PJ não teceu qualquer comentário sobre o caso. Foram várias as solicitações ao Gabinete de Imprensa. Mas a resposta foi o silêncio. JUIZ DECIDE-SE PELA PRISÃO PREVENTIVA Após o término do interrogatório, o juiz encarregue do caso decretou como medida de coacção a prisão preventiva para os dois elementos. Será no Estabelecimento Prisional de Santarém que os agentes da PSP aguardarão julgamento.in Correio da Manhã 2007.07.06Foto Ricardo Cabral

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